Geral

Nanda Costa e Lan Lanh celebram trabalho em família e abrem a rotina com as filhas gêmeas: 'São muito unidas'

Juntos há 10 anos, atriz e percussionista relatam como as pequenas se adaptaram com mudança para Salvador, como lidam com a exposição e debatem sobre a possibilidade de ter mais filhos

Agência O Globo - 06/10/2024
Nanda Costa e Lan Lanh celebram trabalho em família e abrem a rotina com as filhas gêmeas: 'São muito unidas'
Nanda Costa e Lan Lanh celebram trabalho em família e abrem a rotina com as filhas gêmeas: 'São muito unidas' - Foto: Reprodução /Instagram

Nanda Costa e Lan Lahn

Ingressos para show de Shakira a R$ 5? Primeira turnê dela pelo Brasil passou por Uberlândia, Taubaté e mais cidades com preços populares; relembre

Filha de Sandra Annenberg e Ernesto Paglia vibra com reta final em faculdade nos EUA: 'Já com saudade'

— Eram músicas que a Lan fez para mostrar para a Xuxa, antes de “Só para baixinhos”. Quando ouvi, só tinha hit! — conta Nanda, de 38 anos, idealizadora e produtora-executiva do projeto.

Lan Lanh nem sabe se Xuxa chegou a ouvir as canções, mas talvez era mesmo o destino guardando algo que se tornaria especial no futuro. Ela e Nanda, juntas há dez anos, se uniram ao artista Orlando Ávila Kilesse (responsável pela parte visual) para colocar essas composições no mundo. Quando conseguiram tempo nas agendas, a primeira coisa que fizeram foi convocar as gêmeas para ouvirem as canções. Teve dança, risada e até pedido para tocar de novo.

— Chegamos bem na audiência (risos). As músicas são cantadas por mim, procurei manter o mesmo timbre de voz. Como as meninas ouviram a primeira versão e gostaram, não quis mudar — diz Lan, de 56 anos, que cuida da parte musical.

Com a novidade, as duas tiraram um tempo após viajarem de Salvador, onde moram hoje, para Paraty, onde vive a família de Nanda, para conversarem com a Canal sobre os bastidores do novo trabalho e a rotina com as filhas. Kim e Tiê estavam com a avó e a bisa passeando na rua. Nos minutos finais da entrevista, chegaram, apareceram tímidas na chamada de vídeo e deram logo um beijo nas mães. Uma fofura! Confira como foi o papo.

Quais cuidados tiveram com o projeto?

Nanda: A parte visual não traz estímulo apelativo para criança. Considerando que a OMS não recomenda tela para menores de 2 anos, a gente parte dessa idade. A ideia foi o que a gente gostaria de oferecer às nossas filhas. E os personagens são diversos! Tem indígena, autista, negra, gêmeos, miscigenado. Estou feliz e orgulhosa do resultado.

Em casa, colocam regras sobre tempo de tela?

Lan: Elas não têm essa liberdade toda. Às vezes é na hora de cortar a unha, porque são 40, né? Mas recorremos ao que achamos educativo, para não ficarem ligadas demais.

N: Quando eu estou sozinha com elas, uma quer ir ao banheiro, mas a outra não. Aí pode ver um pouco. Às vezes deixamos escolherem desenho como sobremesa. Aí vamos nos mais curtos, ou músicas.

E o que elas gostam de escutar?

N: Amam música infantil. Mas outro dia entrei no carro, e elas: “Quero um rock and roll pesadão, mamãe”. Aí coloquei Cássia Eller, que a mamãe (Lan)toca. O gosto é eclético. Vamos prestando atenção até para saber em que podemos investir no projeto.

O lançamento aconteceu em 27 de setembro, Dia de São Cosme e Damião. Qual a importância da religião na vida de vocês?

L: Eu sou da Bahia, então tem todo aquele sincretismo. Minha família era um pouco católica e um pouco do candomblé. Eu acredito nos deuses, na natureza, em Nossa Senhora. Somos de axé. Estamos em Salvador, em frente ao mar, então todo dia a gente acorda, saúda Iemanjá e aí vai viver a rotina.

N: Fui criada no catolicismo, mas fui crescendo e somando. Acredito no que tem amor.

