Internacional

Diante de rumores sobre ataque, Israel afirma que Irã pode acabar 'como Gaza e Beirute'; Teerã cancela voos até segunda

Militares iranianos dizem ter plano para responder a bombardeio israelense; mais de 30 pessoas morrem em ofensivas em duas áreas da Faixa de Gaza

Agência O Globo - 06/10/2024
Diante de rumores sobre ataque, Israel afirma que Irã pode acabar 'como Gaza e Beirute'; Teerã cancela voos até segunda
Diante de rumores sobre ataque, Israel afirma que Irã pode acabar 'como Gaza e Beirute'; Teerã cancela voos até segunda

O ministro da Defesa de com cerca de 200 mísseis, e sugeriu que poderia deixar o território iraniano como a ou Beirute, ambas alvos de duros bombardeios israelenses. As declarações vêm em meio a sinais de uma resposta armada ao lançamento dos mísseis: neste domingo, as autoridades iranianas anunciaram o cancelamento de voos até segunda-feira, quando .

“Os iranianos nem arranharam as capacidades da Força Aérea. Nenhum esquadrão foi danificado, nenhum avião foi danificado, não há uma única pista que não esteja disponível para decolagem, e não há danos à nossa continuidade”, afirmou Gallant, em comunicado, se referindo aos bombardeios de terça-feira passada.

Investigado como terrorismo:

Se tornou cada vez mais fatalista:

Ao menos três bases foram atingidas pelos mísseis, incluindo Nevatim

Irã

do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah

Hamas

Desde então, Israel e poderia atingir instalações ligadas . No sábado, representantes das Forças Armadas de Israel disseram que a ação seria “séria e significante”, e o premier israelense, , afirmou que seu governo “tem o dever e o direito de se defender e responder a esses ataques — e o fará”. No domingo, Gallant reiterou a ameaça.

“Quem pensa que ao tentar atacar Israel nos impedirá de reagir, deve olhar para o que está acontecendo em e o que está acontecendo em Beirute — as coisas são muito claras”, disse o ministro da Defesa, em comunicado.

Análise:

Em abril, a resposta israelense ao lançamento de cerca de 300 mísseis e drones do Irã foi pontual, e não deixou grandes estragos. Mas agora, diante do acirramento da operação militar em Gaza e da violenta ofensiva no , Teerã parece estar se preparando para um bombardeio amplo.

Neste domingo, a Autoridade de Aviação Civil do Irã ordenou o cancelamento de voos em “determinados” aeroportos citando “limitações operacionais”. A ordem será válida entre 21 horas de domingo e 5 da manhã de segunda-feira, (14h30 a 22h30 de domingo pelo horário de Brasília). Dois importantes túneis em Teerã foram fechados até segunda-feira, e não foram dadas explicações. Na sexta-feira, imagens de satélite mostraram que, incluindo na Ilha Kharg, apontada como um possível alvo.

Medidas que poderiam estar ligadas a um ataque iminente.

— Não sabemos muito, se será uma ação ofensiva ou defensiva, ou simplesmente uma medida de precaução — disse à al-Jazeera Tosid Asadi, especialista em política iraniana baseado em Teerã, ao comentar o cancelamento de voos. — Teremos que esperar para ver, mas sob essas tensões crescentes, este é um evento criticamente importante que deve ser monitorado muito de perto.

Segundo a agência iraniana Tasnim, as autoridades em Teerã dizem ter uma resposta pronta para um eventual ataque.

— Caso Israel tome uma atitude, não haverá dúvidas sobre o golpe recíproco do Irã sendo colocado em operação — disse uma fonte militar à agência.

O plano envolve “vários tipos de ataques”, que poderiam ocorrer em uma ou mais operações, diz a fonte. O militar disse ainda que o Irã tem um “banco de dados com alvos israelenses”, e tem à sua disposição um arsenal de mísseis que pode, segundo ele, “arrasar qualquer lugar”.

— Nós nos preparamos para qualquer situação — declarou, em entrevista à rede al-Alam, Alireza Tangsiri, comandante da Marinha da Guarda Revolucionária. — Um desses casos é Netanyahu brincar com fogo e iniciar um incêndio. Nós projetamos vários treinamentos até para esse cenário.

'Parecia um terremoto'

Nas frentes de batalha abertas, o domingo foi mais um dia de pesados bombardeios. No Líbano, aviões israelenses voltaram a atingir cidades do sul e áreas da capital, Beirute, .

— Foi a noite mais violenta que já vivemos. Houve tantos bombardeios que parecia um terremoto — disse um verdureiro que mora no sul da capital libanesa, em declarações à AFP.

O governador de Baalbek e Hermel, no Vale do Bekaa, afirmou que um dos mísseis caiu a cerca de 500 metros de ruínas do Império Romano, declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1984. Não há informações sobre estragos no local.

O , por sua vez, disse ter lançado drones contra uma base militar ao sul de Haifa (norte de Israel), que teria causado estragos, o que não foi confirmado pelo Exército israelense. O grupo xiita anunciou ainda um ataque contra um grupo de soldados a cerca de 25 km da fronteira, mas sem revelar se deixou vítimas.

Em comunicado, uma associação de cientistas do país árabe disse ter encontrado indícios de que Israel usou munições com No comunicado, o Sindicato dos Químicos do Líbano diz que “a extensão da destruição e a penetração de edifícios e terras em profundidades que chegam a dezenas de metros são evidências do uso de bombas que contêm urânio empobrecido”.

“O uso desses tipos de armas proibidas internacionalmente, especialmente na capital densamente povoada, leva à destruição em massa, e a poeira que eles deixam para trás causa muitas doenças, especialmente quando inalada”, completou o texto.

Na fronteira, , disse que as operações militares de Israel comprometem a segurança dos cerca de 10 mil militares integrantes da força, e que são “extremamente perigosas”.

“É inaceitável que seja posta em perigo a segurança das forças de manutenção de paz da ONU”, diz a Unifil em publicação no X.

Bombardeios em Gaza

Na Faixa de Gaza, onde mais de 41 mil pessoas morreram desde outubro do ano passado, Israel cercou a cidade de Jabalya, no norte do enclave, uma área onde o Hamas estaria tentando recompor suas forças. Os ataques preliminares deixaram ao menos 17 mortos, segundo a Defesa Civil. Em Deir al Balah, no centro de Gaza, usada como abrigo para desabrigados. Um porta-voz israelense disse que o local era um “centro de comando” do grupo terrorista.

Apesar da continuidade da ofensiva em Gaza, o chefe do Exército, Herzi Halevi, disse que o braço militar do Hamas foi derrotado.

— Um ano se passou, e derrotamos a ala militar do Hamas. Nós demos um golpe severo no Hezbollah, que perdeu toda a sua liderança. Não vamos parar — disse Halevi, em discurso durante evento que marcou um ano dos ataques terrorista de outubro de 2023, cometidos pelo Hamas e que deixaram quase 1,2 mil mortos. — Um ano se passou, e derrotamos a ala militar do Hamas. Nós demos um golpe severo no Hezbollah, que perdeu toda a sua liderança sênior. Não vamos parar.

O Hamas, por sua vez, elogiou o ataque, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.

— O glorioso 7 de outubro deixou em cacos as ilusões que o inimigo tinha criado, convencendo o mundo e a região de sua suposta superioridade e capacidades — afirmou, em mensagem de vídeo, Khalil al Haya, membro do Hamas no Catar.

(Com AFP)