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Desenterram restos de 350 pessoas no Porto e fatos sobre história portuguesa vêm à tona (FOTOS)

Desde o início do século XXI, na área de renovação da Biblioteca Pública Municipal do Porto, os arqueólogos desenterraram 274 corpos de um cemitério improvisado de 1832 que foi usado durante o Cerco do Porto e após um surto de cólera, relata o Porto Canal

28/01/2025
Desenterram restos de 350 pessoas no Porto e fatos sobre história portuguesa vêm à tona (FOTOS)
Foto: © Foto / BIBIOTECAS DO PORTO

É destacado que a Câmara do Porto (prefeitura) quis renovar a Biblioteca Pública Municipal que fica em uma das principais avenidas da cidade, porém, as escavações que estavam acontecendo até hoje pararam no tempo o processo de reconstrução do prédio e, mais de 20 anos depois, ele foi retomado.

O espaço municipal será renovado e ampliado e há equipas de arqueologia que estavam trabalhando lá desde setembro do ano passado para deixar os terrenos limpos de qualquer contexto histórico, recuperando o máximo de informação dos elementos que o compõem.

Vale notar que até agora, só na intervenção deste ano, já foram recuperados 61 corpos, "adultos e não adultos".

Então, o Porto Canal conta que a epidemia de cólera originou o cemitério no ano de 1833 depois de um decreto do rei da altura, D. Pedro IV, criar o cemitério face ao número elevado de mortes.

Um dos corpos desenterrado no Porto
Um dos corpos desenterrado no Porto
"[D. Pedro IV] teve como pressuposto a necessidade de solucionar uma calamidade", elaborou José Carvalho, arqueólogo e gestor dos trabalhos que estão em desenvolvimento no local.

A imprensa ressalta que, apesar do contexto de calamidade, o enterro dos corpos foi feito com o máximo cuidado. A extensão da preservação dos restos varia. Alguns deles estão danificados, porque há vários anos havia um estacionamento neste lugar.

"Não há valas comuns [...]. Temos indivíduos em caixão de madeira, temos outros que apenas são a mortalha. Nós encontramos os alfinetes, mas são todos colocados com cuidado com pronto, não há descuido nestes enterramentos", sublinhou Sofia Nogueira, a antropóloga que está a dirigir as escavações arqueológicas num terreno anexo à Biblioteca Pública.

Destaca-se que os arqueólogos disseram que entre os indivíduos adultos em que foi possível diagnosticar o sexo, há um equilíbrio entre o sexo feminino e o sexo masculino.

Além disso, graças ao grande número e diversidade de restos, os arqueólogos foram capazes de fazer novas descobertas interessantes.

Fachada principal da igreja do antigo convento de Santo António da Cidade.
Fachada principal da igreja do antigo convento de Santo António da Cidade.

Em um dos corpos, por exemplo, os arqueólogos recolheram botões de um fardamento em que se pode ler "The King" e um "G", que poderia tratar-se de uma associação ao rei George e, por consequência, desvendar que ali foram enterrados soldados ingleses.

Em adição, no local foram encontrados os elementos de uma igreja. O fato ainda não é totalmente confirmado, mas pela localização tudo indica que se trata de alicerces da estrutura do edificado religioso.

Por Sputinik Brasil