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'Maria Callas', com Angelina Jolie, será o filme de abertura da Mostra SP 2024

Com 415 títulos, mostra terá homenagem ao cinema indiano e mergulho no cinema produzido no Oriente Médio, incluindo Irã, Palestina e Israel

Agência O Globo - 05/10/2024
'Maria Callas', com Angelina Jolie, será o filme de abertura da Mostra SP 2024
'Maria Callas', com Angelina Jolie, será o filme de abertura da Mostra SP 2024 - Foto: Reprodução

A 48ª edição da tradicional Mostra Internacional de Cinema acontecerá em São Paulo entre os dias 17 e 30 de outubro, com 415 filmes de 82 países em 29 salas de cinemas, espaços culturais e CEUS na capital paulista, também com exibições gratuitas e ao ar livre. A abertura para convidados será na Sala São Paulo, com a exibição de "Maria Callas", do chileno Pablo Larraín, protagonizado por Angelina Jolie, destaque este ano do Festival de Veneza, no dia 16.

Entre os filmes apresentados estarão alguns dos premiados nos principais festivais internacionais, entre eles "Anora", de Sean Baker, que terá sessão para a imprensa neste sábado, após a coletiva de apresentação da Mostra.

Entre os destaques estão "Tudo que imaginamos como luz", de Payal Kapadis; "Dying — a última sinfonia", de Mathias Glassner, "Grand tour", de Miguel Gomes, "Dahomey", e Mati Diop, "O brutalista", de Brady Corbet, "Vermiglio", de Maura Delpero e "No other land", de Basel Adra, Hamdran Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor.

Homenagem ao cinema indiano

O cartaz da 48ª Mostra é uma arte do indiano Satyajit Ray, parte do storyboard criado pelo cineasta durante a preparação de "A Canção da Estrada" (1955), seu primeiro longa. Artista gráfico, compositor, roteirista, publicitário, escritor, diretor de arte, de fotografia, de som, e editor, ele será homenageado no evento com uma retrospectiva que inclui sete de seus títulos, realizados entre 1955 e 1966.

Um dos principais destaques do evento será o cinema indiano. Serão 30 filmes do país na programação, longas produzidos nas mais variadas regiões da Índia, premiados nos principais festivais internacionais ou restaurados.

1ª Mostrinha

É também de Satyajit Ray o pôster da 1ª Mostrinha, dedicada à infância e à juventude, que abre 17 de outubro, na Sala São Paulo, com a exibição de "A Arca de Noé", de Sérgio Machado e Alois di Leo. Ao longo do evento serão exibidos longas inéditos no Brasil produzidos nos quatro cantos do planeta e que passaram pelos mais importantes festivais internacionais.

A 1ª Mostrinha homenageia os 30 anos do programa "Castelo Rá-Tim-Bum", da TV Cultura, e os 25 anos do filme homônimo de Cao Hamburger inspirado na série. O escritor e cartunista Ziraldo, morto este ano, também será celebrado com a exibição dos dois filmes sobre o Menino Maluquinho.

Pelo segundo ano, a Mostra conta com um espaço temporário na Cinemateca Brasileira, que vai abrigar exibições na área externa do local, com sessões gratuitas e especiais. E pelo quarto ano consecutivo acontece o Encontro de Ideias Audiovisuais, que inclui o III Mercado, o VIII Fórum e o VIII Da Palavra à Imagem. Gratuito e aberto ao público em geral, ele reúne debates, exibições, lançamentos de livros e reuniões de 24 s 26 de outubro, na Cinemateca Brasileira.

Serão promovidas três masterclasses gratuitas durante o evento, uma delas para abordar a evolução do cinema indiano, outra sobre os primórdios do audiovisual e, a derradeira, dentro da programação do IV Encontro, sobre adaptações de obras literárias para as telas.

O Prêmio Humanidade será entregue ao cineasta e ex-Ministro da Cultura haitiano Raoul Peck, indicado ao Oscar de melhor documentário em longa-metragem em 2017 por "Eu não sou seu negro". Na programação está o inédito de Peck no Brasil "Enest Cole: achados e perdidos", premiado como melhor documentário no Festival de Cannes este ano.

