Política
Arthur Lira adota cautela sobre apoio do PP nas eleições de 2026: Lula ou Bolsonaro?

Após quatro anos no comando da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) encerrou oficialmente sua gestão à frente da Casa há uma semana, no dia primeiro de fevereiro. Nome de peso no Centrão e figura central na articulação política do Congresso Nacional durante os governos Bolsonaro e Lula, Lira agora se posiciona como um dos principais estrategistas do Partido Progressistas (PP) para as eleições de 2026.
Em entrevista concedida à imprensa ao deixar o cargo, o deputado abordou a questão da sucessão presidencial e a indefinição do PP sobre quem apoiar na próxima corrida ao Planalto. Ao ser questionado se defende o alinhamento da sigla à reeleição de Lula, Lira respondeu de maneira cautelosa, ressaltando a complexidade do momento político e as incertezas que ainda cercam o pleito de 2026.
Lula e Bolsonaro: Um Cenário de Exclusividade?
"Hoje temos Lula e Bolsonaro como únicos candidatos da esquerda e da direita, é assim que vemos", afirmou Lira, demonstrando a visão pragmática que tem norteado sua trajetória política. A declaração reforça a percepção de que, apesar do surgimento de novos nomes no tabuleiro eleitoral, a polarização ainda segue ditando os rumos da política nacional.
A afirmação, no entanto, não significa que Lira acredite em uma disputa tradicional entre os dois ex-presidentes. Ele chamou atenção para as incertezas jurídicas que rondam Jair Bolsonaro (PL), comparando sua inelegibilidade à prisão de Lula em 2018.
"Bolsonaro está tão inelegível quanto Lula esteve preso em 2018", pontuou, numa crítica velada ao sistema jurídico brasileiro e suas brechas interpretativas.
A Constituição e as brechas da inelegibilidade
A observação do deputado alagoano sobre o ex-presidente Bolsonaro coloca em evidência um tema recorrente no debate eleitoral: a flexibilidade da legislação brasileira em relação à elegibilidade de candidatos. “A nossa Constituição traz brechas para isso”, afirmou Lira, sugerindo que as decisões sobre quem pode ou não disputar as eleições são, muitas vezes, passíveis de interpretações políticas e jurídicas.
A analogia feita por Lira entre a prisão de Lula em 2018 e a inelegibilidade de Bolsonaro em 2023 coloca luz sobre um aspecto delicado do processo eleitoral brasileiro: a possibilidade de reviravoltas jurídicas que, dependendo do contexto, podem devolver a elegibilidade a candidatos em situações desfavoráveis.
Esse cenário mantém o bolsonarismo em alerta. A direita busca alternativas para o caso de Bolsonaro permanecer inelegível até 2026, enquanto aliados do ex-presidente apostam em uma reviravolta judicial para garantir sua participação na disputa.
PP ainda sem definição
Diante da pressão por um posicionamento, Arthur Lira deixou claro que o PP ainda não tem um caminho definido para as eleições presidenciais. “A decisão de apoiar um ou outro precisa ser muito amadurecida. Hoje, o PP não tem essa decisão clara de que iremos para cá ou para lá”, disse.
A postura do deputado reflete a tradição do partido em atuar de forma pragmática, privilegiando negociações estratégicas e mantendo sua margem de manobra para futuras alianças. Nos últimos anos, o PP teve participação ativa tanto nos governos de Bolsonaro quanto de Lula, garantindo espaço e influência na máquina pública.
Com a saída de Lira da presidência da Câmara, o partido entra em um momento de reavaliação. Se, de um lado, a aliança com Lula garantiu cargos importantes e a continuidade da relação com o Planalto, de outro, a base bolsonarista ainda exerce forte influência sobre parte dos quadros da sigla, especialmente no Congresso.
O futuro de Arthur Lira
Embora tenha deixado o cargo de presidente da Câmara, Arthur Lira não se afastará dos holofotes políticos. Ele segue como um dos articuladores mais influentes do Congresso e, segundo fontes internas, poderá almejar um papel ainda maior na sucessão presidencial de 2026, seja como fiador de uma candidatura de centro-direita ou até mesmo como protagonista em uma chapa majoritária.
Seja qual for o destino do PP na disputa presidencial, Lira já demonstrou que pretende continuar como peça-chave nas negociações políticas. Resta saber se, ao longo dos próximos meses, o partido manterá sua posição estratégica de indefinição ou se escolherá um lado antes que o jogo eleitoral de 2026 esteja definitivamente desenhado.
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