Política

Família acusa equipe de candidata do PT de agredir estudante de 12 anos; ela nega e se diz alvo de ameaças

Petista registrou ocorrência na última quarta-feira dizendo que militante foi alvo de intimidação por grupo de alunos em Niterói; pais relatam soco no menino

Agência O Globo - 06/09/2024
Família acusa equipe de candidata do PT de agredir estudante de 12 anos; ela nega e se diz alvo de ameaças

Após a candidata a vereadora Mayara Gomes (PT) denunciar que uma militante de sua campanha teria sido alvo de ofensas e ameaças por parte de um grupo de alunos de uma escola particular de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, na tarde da última quarta-feira (4), familiares de um dos jovens afirmam que ele foi agredido com “um soco no rosto” por um dos apoiadores da petista. Eles registraram ocorrência na Polícia Civil e encaminharam o menino de 12 anos para a realização de exame de corpo de delito. Mayara nega as acusações e diz que vem sendo ameaçada nas redes sociais — veja a íntegra da nota ao fim da reportagem.

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A própria equipe de Mayara, que integra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), havia procurado a 77ª DP (Icaraí) para denunciar uma suposta intimidação por parte do grupo de estudantes. O caso foi registrado como difamação.

Na madrugada desta sexta, parentes de um dos jovens estiveram na mesma delegacia, onde foi lavrado um novo registro, desta vez pelo crime de “vias de fato”. Foi solicitado um exame de corpo de delito no menor, para averiguar se “há vestígio de lesão à integridade corporal ou à saúde da pessoa examinada”, entre outros pontos. Procurada, a Polícia Civil ainda não respondeu sobre o andamento dos dois inquéritos.

Os parentes do menino também passaram a relatar a suposta agressão por parte da equipe da petista nas redes sociais. A mãe do menino compartilhou documentos relativos ao caso, enquanto o pai chegou a entrar em contato com a reportagem por meio de um perfil no Instagram.

“Acho importante contarmos tudo: pessoas do grupo da candidata agrediram o meu filho com um soco no rosto naquela ocasião. E demoramos a fazer o B.O. porque ele estava com muito medo e abalado”, narrou.

A madrasta de outra criança presente também deu, em contato via redes sociais, sua versão do episódio. Ela contou que o grupo de estudantes do bairro de Icaraí, região nobre de Niterói, chegou a ser chamado de “fascistas”.

“Eles rasgaram o panfleto que foi entregue. Mas o ponto é que, depois disso, realizaram um motim contra eles e acertaram um soco no rosto de um deles. Uma criança de 12 anos. Fora a agressão psicológica sofrida por eles, que estão até hoje mal por nem saberem os significados de xingamentos que receberam”, sustentou a mulher ao GLOBO.

Por nota, Mayara reforçou que sua “banquinha de campanha” no Campo do São Bento “foi alvo de um ataque por parte de um grupo de jovens que, de forma violenta, rasgaram nossos materiais de campanha e proferiram expressões de ódio e violência de gênero contra as mulheres que estavam trabalhando no local”. A candidata frisa no texto que não estava presente no momento do ocorrido, acrescentando que “qualquer retaliação que esses jovens alegam ter sofrido não partiram de mim, nem de membros da minha equipe”.

“Infelizmente, desde então, minha segurança e da equipe de campanha estão em risco, pois venho sofrendo ameaças além de ser alvo de difamação e calúnia”, pontua a candidata do PT.

No registro de ocorrência lavrado pela petista na quarta-feira, ao qual O GLOBO teve acesso, consta que os jovens teriam rasgado os materiais de propaganda eleitoral que estavam sendo distribuídos no local e tentado tomar as bandeiras da candidata. “Falavam que ela era 'piranha', 'PT de merda', começaram a rasgar os panfletos, tomando da mão da militante. Eles andavam rasgando os panfletos e falavam: 'Vem cá que você vai ver'”, diz o documento assinado pela própria integrante do MST.

Veja a íntegra da nota enviada pela candidata nesta sexta-feira:

“Na última quarta-feira, nossa banquinha de campanha no Campo de São Bento foi alvo de um ataque por parte de um grupo de jovens que, de forma violenta, rasgaram nossos materiais de campanha e proferiram expressões de ódio e violência de gênero contra as mulheres que estavam trabalhando no local. Repudiamos veementemente tais atitudes e reforçamos nosso compromisso com uma campanha limpa, pautada no respeito e no diálogo.

No momento do ocorrido, eu não estava presente, pois me encontrava em agenda de campanha. Assim que soube do incidente, imediatamente procurei a administração do parque e a Guarda Municipal para solicitar ajuda e garantir a segurança de todos os envolvidos. Lamentamos profundamente o transtorno causado ao público e aos frequentadores do parque por essas atitudes irresponsáveis.  

Infelizmente, desde então, minha segurança e da equipe de campanha estão em risco, pois venho sofrendo ameaças além de ser alvo de difamação e calúnia. Quero deixar claro que qualquer retaliação que esses jovens alegam ter sofrido não partiram de mim, nem de membros da minha equipe. Não compactuo com violência ou qualquer tipo de retaliação. Continuaremos a realizar nossa campanha de maneira ética e transparente, sempre buscando o bem-estar de toda a população de Niterói.

Atenciosamente,  

Mayara Gomes”