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Bloco da Nega Fulô: blocão do domingão

Carlito Peixoto Lima 12/01/2025
Bloco da Nega Fulô: blocão do domingão
Carlito Peixoto - Foto: Assessoria

Maceió tinha tradição de ótimos carnavais de rua desde os anos 1940, eram festas nos bairros organizadas pela Prefeitura junto aos líderes das comunidades: o Major Bonifácio em Bebedouro, o Moleque Namorador na Ponta Grossa, o Rás Gonguila no Vergel do Lago com seu Bloco Cavaleiros dos Montes. Outros Blocos animavam o carnaval de rua: “Bomba Atômica”, “Vulcão” (ainda existe – 80 anos), “Pitanguinha vai à Lua”, “Amigo da Onça”, “Vou Botar Fora”, “Daqui não Saio”, entre outros.


O tradicional Banho de Mar à Fantasia no domingo anterior ao carnaval, blocos fantasiados desfilavam, muito frevo e marchinhas na Avenida da Paz.


A “Maratona Carnavalesca” iniciava quinze dias anterior ao carnaval na Rua do Comercio, alegrando as noites pré-carnavalescas. Uma orquestra de frevo em cada esquina, o povo dançando; ricos, pobres, pretos, mulatos, brancos, soldados, capitães, enfermeiras e doutores. Como era animado o carnaval de rua em Maceió!


De alguns anos para cá a Prefeitura acabou com essa tradição, a maior manifestação cultural popular do povo brasileiro, a alegria fugaz que se chama carnaval. Nos dias de carnaval, não mais desfilam blocos com seus estandartes no ar. Com o argumento esdrúxulo de não atrapalhar o sossego do turista, a Prefeitura acabou o Carnaval.


Durante os dias de carnaval viajam mais de 200 mil maceioense em busca da folia no Rio, Salvador, Barra de São Miguel, Paripueira, Recife e outros lugares. Se cada um desses viajantes gastar R$ 1.000,00, em média, durante o carnaval, cerca de R$ 200.000.000,00 (duzentos milhões de reais) deixam de circular em Maceió durante os quatro dias. Carnaval é um grande negócio. Maceió perde com a saída dos foliões. Carnaval é a síntese da Economia Criativa, onde gera emprego e renda para os músicos, ambulantes, taxistas, hoteleiros, restaurantes, fábricas de camisa, costureiras e toda cadeia econômica do Carnaval. É inaceitável a Prefeitura não organizar o carnaval de rua nos dias de carnaval. E os 800.000 maceioenses que ficam na cidade, não tem dinheiro para viajar, fica sem a maior manifestação cultural popular do brasileiro


Por conta do relato acima, no ano de 2016, um grupo de cidadãos, de foliões, amantes do carnaval, criou o “Bloco da Nêga Fulô”, tentando retomar a tradição do carnaval de rua em Maceió.


O nome do Bloco foi escolhido em homenagem ao grande poeta alagoano Jorge de Lima, eternizou o poema “Essa Nêga Fulô”, hoje mundialmente conhecido. Obra prima da literatura brasileira.





Desde 2016, com interrupção na pandemia, o Bloco da Nêga Fulô desfila no domingo de carnaval, de bloco solitário, com o passar dos anos foi aumentando o número de blocos solidários. No próximo domingo de carnaval, dia 2 de março, haverá o desfile do Blocão do Domingão, com a previsão de 9 (nove) blocos partindo da praça dos Sete Coqueiros, desfilando até o Alagoinha, orla da Ponta Verde. Lembrando que, a orla é do povo, não é propriedade dos moradores dos belos edifícios, esses, inclusive, vão passar o carnaval em suas casas de praia ou no Recife.


O Blocão é aberto a todos, entra homem, entra menino, entra velho, entra mulher. Não haverá trio elétrico, será frevo de pé no chão, a coordenação sugere aos foliões as fantasias, mesmo estilizada. Tocará no Bloco marchinhas e frevo a Orquestra de Frevo Marechal W & K, a melhor do Estado.


Ainda é pouco esse retorno de animação na cidade nos dias de carnaval. O povo merece uma programação oficial da Prefeitura, para que tenha motivo de ficar em Maceió durante o carnaval. Carnaval é alegria, é coisa séria, é dinheiro entrando. O comércio local perde com o êxodo dos foliões em busca da folia em outros lugares.


O Blocão vem preencher a falta de carnaval durante os dias de carnaval. O povo quer o retorno do carnaval de rua. É preciso cantar e alegrar a cidade. Não podemos deixar que nos roubem também a alegria. São apenas quatro dias de ilusão, depois tudo volta ao normal porque é carnaval.


Repetindo, concentração dos blocos: domingo, 2 de março, às 14:00 horas na praça dos Sete Coqueiros.