Economia
Petrobras só consegue reduzir rejeição de gás em novas plataformas, diz presidente da estatal
Medida é prevista em decreto assinado por Lula
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou, nesta quarta-feira, que a estatal não está preparada para reduzir os níveis de reinjeção de gás natural em todos os campos explorados pela empresa, para aumentar a oferta do combustível no país. Ela explicou que nem todas as plataformas foram construídas para levar o gás até a costa brasileira.
Um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última segunda-feira, dá poderes para a Agência Nacional de Petróleo (ANP) determinar a redução da reinjeção de gás nos poços para os novos projetos e estimular que nos antigos, com contrato assinado, as petroleiras topem aderir à medida. Na reinjeção, o gás extraído dos campos de petróleo é injetado novamente nos poços. Isso é feito, por exemplo, para melhorar a extração de petróleo, por falta de infraestrutura e alto teor de carbono. O governo vê no processo um desperdício de gás, que poderia ser aproveitado.
Chamou a questão de "delicada" e revelou que campos como o de Búzios, o segundo maior produtor do Brasil, neste momento não têm como se adaptar ao decreto. Disse que considera "lastimável" essa situação, responsabilizando o governo Bolsonaro.
— Algumas plataformas da Petrobras foram desenhadas no governo passado, sem possibilidade de exportação de gás para a costa. É um assunto delicado, porque evita a possibilidade de comercialização de uma quantidade muito grande de recurso. É mais uma correção de rumo que estamos fazendo na Petrobras — afirmou. — Nós vamos fazer isso nas novas plataformas. Nas que já estão lá e nas que estão sendo entregues não será possível.
Segundo a presidente da Petrobras, um dos pontos positivos do decreto assinado por Lula é que a redução do gás reinjetado só deve ocorrer onde há viabilidade técnica. Enfatizou que um projeto de petróleo com gás associado em alto mar precisa incluir a exportação do gás para a costa brasileira.
Chambriard assegurou que o decreto não atrapalha a Petrobras que, segundo ela, tem como desafio aumentar a oferta de gás no mercado brasileiro. Lembrou que será inaugurada, no fim de setembro, o gasoduto Rota 3, que interliga o pré-sal da Bacia de Santos ao Gaslub (ex-Comperj), no município de Itaboraí (RJ), e terá capacidade de se adequar à nova regra sobre reinjeção.
— Vamos botar mais gás no mercado brasileiro. E estamos olhando fertilizantes e petroquímica como um grande espaço para ampliar o fornecimento do nosso gás.
Perguntada se a entrada da Pré-Sal Petróleo (PPSA) no setor de gás iria atrapalhar a empresa, a presidente da Petrobras reforçou seu argumento, ao dizer que o mercado brasileiro é grande e a oferta é pouca.
— Para vocês terem uma ideia, fizemos uma conta rápida: se a gente fosse fornecer todo o gás para fazer fertilizante nitrogenado no país, a gente ia precisar de 30 milhões de metros cúbicos por dia, que nos não temos para disponibilizar. O mercado brasileiro é enorme, imenso, ávido por combustível.
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