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Maior cantora lírica do Brasil, Eliane Coelho apresenta canções de Rachmaninov na Sala Cecília Meireles

Soprano será acompanhada pelo pianista Gustavo Carvalho nesta quinta-feira

Agência O Globo - 04/09/2024
Maior cantora lírica do Brasil, Eliane Coelho apresenta canções de Rachmaninov na Sala Cecília Meireles
Maior cantora lírica do Brasil, Eliane Coelho apresenta canções de Rachmaninov na Sala Cecília Meireles - Foto: Reprodução/internet

A maior dama brasileira do canto lírico – que refinou seus dotes teatrais numa carreira que se abre por seis décadas, mais a trajetória como cantora-residente da Ópera Estatal de Viena – será ouvida na acústica privilegiada da Sala Cecília Meireles, nesta quinta-feira (5), ao lado do pianista Gustavo Carvalho, expandindo os limites de seu repertório de canções de arte.

– Em todo o repertório de lieder ("canções", em alemão), qualquer que seja o compositor, no momento em que entra a palavra, existe uma mensagem, existe um poema, cada canção é uma cena, é um personagem, e a gente sai de uma atmosfera para outra. Essa concentração destes dois minutos que contêm um mundo dentro de si é algo que me agrada muito, sobretudo pela intimidade com o público, numa comunicação muito direta – diz Eliane, com a autoridade de quem encarnou Isolda, Tosca, Salomé e Desdêmona, para citar apenas quatro papéis de enorme entrelaçamento entre performance vocal e texto.

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No universo intimista do lied, o duo de voz e piano já se apresentou na Lapa (e em outros teatros do país) com canções em alemão, em francês e em italiano, desvendando obras de craques do gênero, como Hugo Wolf e Schumann, mas também peças menos conhecidas de Messiaen, Wagner e Ullmann. Agora, essa jornada atraca em porto russo, com um repertório baseado em 21 canções de lirismo nostálgico de Serguei Rachmaninov (1873-1943).

– Prefiro não apontar uma favorita, porque gosto de todas. Mas a gente abre com uma que, traduzindo, fala de coisas como, "você se lembra de quando passeávamos perto do mar, os respingos, a gente de mãos dadas, esquecendo dos problemas". Parece um passeio no Arpoador – diverte-se a soprano, que mora atualmente em Teresópolis.

O público terá acesso a essa "bossa russa" e muito mais nas legendas das canções, traduzidas por Irineu Franco Perpétuo, que tem no largo currículo a tradução da "Anna Kariênina", de Tolstói, e, mais recentemente, "Alamedas Escuras", de Ivan Búnin. Aliás, um dos textos musicados por Rachmaninov, "Noite Triste", é exatamente de autoria de Búnin, alguém que o tradutor identifica como o "Rachmaninov da literatura", por ser também um artista exilado que propõe sua arte sem rupturas estéticas imediatas.

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Para o pianista Gustavo Carvalho – amigo de Eliane desde 2000, quando foi admitido na universidade de música em Viena –, a dedicação da cantora à palavra é um destaque à parte.

– Nosso primeiro concerto foi em 2007, na Grande Sala do Conservatório de Moscou, em que tocamos Nepomuceno, Berg e na segunda parte, Rachmaninov. Desde então, a gente vem trabalhando juntos, não apenas com a experiência operística que ela traz, mas um extremo respeito em relação ao texto, a tal ponto que ela decidiu estudar russo há alguns anos com uma seriedade impressionante, apenas para lidar com esse repertório – afirma Carvalho, que também é produtor do festival anual Artes Vertentes, que acontece em Tiradentes-MG.

– Minha primeira tentativa com a canção russa foi em 1970 – conta Eliane. – Foi quando dei meu primeiro recital na Alemanha com "As Noites de Verão", de Hector Berlioz, e um ciclo de Mussorgski, chamado "O Quarto das Crianças". Sempre tive paixão pelos russos e agora, estudando o idioma com a Masha (Maria Vrágova, mulher de Carvalho), sinto que estou numa nova etapa. Ainda não vou ler os textos no original, isso fica para a próxima vida, mas gera uma maior intimidade que é fundamental para comunicar a palavra e o sentimento – diz Eliane, que, em 2025, deve embarcar no repertório de Erik Satie.

Serviço

Eliane Coelho, voz. Gustavo Carvalho, piano.

Quando: Quinta-feira, 5 de setembro. Horário: 19h. Onde: Sala Cecília Meireles (Largo da Lapa, 47 - Centro). Quanto: R$ 20 e R$ 40