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A Bela da cabona

Carlito Peixoto Lima 22/12/2024
A Bela da cabona
Carlito Peixoto - Foto: Assessoria


Osório costumava usar terno, vestia-se elegante, bigodinho delineado e uma conversa cativante. Representante comercial, trabalhava viajando no meio do mundo. Vendia todo tipo de relógio, pulso, parede, despertador, ponto. Embolsava boas comissões das fabricas de São Paulo, excelente vendedor, conversador, simpático, convencia os clientes, lábia fina para negócios e para as mulheres. Ao retornar à Maceió, Osório entrava em maratona sexual na ânsia de engravidar a esposa, Claudinha, a bela. Consultaram médicos, fizeram exames. Nenhuma anormalidade, o casal em excelente saúde física.


Osório adorava a boemia, frequentador assíduo da Zona de Jaraguá, encrenqueiro, bebia, fazia arruaça, chegou a ser preso envolvido em briga. Entretanto, naquele fim de ano Osório comportou-se, era questão de honra engravidar a bela e gostosa esposa, Claudinha, a bela. Passou uma semana e meia de amor nos braços, abraços, carinho e amor da esposa, quase não saiu de casa, visitou poucos clientes. Claudinha, depois do amor, ficava deitada, pernas levantadas, pés nas paredes, instrução do médico para engravidar. Logo depois do ano novo Osório partiu para longa viagem na região do Cariri. Meado de janeiro apareceu a menstruação de Claudinha, uma tristeza, ficou deprimida, raiva do marido. Maldizia o sangue que acabava o sonho de ser mãe.


Ao cair da tarde, a bela triste, tinha apenas uma diversão, debruçar-se sobre a janela apreciando o movimento das ruas da Cambona, bairro aprazível. Os homens gostavam, fantasiavam peripécias nos fartos seios de Claudinha, beleza estonteante, atraente. As mulheres enciumadas, despeitadas, chamavam-na de sem-vergonha, quenga, entretanto, jamais alguém viu caso de traição.


Certa tarde o coração de Claudinha bateu mais forte ao reconhecer um ex-namorado da adolescência, Serginho. Ele ao avistar sua ex-namorada cumprimentou-a com vasto sorriso, parou, dois dedos de prosa na janela, continuou o caminho até sua casa à beira da Lagoa Mundaú. Toda tarde o jovem estudante de medicina, Serginho, saía em busca dos amigos e diversões de férias, passava invariavelmente pela janela de Claudinha. Certa vez, em conversa rápida, a serelepe informou que o marido estava viajando para as bandas do Cariri e convidou Sérgio para discreta visita noturna.


Combinaram entrar pelos fundos da casa às 19 horas, ela deixaria a porta aberta, conversariam no quintal. Entusiasmado com a aventura, Sérgio às 19:00 horas estava em frente ao portão do quintal. Não precisou bater, Claudinha, pontual, abriu o portão. Os dois se atracaram, muitos beijos, muitos desejos presos desde que eram inocentes namorados. Deitados no quintal fizeram amor noite à dentro. Serginho saiu da casa de madrugada e assim repetia várias noites frequentando o quintal da casa da Cambona.


Certa vez, uma vizinha percebeu um vulto entrando no quintal da Claudinha, ficou na espreita, reconheceu. A vitalina, além de espalhar a notícia, foi ao pai de Sérgio, alertando o perigo que o filho corria, o marido era valentão, arruaceiro; sabendo do chifre, não ia deixar por menos. Dr. José chamou o filho em particular. No quarto, o pai tirou do bolso três notas de R$ 100,00 (cem reais), lhe entregou, foi contundente no argumento: “Meu filho, Maceió tem quase um milhão de habitantes, desses, 500 mil são mulheres; dessas pelo menos 500 estão disponíveis no site da Internet. Procure uma delas, menos Dona Claudinha, meu filho, mulher casada tem gosto de bala!!!


Desde essa dia, Serginho não mais retornou ao quintal, percebeu o perigo da aventura. Dois anos depois, Osório largou a jovem esposa, arranjou outra, fez dois filhos. Claudinha terminou abraçando a carreira de GP (Garota de Programa). Serginho, hoje conceituado médico, recorda, nunca esqueceu as aventuras daquelas férias de verão, do quintal, dos beijos de Claudinha, a bela da Cambona.