A Mostra também exibe a série "Viva o cinema! Uma história da Mostra de São Paulo", de Gustavo Rosa de Moura e Marina Person, sobre os 48 anos do evento e sua importância na cena cultural de São Paulo e do país.

Cinema do Oriente Médio

O júri da 48ª Mostra é composto pela produtora argentina Hebe Tabachnik, o ator português Gonçalo Waddington, o produtor norte-americano Kyle Stroud, o crítico francês Thierry Meranger, a atriz Camila Pitanga e o cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf, que terá seus mais recentes filmes, "Aqui as crianças não brincam juntas" e "Falando com rios" exibidos no evento.

Três longas do cineasta palestino Michel Khleifi serão revisitados na Mostra: "A memória fértil", de 1980, "Núpcias na Galiléia", de 1987, vencedor do prêmio da Crítica em Cannes, e "O conto das três jóias perdidas", de 1995. Vários títulos que trazem olhares diversos sobre o Oriente Médio serão apresentados, entre eles "Contos de Gaza", do palestino Mahmoud Nabil Ahmed, "Happy holidays", do palestino Scandar Coti, "Israel e Palestina na TV Sueca 1958-1989"m de Göran Olsson, "A lista", da iraniana Hana Makhmalbaf, "No other land", dos palestinos Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor, o libanês "Linha verde", de Sylvie Ballyot e dois do israelense Amos Gitai, "Por que a guerra?" e "Shikun".

Também integram a programação a obra restaurada pela Cinemateca Brasileira de "Também somos irmãos", de José Carlos Burle, um dos primeiros filmes a abordar o racismo no Brasil. Serão exibidas ainda cópias restauradas de "Onda nova — Gayyotas Futebol Clube", de Ícaro (Francisco) C. Martins e José Antonio Garcia, exibido na 7ª Mostra, em1984, e logo após proibido pela censura; "Um é pouco, dois é bom", de Odilon Lopes, de 1970; "Brincando nos campos do senhor", de Hector Babenco, de 1991, e o curta inédito "Auto de Vitória", de 1966, dirigido por Geraldo Sarno e que terá debate com presença de Tom Zé.

Em homenagem a Rogério Sganzerla, morto há 20 anos, a Mostra exibe a versão digitalizada do longa "Abismu", de 1977, cuja cópia restaurada do filme foi exibida no Festival de Locarno no ano passado.

A festa do cinema em São Paulo também celebra os 40 anos de lançamento de "Paris, Texas", de Wim Wenders, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, com a exibição da restauração digital do negativo original. E os 20 anos de "Os educadores", de Hans Weingartner, que estará presente no evento, com sessões do longa restaurado. Também vai exibir a nova cópia do documentário "Tokyo Melody: um filme sobre Ryuchi Sakamoto", que Elizabeth Lennard lançou em 1985.

Em memória aos 50 anos da Revolução dos Cravos a cópia restaurada de "Capitães de abril", de Maria Medeiros, de 2000, será exibida juntamente com conversa com a diretora. Também será celebrado o centenário de Marcello Mastroianni, com uma série de filmes protagonizados pelo ator italiano.

Filmes selecionados serão mostrados em seguida na Mostra em Belém, com exibições de longas da programação entre 31 de outubro e 6 de novembro na capital paraense. E a tradicional itinerância promovida pelo Sesc por cidades paulistas ocorrerá em 10 unidades, de 15 de novembro a 15 de dezembro. Os filmes da Mostra serão exibidos nos Sesc Araraquara, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Preto, São Carlos, Birigui, Sorocaba, Jundiaí e Campinas.

A Mostra tem um aplicativo onde é possível conferir a programação, comprar ingressos e ler notícias do festival. Além dele, a plataforma Mobiload disponibiliza recurso de acessibilidade para 28 filmes da seleção.

A Netflix, por sua vez, volta a entregar um prêmio no festival. A honraria será concedida a um filme brasileiro da programação da Mostra que ainda não tenha contrato com um serviço de streaming. Também pela segunda vez será entregue o Prêmio Paradiso para um dos filmes selecionados da seção Mostra Brasil. A premiação vai apoiar a distribuição da obra nas salas de cinema do país. E pela segunda vez o coletivo BRA.DA, de diretoras de arte do Brasil, entrega um prêmio para direção de arte.