Falando em Salvador, como foi a mudança?

L: Passamos o último verão na cidade. As meninas estavam matriculadas no Rio, mas não conseguimos sair do astral da Bahia.

N: Elas não queriam ir embora. Falavam: “Mamãe, quero morar na Bahia”. Nos mudamos na Páscoa.

L: Encontramos uma escola que era o que a gente imaginava para elas. Família de Nanda é de Paraty, então estamos lá e cá. Eu morei 30 anos no Rio e sempre soube que um dia voltaria pra Salvador.

O que as gêmeas gostam de fazer lá?

N: Adoram acarajé. Quando vamos levá-las à natação, passam pela barraca 10 horas da manhã e já dizem que querem comer. Eu falo: “Amor, a baiana nem acordou ainda, não está aí”.

L: Estão adorando a natação. Gostam de praia e fazem capoeira na escolinha também. E estão com sotaque já. A Kim volta da escola e diz pra irmã: “Bó bincá, Tiê?”. Falam “oxente”, “tá me pirraçando”...

Elas têm personalidades diferentes?

N: Toda vez que a gente responde essa pergunta parece que elas combinam e invertem só para a gente passar vergonha (risos). Eu adoro astrologia, então me ligo muito em signo. As duas nasceram com um segundo de diferença, têm o mapa astral quase idêntico, e são bem diferentes. Mas também fazem coisas que todas crianças de 3 anos fazem. Agora, aprendi a não interferir quando começam a brigar entre elas. Só não deixo se baterem.

L: Mas são muito unidas. Basta uma olhar e a outra já entende o que é. As duas são amorosas.

Elas participaram das gravações das músicas...

L: Elas chegam da escola, eu estou gravando, entram no estúdio e não peço para pararem de mexer. Ligo o microfone, elas começam a falar. Adoram ficar lá. Colocam o fone, mexem no computador e dizem que é o “cutucador”,se divertem

N: Em “Lá vem a bicharada”, nosso primeiro lançamento, tem o nome dos animais e o som deles. Elas que fizeram! Além disso, temos muitas coisas que fomos gravando, risadinhas, chorinho. Não gravava com esse intuito, então vou mostrando e perguntando: “Vamos encaixar aqui?”. Aí dizem se gostaram ou não. Trocamos muito com elas.

Notaram mudanças depois da escola?

N: Completamente! Outro dia disseram que pegaram uma minhoca na mão. Eu achei que era brincadeira, mas foi mesmo. Achei o máximo, porque eu fui criada na rua em Paraty. Fico feliz em oferecer uma infância parecida com a que eu tive.

L: Tem horta, elas plantam milho para colher no São João. Teve espetáculo de Bumba Meu Boi...

Como decidem o que postar nas redes?

N: Quando eu fiz “Salve Jorge”, descobri o Instagram. Por muito tempo não compartilhava a vida amorosa. Quando a gente começou a postar, vimos a força do nosso encontro, como é importante e libertador para tantas mulheres e famílias. Isso também é um combustível para gente. Compartilhamos alegria. As meninas são amadas. Mas a gente respeita. Às vezes não querem foto e aí não tem.

L: O retorno das pessoas é emocionante. De certa forma estamos também tirando um pouco daquela curiosidade que talvez outras pessoas tivessem se nos vissem na rua com elas.

Como é essa abordagem nas ruas?

L: É um sucesso quando nós quatro saímos juntas. As pessoas querem fazer foto, mas elas são muito poupadas. O que vai para as redes é o que a gente seleciona. Até para um programa legal em família não virar uma coisa chata para elas.

N: Às vezes dizem: “Chama as meninas para a foto”, mas falamos: “Elas estão brincando, vamos com a gente”. Negociamos com o amor, sabemos que as pessoas que pedem torcem e vibram por nós.

L: E também agora com essa coisa da Inteligência Artificial, dá medo. Nós que somos mulheres e criamos filhas meninas, já vamos ensinando desde essa idade sobre proteção, liberdade, intimidade.

Que tipo de mãe é cada uma?

L: Eu sou mais preocupada com coisas como: “Não anda descalça no frio”, “ficou enjoada no carro”...

