Cidades
Julio César imita ex-prefeito GG de Rio Largo e vira secretário de governo em Palmeira: ex-imperador institucionaliza o "laranjismo" na terra de Graciliano
Em um movimento que simboliza o poder político nas sombras, o ex-prefeito Júlio César da Silva, impedido de concorrer a um novo mandato por já ter cumprido dois mandatos consecutivos, foi nomeado secretário de governo de Palmeira dos Índios. A pasta foi especialmente criada para acomodá-lo por meio do Decreto nº 2.253/2025, assinado pela prefeita Luísa Júlia Duarte. A medida não apenas reforça a influência de Júlio César, mas também oficializa um modelo de gestão que os críticos chamam de "laranjismo".
Uma Secretaria sob medida
O decreto autonômo, à revelia da Câmara, publicado no dia 14 de janeiro, renomeia a antiga Secretaria Municipal de Serviços Públicos para Secretaria Municipal de Governo. Mais do que uma mudança de nomenclatura, a criação da pasta carrega um propósito claro: centralizar o poder nas mãos de Júlio César, que, apesar de não ocupar mais a carga de prefeito, continua comandando de fato a administração municipal
Entre as atribuições da nova secretaria, uma chama atenção: todas as correspondências e informações destinadas à prefeita ou a outros secretários municipais deverão passar pelo crivo de Júlio César. A justificativa oficial é "assegurar alinhamento com as disposições do Chefe do Poder Executivo Municipal", mas, na prática, a medida dá ao ex-prefeito o controle absoluto sobre os fluxos de informação e a articulação política.
O “Ex-Imperador” e sua nova coroa
Júlio César segue os passos de figuras políticas que perpetuam seu domínio através de cargas estratégicas. Comparado por opositores ao presidente Nicolas Maduro, que governa com mão de ferro enquanto cultiva a imagem de líder popular, Júlio agora veste uma máscara de secretário para continuar ditando as regras no município. A metáfora do “ex-imperador” ressoa em Palmeira dos Índios, uma terra marcada pela cultura de Graciliano Ramos, mas que agora vê o “laranjismo” institucionalizado em sua administração.
Reações e críticas
O movimento provocou surpresa entre os vereadores que estão paralisados diante da medida, que se constitui como uma afronta à democracia e ao equilíbrio entre os poderes. “O que estamos vendo é a institucionalização de um governo paralelo. Júlio César se colocou acima da prefeita e do próprio Executivo”, declarou um dos vereadores.
Para especialistas, a medida é um exemplo claro de como o uso estratégico de decretos pode driblar os princípios democráticos. “A criação de uma secretaria moldada para abrigar o ex-prefeito é, no mínimo, antiética. Centralizar o controle da administração nas mãos de uma figura inelegível e fragiliza as instituições locais”, afirmou um jurista consultado pela reportagem.
Impactos na Gestão Municipal
O controle de Júlio César sobre a Secretaria de Governo concentra funções essenciais como integração política, gestão de convênios e otimização de recursos públicos. Na prática, isso o posiciona como o principal articulador das decisões do Executivo, relegando a prefeita Luísa Duarte para um papel quase figurativo.
Além disso, a medida exige a transparência administrativa, já que as decisões estratégicas passam a depender exclusivamente do crivo de uma única figura. A centralização do poder ameaça o sistema de freios e contrapesos e aumenta a suspeita de práticas clientelistas e falta de prestação de contas.
A nomeação de Júlio César como secretário de governo é o retrato de um modelo de poder que mantém velhas práticas políticas, mascaradas sob o verniz da legalidade. Enquanto Palmeira dos Índios enfrenta desafios administrativos e sociais, a administração pública é engessada por disputas de poder e interesses particulares.
O "laranjismo" que emerge dessa nomeação não é apenas um termo político, mas um símbolo de como o poder local pode ser manipulado em benefício de poucos, enquanto a democracia e o interesse público permanecem em segundo plano.
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