Alagoas

Escolas celebram alagoanidade em Desfile Cívico Estudantil

Cecília Calado 22/09/2024
Escolas celebram alagoanidade em Desfile Cívico Estudantil

O orgulho de ser alagoano marcou as comemorações dos 207 anos da emancipação do Estado. Reunindo mais de dois mil estudantes e 18 pelotões, o tradicional Desfile Cívico Estudantil trouxe vida e cor à Avenida da Paz, no bairro de Jaraguá, fazendo a Estrela Radiosa brilhar ainda mais forte no coração de cada alagoano que acompanhou atentamente todos os detalhes da grande festa.

 

O evento teve como tema “Comunidade Escolar e Território: Participação, Interação e Compromisso Social com Equidade” e contou com 18 pelotões formados pelas Gerências Especiais de Educação, Bandas Fanfarra e pelotões das Unidades de Ensino, Banda da Polícia Militar de Alagoas, Pelotão de Honra, Centros Estaduais, bandas convidadas e a equipe organizadora.

 

Os pelotões das 13 Gerências Especiais de Educação que percorreram a Avenida da Paz foram selecionados por meio de um concurso de produções literárias no gênero crônica, promovido pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) junto aos estudantes da rede estadual. A escola com a crônica mais inspiradora ganhou a honra de representar sua gerência, trazendo a cultura e identidade de sua comunidade.

 

Segundo Roseane Vasconcelos, secretária de Estado da Educação, o desfile é um momento para reforçar o senso de pertencimento dos estudantes. “Aqui enaltecemos não apenas a história de Alagoas, mas também a riqueza da nossa cultura, fortalecendo a cidadania alagoana dos alunos. Eles representaram seus territórios, conectando suas realidades ao compromisso social com equidade”, destaca.

 

As performances na avenida

 

Acompanhando o pelotão da 13a Gerência Especial de Educação (GEE) com a Escola Estadual Onélia Campelo, a professora Diva Mesquita disse que a unidade estava entusiasmada por participar do evento. “A mobilização foi intensa e todos se uniram para chegar à avenida pela primeira vez, representando nossa gerência. Passamos uma mensagem sobre as manifestações culturais e o respeito à diversidade. Acreditamos que a cultura é uma forma de enfrentar as desigualdades”, explicou.

 

A sustentabilidade também esteve em destaque no desfile, com os estudantes mostrando que estão comprometidos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. O pelotão da Escola Estadual Comendador José da Silva Peixoto, de Penedo, surpreendeu com uma ideia criativa: roupas feitas de materiais reciclados, alinhadas ao ODS 12, que trata do consumo e produção responsáveis. Vanúsia Barbosa, gestora da escola, destacou que a sustentabilidade foi o tema central ao longo do ano, levando a uma educação focada na formação de cidadãos conscientes.

 

“As roupas dos estudantes foram feitas com livros antigos, sem uso, trazendo para a avenida a mensagem de que tudo pode ser reaproveitado. Precisamos adotar o consumo consciente em tudo que fazemos. Iniciamos esse trabalho com os Projetos Integradores, e a comunidade escolar abraçou a ideia. Hoje, nossos estudantes já pensam diferente quando se trata de consumir. O futuro da nossa geração está nas mãos dessa juventude, e é fundamental que eles compreendam a importância de cuidar do meio ambiente”, reforçou a gestora.

 

Homenagens

 

Outro tema que ganhou destaque na avenida foi a diversidade. Vinda diretamente de Santana do Ipanema, no médio Sertão alagoano, a Escola Estadual Professor Mileno Ferreira da Silva levou para o desfile uma reflexão poderosa sobre as diversas formas de ser brasileiro, englobando orientação sexual, gênero, cultura, etnia e religião. “A redação da nossa escola, que foi selecionada, abordou exatamente isso: a diversidade no Brasil e a importância de respeitar as pessoas. Vamos representar as religiões de matriz africana, os indígenas, trouxemos a bandeira LGBT e também celebraremos as diversas culturas do Brasil. Somos um Brasil único, e a união é essencial”, afirmou a estudante Vitória Ferreira que carregava consigo uma bandeira LGBTQIPN+.

