Esportes
'Canibalização do calendário': sindicato mundial de jogadores diz que extensão de torneios é ameaça ao bem-estar de atletas
Entidade sugere a criação de um período mínimo garantido de folga e até mesmo a introdução de um número máximo de jogos para os atletas

O sindicato mundial de jogadores de futebol, FIFPro, acredita que os órgãos dirigentes do esporte mundial estão "falhando em cumprir seu dever de cuidado" para com os jogadores, negando a eles descanso suficiente e impondo jogos demais, com a expansão de torneios como a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes. A organização divulgou um relatório nesta quinta-feira solicitando a introdução de salvaguardas para jogadores que já enfrentam cargas de trabalho excessivas em meio a um calendário em constante crescimento.
Veja números do craque: Cristiano Ronaldo chega ao gol 900 da carreira
'Nápoles não é isto': torcedor dá relógio novo a David Neres após jogador ser roubado
O relatório sobre a carga de trabalho dos jogadores no futebol masculino ressalta as preocupações com "a crescente intrusão em suas vidas privadas e a falta de cuidado com os jogadores por parte dos órgãos dirigentes do futebol", diz a FIFPro. O sindicato sugere a criação de um período mínimo garantido de folga e até mesmo a introdução de um número máximo de jogos para os atletas.
O relatório é publicado pouco antes do início da nova e expandida Liga dos Campeões da UEFA, que agora envolve até quatro jogos extras para os clubes participantes. A temporada na Europa também deve terminar com a primeira edição do Mundial de Clubes expandido da Fifa, nos Estados Unidos, com 32 seleções.
O evento está previsto para ocorrer entre meados de junho e meados de julho, época em que os jogadores geralmente têm algum tempo de folga em anos sem grandes torneios internacionais.
"O bem-estar físico e mental dos jogadores deve ser uma prioridade se quisermos manter a integridade do jogo", disse Stephane Burchkalter, secretário-geral interino da FIFPro. "A canibalização do calendário de competições está levando os jogadores além dos seus limites e invadindo suas vidas privadas. Precisamos de salvaguardas para que os jogadores limitem suas viagens, garantam períodos de descanso e forneçam recuperação adequada para que possam atingir o desempenho máximo."
O estudo da FIFPro entrevistou 1.500 jogadores e descobriu que 54% já estavam expostos ao que chamou de "demandas de carga de trabalho excessivas ou altas".
'Definindo a estação'
Ele cita o exemplo de Julian Alvarez, que jogou 75 partidas pelo clube e pela seleção na temporada passada, incluindo uma participação na Copa América e nas Olimpíadas pela Argentina. No total, ele foi relacionado para 83 jogos no período, viajando e se preparando para essas partidas, mesmo que nem sempre sendo utilizado.
Maheta Molango, CEO da Associação de Jogadores Profissionais de Futebol da Inglaterra, citou os bons começos de temporada de Erling Haaland, do Manchester City, e Mohamed Salah, do Liverpool — que não foram para a Euro 2024 nem para a Copa América — como exemplos dos benefícios de ter uma pausa adequada entre as temporadas.
"É muito bom ir ao vestiário e ouvir alguém dizer o quanto sentiu falta dos treinos", disse Molango. "Foi muito revelador quando você viu o feedback de pessoas que não tiveram esse descanso. Eles parecem destroçados. Isso é muito preocupante, e esta temporada será a temporada decisiva. O calendário, não importa como você olhe, não faz sentido algum."
Farinha muita, meu pirão primeiro: para debater, é preciso entender a finalidade do fair play financeiro
Fair play financeiro: reunião discutiu estudo de modelos europeus e deixou claro objetivo de frear Textor
A FIFPro Europa se uniu recentemente às Ligas Europeias — um órgão que reúne mais de mil clubes de 33 países, incluindo Inglaterra, Itália, Alemanha e França — para registrar uma queixa na Comissão Europeia acusando a Fifa de abusar de sua posição.
A Fifa foi acusada de não realizar consultas sobre mudanças recentes no calendário, como a introdução da nova Copa do Mundo de Clubes.
"O número projetado de jogos para esses jogadores só vai aumentar", disse Alexander Bielefeld, diretor de políticas e relações estratégicas da FIFPro, acrescentando que o número de partidas que eles provavelmente jogarão é "chocante". "Nós simplesmente não acreditamos que o descanso voluntário vá resolver o problema."
Mais lidas
-
1MÚSICA
Edson e Hudson lançam álbum com clássicos sertanejos
-
2GUERRA
Ex-militar denuncia ataque com drone das Forças Armadas da Ucrânia contra mulheres durante evacuação
-
3HISTÓRIA
A saga de Lampião e Maria Bonita, 83 anos após a chacina de Angicos
-
4LUTO NA MÚSICA NORDESTINA
Morre Xameguinho, ícone do forró alagoano que levou o ritmo à Europa
-
5OBITUÁRIO
Gloria Vaquer, ex-mulher de Raul Seixas, morre nos Estados Unidos