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Advogado inclui receita de pamonha em petição judicial para provar que juiz não lê os autos com atenção

Em um protesto inusitado e provocativo, um advogado — que teve sua identidade preservada — inseriu uma receita completa de pamonha em uma petição judicial para denunciar o que considera um grave problema no Judiciário: a falta de leitura atenta das petições por parte de alguns magistrados.
O episódio, que ocorreu em Brasília, rapidamente repercutiu na comunidade jurídica e nas redes sociais, suscitando um intenso debate sobre o respeito entre advogados e juízes, e a qualidade da prestação jurisdicional.
“Se somos tratados como pamonhas...”
No texto, o advogado inicia com um desabafo direto e contundente:
“Senhores julgadores, espero que entendam o que faço nestas pequenas linhas, e que não seja punido por tal ato de rebeldia, mas há tempos os advogados vêm sendo desrespeitados pelos magistrados, que sequer se dão ao trabalho de analisar os pleitos que apresentamos. Nossas petições nunca são lidas com a atenção necessária. A maior prova disso será demonstrada agora, pois se somos tratados como pamonhas, nada mais justo do que trazer aos autos a receita desta tão famosa iguaria.”
Em seguida, o advogado transcreve, passo a passo, a preparação da pamonha, mencionando ingredientes e detalhes técnicos do preparo, como se estivesse redigindo uma petição de mérito:
“Rale as espigas ou corte-as rente ao sabugo e passe no liquidificador, juntamente com a água, acrescente o coco, o açúcar e mexa bem... Cozinhe por mais ou menos 40 minutos, retirando as pamonhas com o auxílio de uma escumadeira.”
Juiz não percebe a “pamonha jurídica”
A estratégia funcionou: o magistrado responsável pela análise do processo sequer mencionou ou percebeu o trecho inusitado, passando diretamente para o despacho sem qualquer observação sobre a presença da receita culinária no corpo do texto jurídico.
O silêncio judicial diante da evidente provocação reforçou a crítica do advogado, que buscava exatamente evidenciar a ausência de leitura minuciosa — algo que, segundo ele, desrespeita o trabalho técnico e argumentativo desenvolvido por quem atua na defesa dos direitos das partes.
Repercussão no meio jurídico
O caso reacendeu discussões dentro da comunidade jurídica sobre a valorização da advocacia, o papel dos magistrados na análise dos autos e a necessidade de maior diálogo institucional entre os operadores do direito.
Enquanto alguns classificaram o ato como “irreverente, mas legítimo” e “um grito simbólico contra a burocratização do Judiciário”, outros alertaram que a estratégia pode ser interpretada como ato atentatório à dignidade da justiça, ainda que carregado de crítica social.
De toda forma, o episódio evidencia um problema recorrente no sistema judicial brasileiro: a morosidade, a sobrecarga e, muitas vezes, o distanciamento entre o julgador e a realidade dos processos que chegam às varas e tribunais.
“Quem lê, entendeu a mensagem”
O advogado encerra a petição com a ironia que a situação exige, mas deixa no ar uma reflexão contundente sobre o sistema: se até a receita de pamonha pode passar despercebida por um juiz, quantos outros argumentos jurídicos relevantes também não estão sendo ignorados nos processos?
Enquanto isso, a pamonha jurídica segue fervendo — agora, também, nos debates sobre ética, forma e fundo no exercício da advocacia e no compromisso da magistratura.

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