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Peço licença aos leitores, mas a crônica de hoje será o prefácio de meu novo romance MARINA BUTTERFLY.

MARINA BUTTERFLY (Prefácio)
Maurício Melo Júnior - Jornalista e escritor
Década de 1940. Vivia-se um conflito mundial, com a Alemanha nazista, dirigida por Hitler, ambicionando dominar a Europa. O Nordeste Brasileiro, por ser o ponto mais próximo entre a América e o Velho Mundo, servia de cobiça tanto para alemães quanto para norte-americanos. O ditador Getúlio Vargas, depois de muito hesitar, opta, enfim, por combater as chamadas Potências do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e apoiar a resistência liderada pelos Estados Unidos, Inglaterra e União Soviética.
Com o acordo um imenso contingente de militares americanos desembarcou no Nordeste. Embora o principal centro das operações fosse a Base Militar de Parnamirim, em Natal, no Rio Grande do Norte, essa gente se espalhou por toda costa nordestina. O efeito colateral foram os intensos namoros entre brasileiras e norte-americanos. Aliás, um fenômeno mundial, basta ver o tanto de brasilianos (filhos de soldados brasileiros com mães italianas) que ficou na Itália passada a guerra.
Já o encontro entre brasileiras e americanos resultou em literatura. São clássicos o conto Tangerine-Girl, de Rachel de Queiroz, e o poema Boletim Sentimental da Guerra no Recife, de Mauro Mota. “Meninas, tristes meninas, / de mão em mão hoje andais. / Sois autênticas heroínas / da guerra, sem ter rivais. / Lutastes na frente interna / com bravura e destemor. / À vitória aliada destes / o sangue do vosso amor.” O tema está presente também no romance A Porteira do Mundo, de Hermilo Borba Filho, onde o protagonista vê sua namorada se perder nos braços de um ianque.
O drama de tons eróticos volta às letras com o romance Marina Butterffly, de Carlito Lima. Provocado por Cássio Cavalcante, Carlito escreveu um conto inspirado na ópera Madame Butterffly, de Giacomo Puccini. O enredo é conhecido. No final do século XIX o tenente da marinha americana, B. F. Pinkerton, vai ao Japão em missão militar e se envolve com Cio-Cio-San. Terminada a missão, ele volta para a América deixando a amada grávida. Anos depois retorna para buscar o filho. A moça, revoltada e desiludida, termina por se matar.
Concluído o conto, Carlito viu que a tangerina ainda podia dar caldo, ou mais bagaço. Daí que no enredo que desenvolve se dá quase a mesma história. O tenente americano Pinkerton chega a Maceió para comandar uma base aérea e pilotar dirigíveis Blimp em patrulha na costa nordestina. Então se toma de amores por Marina, moça da elite alagoana, cantora e borboleta do Pastoril do Colégio Santíssimo Sacramento, onde estuda. As coincidências com a ópera praticamente terminam por aí, afinal estamos em Alagoas, onde as soluções são bem mais belicosas e passional que no Japão.
Carlito Lima é um romancista que nasce do cronista. Começou a carreira literária aos 60 anos contando suas aventuras como capitão do Exército. A partir de então desenvolveu todo um trabalho de cronista. Com Marina Butterffly, seu quinto romance, traça uma belíssima crônica da Maceió dos anos 1940, uma cidade pacata confraternizada em seus folguedos, suas frestas e nos sonhos pessoais de sua juventude. Marina forma com Nazaré e Francesca, também estudantes do Colégio Santíssimo Sacramento, um trio que, em suma, traduz um amplo panorama do que era viver em uma cidade forrada por preconceitos e tabus que pediam para serem quebrados.
Enfim, estamos diante do painel vivo de uma época. Carlito, observador arguto, nos conduz por becos que contornam a história oficial, nem sempre tão verdadeira quanto defendem seus praticantes. E é com prazer que podemos passear pelo cotidiano de um tempo de intensidades não tão ingênuas como posso estabelecer nossa vã imaginação. A prosa de Carlito é puro humor e picardia.
OBS – MARINA BUTTERFLY, MEU NOVO ROMANCE, SERÁ LANÇADO DIA 7 DE FEVEREIRO NA “CHOPARIA CAATINGA ROCKS”, MERCADO DA ARTE 31 – JARAGUÁ – MACEIÓ.
INFORMAÇÕES: 82.99690.9964.
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