N: Ela é a mãe do: “Leva casaco!” (risos). Eu sou um pouco mais apavorada. Elas querem ser a Rebeca Andrade, eu acho maravilhoso. Mas, assim, querem dar cambalhota, mortal, piruetas. Se fosse uma só eu dava o suporte, seguraria. Mas aí a outra não quer esperar... Fico desesperada.

Como é a rede de apoio de vocês?

L: Temos duas pessoas que nos ajudam em casa de manhã, até as 16h. As meninas estudam à tarde, eu e Nanda pegamos e levamos. Nos dividimos.

N: E em Salvador temos a mãe de Lan. Aí, se tivermos algum compromisso durante a semana, a vovó dorme com elas, e nós também conseguimos sair pra jantar, pra tomar um drinque...

Pensam em ter mais filhos?

N: (Faz gesto de não e gargalha) Você pensa, Lan?

L: Eu nem imaginava ser mãe aos 52, então só posso dizer que a gente nunca sabe. Mas de planejar, assim, acho que não. Estamos já superbem!

Como tem sido a maternidade para vocês?

N: Só a mãe de gêmeos pode julgar uma mãe de gêmeos (risos). É puxado e a gente participa muito das atividades delas. Pensando numa qualidade de vida melhor, optamos pelos trabalhos que queremos mesmo fazer. A gente consegue estar mais presente. Organizamos nossa rotina para ter a delas.

L: Ouço: “Queria ter gêmeos também, é tão legal”. Mas não é bolinho. É uma grande jornada. As outras coisas se tornam pequenas, a gente não se estressa mais. O importante é que elas estão com saúde, dormiram, comeram.

Elas escolheram presente para o Dia das Crianças (o próximo sábado)?

L: Desde que nasceram, elas ganharam muitas coisas, foi uma bênção, ajudou muito porque são duas. Mas sempre conversamos com elas sobre isso. Quando entram numa loja de brinquedo, não ficam pedindo. Brincamos e falamos: “Vamos dar tchau, ele mora aqui”. A gente procura não ter essa relação do presente com as coisas, essas trocas.

N: Às vezes o presente é a presença. Tipo: “Hoje vamos para a praia, fazer uma comida...”.

L: Ou coisas bem simples. Quando viajo, por exemplo, trago coisinhas do hotel, como touquinhas de banho. “Olha o que eu trouxe para vocês usarem hoje e não molharem o cabelo!”. E aí as duas colocam superanimadas.

Trabalho minucioso

Quando recebeu o telefonema de Nanda, Orlando topou criar as animações para o projeto na hora. Os desenhos são feitos todos em ateliê. Primeiro, ele constrói os personagens em EVA; o cabelo é de linha de lã; e os olhinhos, de papel canson com uma gramatura específica que dá textura. O artista também colocou essa criançada nas fotos que estampam este ensaio fotográfico para a Canal Extra.

Depois do processo artesanal, ele faz cada vídeo com a técnica stop motion, ou seja, tira fotos dos objetos inanimados, que, quando colocados em sequência, geram a ilusão de movimento devido às diferenças de posição em cada foto.

"A gente conversa numa reunião e decide que as crianças vão estar no fundo do mar, em outro momento no espaço... Essa liberdade lúdica é fonte de alimentação poderosa, a gente pode estar em qualquer lugar, qualquer tempo!"

Dicas das mamães: o que faz sucesso com Kim e Tiê

Livro: “E foi assim que eu e a escuridão ficamos amigas”, de Emicida; e “Luiz Rei”, de Jaqueline Meire.

Desenho: ”Uki Kirê Ké”

Brincadeira: Caça ao tesouro é a preferida delas, qualquer objeto vale. As duas amam o “tá quente ou tá frio”

Música pra acordar: “Lá vem a bicharada”, de “Uki Kirê Ké”

Música pra dormir: “Contato imediato” na voz de Jussara Silveira.

Texto: Gabriela Medeiros | Intervenção artística: Orlando Ávila Kilesse (@orlatoons) |Fotos e styling: Mariana França (@marifranca_) | Assistente de fotografia: Bianca Passos (@biancapassox) | Assistente de styling: Fabiola Magalhães (@famagalhaess) | Beleza: Vini Kilesse (@vinikilesse)

Elas usaram: @converse; @afabula; @adorofarm; @ohlograma; @sardina_sardina; @zara