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Jogadores da NFL criticam Brasil, mas Filadélfia tem taxa de homicídios seis vezes maior que São Paulo

Três jogadores do Philadelphia Eagles espalharam fake news sobre o Brasil antes de chegar para jogo inédito no país

Agência O Globo - 06/09/2024
Jogadores da NFL criticam Brasil, mas Filadélfia tem taxa de homicídios seis vezes maior que São Paulo

Antes de vir para o Brasil, disputar a primeira partida de NFL na História do país, três jogadores do Philadelphia Eagles — time que enfrenta o Green Bay Packers hoje, em São Paulo — externaram "preocupação" por questões de segurança e meio ambiente. O cornerback Darius Slay chegou a reclamar em um podcast que a taxa de criminalidade por aqui é "muito alta", e que não gostaria de viajar. Porém, alguns números simples provam que a cidade de origem de sua equipe está em situação pior.

Seus companheiros, o recebedor A.J. Brown e o defensor C.J. Gardner-Johnson também seguiram na linha das reclamações. Gardner-Johnson chegou a compartilhar um post com diversas fake news, como uma suposta onda de crimes após as queimadas que atingem São Paulo. Brown afirmou que não iria sair do quarto durante a estadia.

— Eu não quero ir para o Brasil. A taxa de crimes é alta — disse Slay, em seu podcast. — Eu me pergunto porque a NFL quer nos mandar para um lugar onde a taxa de crime é tão alta.

Porém, segundo uma matéria do New York Times, Filadélfia é bem mais violenta que São Paulo. No ano passado, a capita paulista registrou 4,2 assassinatos por 100 mil pessoas, uma das menores taxas do Brasil. Já na cidade americana, a taxa de homicídios foi seis vezes maior, de 26,1 por 100 mil pessoas.

Os dados são do Homicide Monitor, um banco de dados de estatísticas governamentais do Instituto Igarapé. Conforme ele, a taxa da Filadélfia supera até mesmo a de homicídios em todo o Brasil (23,1).

Aliás, a maioria das cidades que têm franquias da NFL apresentou taxas de homicídios mais altas. A lista é longa. Nova Orleães, Baltimore, Cleveland, Detroit, Washington, Kansas City, Cincinnati, Atlanta, Indianápolis, Chicago, Minneapolis, Dallas, Buffalo, Houston, Nashville e Jacksonville são mais perigosas que São Paulo, que, em comparação, teve menos de um terço dos homicídios per capita.

Com exceção dos três jogadores, o resto da equipe dos Eagles se manteve tranquila. Ontem, em coletiva, além do quarterback Jalen Hurts, e do treinador Nick Sirianni, o quarterback Tanner McKee se posicionou com destaque.

— O Brasil tem uma grande influência na minha vida, estive aqui dos 18 aos 20 anos. Acho que as pessoas têm medo do que não conhecem. Eles (os outros jogadores) não conhecem nada sobre o país, apenas que aqui se fala português e que gostam de futebol. Eles vão ver que o povo é ótimo, terão experiências que vão mudar a visão deles — disse McKee.

Ele morou no país por cerca de três anos quando era missionário da igreja mórmon. Outros atletas que participaram da conversa com a imprensa destacaram o ineditismo de um jogo oficial da NFL na América do Sul.