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‘Vamos dar uma sacudida na pediatria do Rio’, afirma fundador da Rede D’Or
Em entrevista ao GLOBO, o médico e empresário Jorge Moll Filho detalha o mais novo empreendimento da Rede D’Or, o Hospital Barra D’Or pediátrico

O novo investimento da Rede D’Or, o maior grupo de hospitais privados do Brasil, será na pediatria. Com previsão de inauguração no primeiro trimestre do próximo ano, o Hospital Barra D’Or pediátrico ocupará o moderno prédio do Barra D’Or.
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A nova instituição será um marco na pediatria do Rio, cidade com avanços relativamente recentes na área. Até a chegada dos grandes hospitais no fim da década de 1990, os pais contavam com pequenas clínicas, as chamadas casas de saúde, como explica em entrevista ao GLOBO, Jorge Moll Filho, fundador da Rede D’Or e idealizador do novo projeto na Barra.
Além do panorama da pediatria na cidade, Moll (que também tem formação em cardiologia pediátrica) fala dos desafios nessa área médica ainda deixada de lado por empreendedores de saúde, conta sobre os projetos de criar faculdades de medicina, do descredenciamento da Amil e como a capilaridade da Rede mudou o cenário médico do país.
A Rede D’Or vai inaugurar um hospital pediátrico, como será o empreendimento?
Vamos dar uma sacudida na pediatria do Rio. Ele será onde hoje funciona o Hospital Barra D’Or. O Barra D’Or ficará localizado logo em frente, em um outro empreendimento supermoderno – o Barra 2. O investimento no hospital pediátrico é bastante especial e significativo por alguns motivos. O Barra é o primeiro hospital da Rede no país, inaugurado em 1998. Outra importante razão é o fato desse prédio se transformar justamente em atendimento pediátrico. Na história da pediatria do Rio, é tudo muito recente de forma geral.
O senhor se refere a poucos leitos de atendimento na pediatria?
Até o fim na década de 1990, a pediatria era feita em pequenas clínicas, as chamadas casas de saúde. Elas ainda existem, claro, mas em número menor. Esses lugares eram constituídos por algumas salas, centro cirúrgico pequeno, aparelhos de raio-x portátil. O Copa D’Or surgiu em 2000 com o primeiro grande serviço na área, incluindo emergência, internação pediátrica, aparelhos como ressonância magnética, tomografia, ultrassons modernos na beira dos leitos. Depois veio o Quinta, inaugurado em 2001, também com excelente serviço pediátrico. E temos o Jutta Batista, pediátrico, em Botafogo, que desde 2019 faz parte da Rede. A diferença na infraestrutura hospitalar em relação às clínicas é alta. E isso tudo foi mudando o paradigma do atendimento às crianças e adolescentes no Rio.
A pediatria não é menos rentável em relação a outras áreas da medicina?
A pediatria é uma especialidade que usa muito mais o exame clínico, menos o arsenal terapêutico caro. Isso, de certa forma, pode contribuir para ser considerada o 'patinho feio' de alguns empreendedores na área da medicina. Mas nem todos veem a força de venda que ela tem. Os pais desistem de terem seus próprios seguros saúde para dar aos filhos, se for preciso. Dificilmente uma família vai excluir o filho de um plano. Os pais querem os filhos protegidos. É da natureza isso.
O senhor citou hospitais com serviço de ponta em pediatria, justamente os que a Rede descredenciou a Amil recentemente. Esse tipo de atendimento médico foi decisivo na escolha dos hospitais?
O atendimento para crianças e adolescentes da Rede foi se aperfeiçoando ao longo de muitos anos pelo pediatra e pesquisador Arnaldo Prata Barbosa. Formamos pediatras das mais diversas especialidades que trabalham em hospitais. Temos muito orgulho da nossa pediatria que está entre as melhores do mundo. Escolhemos esses porque rodam bastante cheios. Na realidade, há outros hospitais fora da Rede na zona norte e sul que atendem a pediatria.
Há queixas de associações de hospitais sobre o não pagamento da Amil, o descredenciamento teve relação com isso?
Nós estamos, sim, entre os hospitais que não receberam as contas vencidas da Golden Cross cujos pacientes foram transferidos para a gestão da Amil, mas temos muitos outros hospitais que continuam atendendo a Amil.
Como estão os planos de criar a faculdade de medicina da Rede D’Or?
Estamos na fila. Temos o pedido de abertura em análise no Ministério da Educação, mas infelizmente ainda não temos o aval. Temos tudo para fazer faculdades de primeira grandeza. Bons profissionais, experiência. Temos infraestrutura para fazer no Rio e em outras cidades. Temos uma cultura que não se cria de uma hora para outra. Isso é importante dizer, as faculdades de medicina viraram um grande negócio e, como é sabido, muitas delas formam maus médicos. Esse é um dos maiores problemas da qualidade da medicina no Brasil.
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A residência médica é outro ponto delicado na formação do médico. Mesmo não sendo obrigatória para o exercício da profissão, é importante para a especialização. Como o senhor analisa esse cenário?
O residente tem um preço para o hospital. Paga-se para ele aprender com a prática. O que não é incomum de se ver é o hospital colocar esse residente para trabalhar sem a atenção necessária com o ensino. É importante ter infraestrutura de ensino adequada para o residente não ser mão de obra. Nosso objetivo é formar o médico de amanhã para atender o paciente sem supervisão. Só na pediatria começamos em 2010 com duas vagas de residência por ano, hoje temos seis.
Vocês inauguraram recentemente o primeiro centro de transplantes e cirurgia de alta complexidade do país, sediado em São Paulo. Quais são as próximas mudanças no Estado?
Estamos investindo forte no interior paulista. Serão ao menos seis novos hospitais inaugurados em até cinco anos.
A capilaridade da Rede tem conseguido mudar um conceito comum de que ‘a boa medicina é a praticada em algumas poucas cidades’?
A ideia de que ‘os melhores hospitais são as companhias aéreas’ está diminuindo muito, com investimentos também fora do eixo Rio-São Paulo. Vou dar como exemplo Brasília. O Paulo Hoff (oncologista e diretor de oncologia da Rede) até há pouco tempo ia para Brasília a cada 15 dias. Hoje formou oncologistas espetaculares e a frequência pode ser reduzida. A Ludhmila (Ludhmila Hajjar, diretora da cardiologia do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo), também diminuiu as idas com médicas assistentes muito boas no DF Star. Situação semelhante ocorre com o Instituto de Pesquisa, IDOR. Fundado no Rio, em 2010, hoje está presente com pesquisadores excelentes em São Paulo, Brasília e Salvador.
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O senhor não sente falta de praticar a medicina?
O que mais faço é conversar com médico. Minha cabeça nunca deixou de ser médica e minha motivação é melhorar a medicina. O novo movimento na Barra da Tijuca com o hospital pediátrico é exatamente isso.
Quando o Barra D’Or pediátrico vai ser inaugurado?
A previsão é de até o primeiro trimestre de 2025.
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