Brasil
Celso Amorim ressalta liderança de Lula no cenário internacional e diz que Brasil é 'sul global'

O assessor especial da presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, ressaltou em entrevista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um ator importante no cenário internacional; ele também fez um balanço da situação mundial, que passa por 'uma das maiores transformações estruturais da história recente'.
Amorim confirmou à Folha de S. Paulo em um trecho da entrevista publicada neste domingo (23) que o presidente Lula vai à China e à Rússia em maio, onde encontrará com Xi Jinping e Vladimir Putin. Segundo o ex-chanceler brasileiro este movimento não significa que "a gente quer brigar com os EUA", mas mostra que o Brasil não está subordinado e mostra que o Brasil "é sul global".
Em outra parte da entrevista, publicado anteriormente, o assessor especial da presidência pontuou que um dos grandes desafios do Brasil, atualmente, "é não ser colônia de ninguém".
A volta de Donald Trump à Casa Branca também foi comentada, tanto o impacto geral no tabuleiro geopolítico quanto nas relações direta com o Brasil, como no caso das tarifas.
Amorim comentou que o governo norte-americano está atento à outras questões, mas com as taxações em voga, Brasil e EUA terão que conversar, mas defendeu a adoção de medidas de reciprocidade.
"Você não pode dar um tiro no pé, colocar taxa em um produto essencial para o país, como o carvão siderúrgico, por exemplo. Mas há áreas no setor de serviços, de propriedade intelectual, de remessa de lucros, que, se o Brasil morder, eles vão pensar duas vezes antes de botar tarifa contra nós", disse.
'Trump respeita o poder' e 'Bolsonaro ficou pequeno diante das grandes questões do mundo'
Na visão de Amorim as questões ideológicas abraçadas pelo bolsonarismo podem ficar esvaziadas, uma vez que "Trump respeita o poder".
"Ele acaba de dizer que gosta do Putin. E pode até não gostar, mas ele respeita o Putin. Respeita o Xi Jinping. Agora, se ficar lá querendo adular, como o Zelensky e alguns europeus, ele não respeita", argumentou durante a entrevista à Folha.
O diplomata também avalia que o atual governo Trump não esconde o autointeresse. Portanto, a mediação para tentar chegar à uma solução de paz no conflito na Ucrânia não acontece porque o presidente norte-americano "é bonzinho". Ou seja, nesta nova roupagem, os EUA saem, na visão de Amorim, de um país que declarava publicamente defender a Ucrânia em nome da democracia no mundo para um Trump que vai "defender os interesses dos EUA de maneira deslavada".
"Eu acho que o Trump olha para a extensão imensa da Rússia, um país que tem 12 fusos horários, e imagina as possibilidades de investimento. Não quer ficar totalmente brigado com a Rússia", analisa.
Toda essa mudança, segundo Amorim, necessita de uma reorganização. Na visão dele, o sul global vem se fortalecendo, já a Europa está desorientada.
"Eles se acostumaram a viver sob o guarda-chuva americano moral, militar e econômico. Quando de repente chega um presidente americano e diz 'eu vou cuidar do meu interesse, vocês que se virem', eles ficam totalmente perplexos, impactados", ressaltou Amorim na entrevista à Folha.
Para Amorim, a reinvenção da Europa diante da postura dos EUA passa pela libertação da obsessão de que será invadida pela Rússia. "Quando eu vejo dizerem que a Rússia tem um DNA expansionista, eu penso: foi Napoleão que invadiu a Rússia, ou foi o contrário?", questiona.
Sobre Bolsonaro, o ex-chanceler acredita que ele "ficou pequeno diante das questões do mundo de hoje". Para ele, "um governo de extrema-direita no Brasil era importante. Hoje é um pouco diferente". Já em relação às big techs, ele classifica como um jogo complexo, mas que o Brasil não abrirá mão da sua soberania. "Se quiserem atuar aqui, têm que ser de acordo com as nossas regras, que não são arbitrárias. São para todos, são para proteger os cidadãos".
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