Em uma surpreendente reviravolta, a nova Câmara Municipal de Palmeira dos Índios (mesmo que tenha 11 dos 15 edis da legislatura passada) aprovou nesta quarta-feira (8), durante as primeiras sessões extraordinárias do ano, requerimentos que cobram explicações da prefeita Luisa Duarte e de seu secretário de Fazenda Gutemberg Santos. Entre eles, destacam-se pedidos de informações sobre o Instituto de Gestão de Políticas Públicas Sociais (IGPS), a reforma da Escola Municipal Professora Marinete Neves, e o não pagamento de emendas impositivas referentes ao orçamento de 2024. O que chama atenção é o comportamento contraditório de parte dos vereadores, que, na legislatura passada, rejeitaram um pedido semelhante feito pelo vereador Toninho Garrote (PP).

Na ocasião, Garrote, isolado em sua tentativa de trazer transparência às contratações do IGPS, foi ignorado pela maioria de seus pares. Agora, os mesmos parlamentares assinam o requerimento nº 001/2025, apresentado pelo vereador Madson Monteiro, que exige explicações detalhadas sobre a atuação do Instituto, entidade que recebe milhões dos cofres públicos para contratar prestadores de serviço e que, segundo analistas, opera sem a devida prestação de contas.

IGPS: Um poço sem fundo de recursos públicos?

O IGPS, que mantém contratos com a Prefeitura de Palmeira dos Índios, está no centro das atenções. Acusado de operar sem a transparência necessária, o Instituto tornou-se alvo de críticas por seu modelo de gestão e pela falta de informações públicas sobre como os recursos são aplicados. Nos últimos anos, milhões de reais foram repassados ao IGPS, enquanto as demandas por esclarecimentos foram sistematicamente ignoradas pelo Executivo municipal.

Especialistas e analistas políticos apontam que a pressão atual dos vereadores sobre a prefeita Luisa Duarte e seu tutor político, o ex-prefeito conhecido como “Imperador”, não passa de uma estratégia para angariar benefícios políticos e financeiros. “Essa mudança de postura não é movida pela busca por transparência, mas pela disputa por espaços e vantagens dentro da administração pública”, comenta um analista local que preferiu não se identificar.

Outros requerimentos destacam problemas estruturais

Além do pedido relacionado ao IGPS, os vereadores aprovaram o requerimento nº 002/2025, que solicita informações sobre a reforma da Escola Municipal Professora Marinete Neves. A obra, marcada por atrasos e denúncias de irregularidades, é outro exemplo do clima de insatisfação crescente com a gestão atual.

O terceiro destaque é o requerimento nº 003/2025, que cobra explicações sobre o não pagamento de emendas impositivas referentes ao orçamento de 2024. As emendas, instrumentos que garantem a aplicação de recursos em demandas essenciais indicadas pelos vereadores, foram deixadas de lado, alimentando o desgaste político entre o Executivo e o Legislativo.

Uma Câmara de interesses ou de fiscalização?

A mudança de postura dos vereadores, especialmente em relação ao IGPS, levanta dúvidas sobre as reais intenções da Câmara. Enquanto o discurso oficial prega transparência e fiscalização, os bastidores apontam para uma relação de troca de favores e barganhas políticas com o Executivo. Para muitos, a pressão sobre a prefeita e seu grupo político é mais um capítulo do jogo de interesses que domina a política local.

Com o clima de tensão instalado entre os poderes, resta saber se os requerimentos aprovados terão resultados práticos ou se serão mais uma demonstração de como a política em Palmeira dos Índios continua sendo marcada por conveniências e interesses pessoais.