Política

Será que o MDB pode contabilizar a prefeitura de Arapiraca como sua?

MDB contabiliza 65 prefeituras em Alagoas, mas perde espaço nas principais cidades

Redação 09/10/2024
Será que o MDB pode contabilizar a prefeitura de Arapiraca como sua?

O resultado das eleições municipais de 2024 em Alagoas trouxe um panorama complexo para o MDB, que continua com uma presença significativa no estado, porém enfrenta desafios para consolidar sua influência nas cidades mais importantes. Com um total de 65 prefeituras conquistadas, a maioria dos municípios liderados pelo partido são de pequeno porte, enquanto as cidades de maior destaque acabaram divididas entre outras forças políticas.

Vitórias do MDB e fragmentação do poder

A vitória do MDB em Palmeira dos Índios é um exemplo, com 53% a 47% revelando um cenário de divisão. A oposição no município se fortaleceu, fragmentando o apoio e criando uma divisão clara dentro da própria cidade. Além disso, em termos de municípios de porte médio no Estado, o MDB conseguiu vitórias em Santana do Ipanema, São Miguel dos Campos, Delmiro Gouveia, União dos Palmares, Viçosa, e Olho D’Água das Flores. No entanto, é notável que muitos dos municípios de grande expressão econômica e populacional não ficaram sob seu controle.

Maceió, Rio Largo e a Situação em Arapiraca

O PL saiu vencedor em Maceió, a capital e maior colégio eleitoral do estado, reafirmando a força do prefeito JHC, reeleito com uma grande margem de votos. Já Rio Largo, uma das cidades com maior importância econômica, foi conquistada pelo PP, partido do presidente da Câmara dos Deputados (até fevereiro), Arthur Lira. Esses resultados mostram uma perda significativa de espaço do MDB nas principais cidades, que são estratégicas tanto politicamente quanto economicamente.

Em Arapiraca, a situação é ainda mais emblemática. O MDB conseguiu eleger Luciano Barbosa, mas o partido está claramente dividido. A primeira aparição pública de Barbosa, após sua vitória, foi ao lado de Arthur Lira, adversário histórico do clã Calheiros. Este gesto foi interpretado como um sinal claro de que Luciano Barbosa não está totalmente alinhado ao grupo dominante do MDB em Alagoas, liderado por Renan Calheiros.

Além disso, a vice-prefeita eleita, Rute Nezinho, irmã de um deputado emedebista foi notoriamente isolada durante toda a campanha, um fato visível e comentado por todos. Esse afastamento reforça ainda mais as dúvidas sobre a verdadeira filiação política do governo em Arapiraca e sobre se o MDB poderá realmente contabilizar essa vitória como sua, uma vez que os laços com a liderança tradicional do partido parecem enfraquecidos.

MDB: força enfraquecida nas cidades chave

Embora o MDB tenha consolidado 65 prefeituras, o perfil dessas cidades é majoritariamente de pequeno porte, onde a influência do partido permanece forte, em grande parte pela tradição política e pelas estruturas de poder locais. Contudo, a perda de espaços como Maceió e Rio Largo, além da fragmentação em Arapiraca e a divisão política em Palmeira dos Índios revela um cenário de enfraquecimento nas áreas mais importantes e populosas do estado.

Em um estado onde a política é marcada por alianças e adversários de peso, a situação do MDB em Alagoas apresenta uma série de desafios para as eleições de 2026. A aproximação de Luciano Barbosa com Arthur Lira e o isolamento da vice-prefeita Rute Nezinho indicam uma possível reconfiguração de forças que pode enfraquecer ainda mais o partido no segundo maior município do estado.

Um sinal de alerta para 2026

Com uma oposição mais articulada em diversas cidades importantes e uma base que parece cada vez mais fragmentada, o MDB precisa reconsiderar sua estratégia em Alagoas se quiser manter sua relevância nas eleições futuras. A manutenção de prefeituras menores não garante o controle efetivo do estado, especialmente quando as cidades que ditam o ritmo econômico e político escapam de suas mãos.

A eleição de 2024 serviu como um termômetro importante, e a divisão dentro do próprio MDB em cidades-chave, como Arapiraca, mostra que o partido pode ter dificuldades para sustentar sua hegemonia nas próximas eleições estaduais. A união de forças que se opõem ao grupo dos Calheiros, representada por Arthur Lira e agora com a aproximação de Luciano Barbosa, cria um cenário de incertezas para o futuro do MDB em Alagoas.