Internacional

Reforços de Israel põem em xeque alegação de que invasão do Líbano é 'limitada'; conflito já deslocou 1/3 da população do país

Exército incorporou mais uma divisão, a terceira, aos combates, e intensificou bombardeios em Beirute e no sul; representante da ONU alerta para impacto humanitário

Agência O Globo - 07/10/2024
Reforços de Israel põem em xeque alegação de que invasão do Líbano é 'limitada'; conflito já deslocou 1/3 da população do país
Reforços de Israel põem em xeque alegação de que invasão do Líbano é 'limitada'; conflito já deslocou 1/3 da população do país - Foto: Reprodução/internet

O Exército de confirmou um reforço no contingente envolvido na invasão terrestre do , que agora conta com três divisões atuando no sul. O anúncio põe em xeque as alegações iniciais de que a incursão seria uma “operação” localizada contra o , , com o risco de agravar ainda mais o êxodo de civis: segundo estimativas, cerca de um terço da população saiu de casa para fugir da violência, e centenas de milhares deixaram o país.

Realidades distintas:

Guerra no Oriente Médio, 1 ano:

Segundo comunicado das Forças Armadas, a 91ª Divisão, baseada no norte israelense, passou a integrar operações “localizadas” em solo libanês, sem dar mais detalhes. Os militares atuaram na guerra contra o grupo terrorista na , e vinham participando de ações contra o Hezbollah na área de fronteira, mas dentro do território de Israel. Agora, ela se junta às 36ª e 83ª divisões, que já atuam nos combates no país árabe.

Imagens de satélite, citadas pelo jornal Guardian, mostram colunas de infantaria se movendo ao longo da fronteira com equipamentos pesados, sugerindo uma presença de longo prazo e mais ampla do que inicialmente relatado por Israel.

Guerra no Oriente Médio, 1 ano:

Ao anunciar a incursão terrestre no Líbano, em meio a pesados bombardeios contra Beirute e o sul do país, os militares israelenses afirmaram que se tratava de uma operação pontual, voltada à destruição das capacidades de ataque do Hezbollah na fronteira. Além do uso de três divisões terrestres, fechada na região da Alta Galileia, sugerindo que ali poderá ser mais um ponto de entrada de tropas. Desde o início da invasão, 11 militares morreram, sendo que dois apenas nesta segunda-feira.

No domingo, em publicação no X, o porta-voz para a mídia árabe do Exército israelense anunciou que os moradores de 25 cidades e vilas no sul do Líbano deveriam deixar suas casas e seguir para o norte, além do rio Awali.

Em publicação no Telegram, Moriah Asraf, correspondente militar israelense, confirmou que esses são passos iniciais para a ampliação da ofensiva em solo libanês.

Vídeo:

Pelo ar, os bombardeios israelenses foram retomados nesta segunda-feira, depois de um fim de semana marcado por alguns dos mais violentos ataques desde o início da ofensiva, há três semanas. O subúrbio de Dahyeh, considerado a base do Hezbollah, foi atingido por mísseis, assim como várias regiões no sul do país. Em Baraachit, 10 bombeiros da Autoridade de Saúde Islâmica, ligada ao grupo xiita, morreram quando um projétil atingiu um quartel: segundo a Agência Nacional de Notícias, eles estavam “prontos para sair em missões de resgate”, mas agora estavam sob os escombros do prédio.

Fontes de segurança libanesas afirmaram à AFP que houve ataques nos arredores do aeroporto internacional de Beirute, um dos principais pontos de saída do país — . O Exército não comentou o incidente, afirmando que realizou um “bombardeio seletivo” contra um subúrbio da capital.

Em um país já envolvido em uma longa sequência de crises, que culminaram com uma explosão colossal no porto de Beirute, há quatro anos, a nova guerra já produz efeitos sobre a população. Além dos milhares de feridos que encontram dificuldades para serem atendidos em hospitais sobrecarregados, para muitos a única saída é fugir de casa para escapar com vida das bombas: segundo o premier libanês, Najib Mikati, em busca de segurança. Até 300 mil teriam saído do país, boa parte rumo à . Números que, somados, correspondem a cerca de um terço do total da população.

— Famílias ficaram desabrigadas, abandonadas ao ar livre com crianças traumatizadas, incapazes de entender o que está acontecendo. Todos me disseram o quão desesperados estão para se sentirem seguros e para que os ataques aéreos parem para que possam retornar às suas cidades e vilas — disse, após reunião com Mikati, o alto comissário da para refugiados, Filippo Grandi. — É um imperativo moral urgente ajudar as pessoas afetadas por esta recente escalada. Elas não devem pagar o preço pelo fracasso abismal em encontrar soluções políticas e acabar com este ciclo vicioso de violência.

Muitas pessoas buscam abrigo em instalações do governo, casas de parentes e em acampamentos nas praias e parques.

— Só queremos um lugar onde nossos filhos não tenham medo — afirmou, em entrevista à ABC News, Fatima Chahine, uma refugiada síria que vivia em Dahyeh e agora está em uma praia em Beirute. — Fugimos da guerra na Síria em 2011 por causa das crianças e viemos para cá, e agora a mesma coisa está acontecendo de novo.

Para os que tentam deixar o Líbano rumo à Síria, a insegurança os acompanha durante o caminho. Na semana passada, interrompendo o fluxo de veículos. Para atender aos milhares que chegam ao país diariamente, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados () montou uma operação especial, fornecendo alimentos e cuidados médicos — segundo o Acnur, 60% dos que passam pela área são crianças e adolescentes, sendo que alguns não são acompanhados por parentes. Os cidadãos sírios, que fugiram da guerra civil, são vistos em grande número.

— Eu aprecio profundamente a generosidade do Líbano em acolher tantos refugiados ao longo dos anos, incluindo aqueles forçados a fugir da Síria,apesar dos desafios consideráveis ​​que o país enfrentou. Esses refugiados agora são forçados a fugir novamente com recursos escassos e nenhum lugar seguro para ir — disse Grandi, no domingo.

Frustrado com Irã e Hezbollah:

Nesta segunda-feira, quando Israel marca o aniversário de um ano dos ataques do Hamas, o premier disse que seu governo se sente “obrigado” a trazer de volta os cerca de 100 reféns que ainda estão na Faixa de e sugeriu que a guerra de várias frentes no Oriente Médio pode estar longe do fim

"Estamos mudando a realidade da segurança em nossa região, pelo bem de nossos filhos, pelo nosso futuro, para garantir que o que aconteceu em 7 de outubro não aconteça novamente. Nunca mais", disse Netanyahu em reunião do Gabinete de governo, segundo comunicado.

Ao marcar a data, o Hezbollah afirmou que a decisão de entrar no conflito, como forma de apoio ao Hamas, teve um “elevado e custoso preço”, mas que tinha confiança de que será capaz de repelir a invasão terrestre israelense no Líbano. No comunicado, o grupo xiita afirmou que continuará combatendo "a agressão" de Israel, que descreveu como um ente "cancerígeno" que deve ser "eliminado".