 

As personalidades alagoanas também foram homenageadas com orgulho. O médico psiquiatra Arthur Ramos, conhecido nacionalmente, foi o tema de um pelotão da Escola Estadual Arthur Ramos, de Arapiraca, que carrega seu nome. “Queremos mostrar a história dele e a sua relevância nacional e internacional. Temos muitas pessoas importantes ainda pouco conhecidas aqui que às vezes levam nome de praças, museus, mas não temos ideia de quem seja”, explicou a estudante Kaylane Brito.

 

Por trás de todo o brilho dos desfiles, há uma série de preparativos e sacrifícios, principalmente para os estudantes do interior. Para muitos, o dia começa ainda mais cedo, como foi o caso de Fernanda Maria, aluna da Escola Estadual Inaura Casado Costa, de Cajueiro. “Meu dia começou bem cedo, fiz cabelo, maquiagem e arrumei meu figurino logo de manhã, porque saímos de casa às 10 horas. Mas cada esforço valeu a pena. É a minha primeira vez desfilando em Maceió, e estou com o coração a mil, com orgulho de ser alagoana e fazer parte desse estado que tanto amo”, compartilhou a estudante, emocionada, que desfilou na comissão de frente.

 

Na arquibancada

 

Anualmente, a população alagoana se reúne nas arquibancadas para prestigiar a festa de cores e coreografias. Para muitos, o momento é uma tradição familiar, como é o caso de Maria dos Santos e José Santana. Casados há 54 anos, eles chegaram às 12 horas para garantir lugares na arquibancada e ficar na sombra. “O desfile é uma tradição da minha família há muitos anos, eu vinha com meus filhos pequenos, hoje estão todos grandes, mas a tradição continua comigo e com o meu marido. Hoje é um dia para aplaudir Alagoas, esse estado de pessoas fortes e guerreiras. Já conheci outros lugares, mas Alagoas é meu lugar no mundo”, revela Maria.

 

Seu marido, conhecido popularmente por Zeca, completa: “O mar como cenário torna o desfile ainda mais bonito, é um presente para nós alagoanos uma vista tão bonita como essa. Por isso, o segredo é realmente chegar cedo para garantir um lugar para prestigiar tudo na calma e na tranquilidade”, diz ele.

 

Grande parte da plateia também estava com o coração cheio de expectativa, ansiosos para seus filhos e netos brilharem na avenida. Adriana Silva, mora na parte alta de Maceió, mas às 11 horas da manhã já estava no Jaraguá devidamente equipada com protetor solar, boné e blusa de proteção UV. Tudo para garantir que não perderia o momento em que sua filha desfilasse.

 

“É uma honra estar aqui hoje. Sei o quanto de dedicação há por trás desse desfile, tanto dos professores, quanto dos estudantes e dos pais. Minha filha passou a semana inteira ansiosa, cuidando dos últimos detalhes para representar o Bumba Meu Boi, e tudo foi feito com muito carinho. Estou aqui desde cedo para apoiá-la e prestigiá-la, porque tudo que é importante para minha filha é importante para mim também”, comentou a mãe, orgulhosa.

 

Maria Gomes, também moradora da parte alta de Maceió e ex-servidora da educação do estado, fala com carinho sobre o desfile. Para ela, o evento traz à tona memórias especiais. “O desfile, para mim, é a cara da juventude, a energia dos jovens. Todo ano estou aqui prestigiando e me lembrando do tempo em que eu desfilava. Fui até baliza! Era uma época muito boa, que me traz muitas saudades. É por isso que sempre falo para os meus netos: aproveitem a juventude”, frisou.