Política
Mesmo inelegível, Bolsonaro quer dar “palavra final” a aliados sobre eleições de 2026
Após governadores da direita garantirem vitórias expressivas no primeiro turno das eleições municipais, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta reafirmar seu controle sobre a escolha de uma candidatura presidencial para 2026, mesmo estando inelegível.
O ex-chefe do Executivo intensificou sua estratégia no segundo turno, especialmente com ataques aos governadores Ratinho Jr. (PSD), do Paraná, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, ambos considerados pré-candidatos por seus partidos.
Em conversas com aliados, Bolsonaro deixou claro que uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também precisaria de seu aval, conforme informações do Globo. No entanto, ele admite que Tarcísio é o favorito para assumir o legado do bolsonarismo.
Tarcísio saiu fortalecido das eleições municipais ao desempenhar um papel considerado “crucial” para o avanço de Ricardo Nunes (MDB) ao segundo turno em São Paulo, participando ativamente na preparação do prefeito para os debates.
Por outro lado, o círculo próximo de Bolsonaro trabalha para conter o crescimento de Tarcísio e manter o ex-presidente no centro das atenções. Carlos Bolsonaro, em entrevista ao portal Uol, afirmou que os votos que levaram Nunes ao segundo turno “vieram do meu pai”, minimizando a influência de Tarcísio.
Outro governador que busca fortalecer seus laços com Bolsonaro é Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, que tenta se posicionar como vice em uma possível chapa com Tarcísio. Zema tem se envolvido diretamente nas campanhas de candidatos do PL em estados como Goiás e Mato Grosso.
Porém, Bolsonaro, em diálogos reservados, já deixou claro que não pretende apoiar Zema ou Caiado para as eleições de 2026, especialmente porque ambos se colocaram contra o PL em seus estados nas campanhas atuais.
Tarcísio, Zema e Caiado: Bolsonaro admite que governador de SP é o favorito para assumir o legado do bolsonarismo. Foto: reproduçãoCiente de que não é a primeira escolha de Bolsonaro para liderar uma chapa presidencial, Zema mencionou publicamente, em junho, que poderia ocupar a posição de vice em uma chapa da direita, apontando Tarcísio como “o nome natural” para essa liderança.
Ratinho Jr., do Paraná, que até então mantinha boas relações com Bolsonaro, também entrou na mira do ex-presidente. O PL indicou Paulo Martins como vice na chapa de Eduardo Pimentel (PSD), candidato apoiado por Ratinho Jr. em Curitiba.
No entanto, Bolsonaro decidiu apoiar a candidata rival, Cristina Graeml (PMB), intensificando a rivalidade entre PL e PSD, que se estende a questões como o impeachment de ministros do STF e a possível candidatura de Tarcísio em 2026.
Ratinho Jr. e Bolsonaro: governador do Paraná entrou na mira do ex-presidente. Foto: reproduçãoAlém disso, Bolsonaro se envolveu diretamente no segundo turno em Goiás, onde passou a atacar Caiado e seu candidato a prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União), que enfrenta o bolsonarista Fred Rodrigues (PL). Em um comício recente na capital goiana, o ex-presidente chamou Caiado de “rosnador” e tentou enfraquecer sua imagem entre os eleitores de direita.
“O União Brasil, aqui do chefe, do rosnador, tem ministério do PT. Quem está com o PT não tem moral para falar nada”, declarou Bolsonaro. Até o momento, Caiado é o único que se posiciona abertamente como candidato à Presidência em 2026, sem o apoio de Bolsonaro.
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