Por 15 votos a favor, 1 contra e 1 abstenção, o Conselho de Ética da Câmara aprovou o relatório da deputada Jackie Rocha pela cassação do mandato parlamentar de Chiquinho Brazão. Ele é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e está preso desde março por obstrução de Justiça. Agora, a defesa de Brazão terá cinco dias úteis para recorrer à Comissão de Constituição e Justiça.

Ao fazer a leitura do relatório, Jackie Rocha rebateu ponto a ponto os argumentos da defesa. Ressaltou a crueldade do crime e a relação da violência de gênero com a violência política. Falou em ligação com milícia, em crime organizado e colaboração com atividades ilegais. E lembrou a oposição que Marielle fazia a Chiquinho.

Ao final, a relatora acrescentou que atividade parlamentar e prisão são atividades incompatíveis e recomendou a cassação. Mas, antes da leitura do voto, o próprio Chiquinho Brazão — que está preso desde março por obstrução de Justiça e participou por videoconferência — se disse inocente e amigo de Marielle.

O deputado ainda rebateu as acusações de ter ligações com a milícia na região de Rio das Pedras, no Rio de Janeiro. Disse que era apenas um trabalho de levar obras para o local. A defesa negou ligação de Brazão com qualquer denunciado pelo crime e chegou a pedir a suspensão da representação por seis meses, enquanto o processo avança na Justiça. Pedido logo negado pela relatora e pelos demais.

A perda de mandato não é imediata. Ainda precisa passar pelo plenário, se o recurso na Comissão de Constituição e Justiça for rejeitado. No plenário, são necessários 257 votos, maioria absoluta, em votação aberta.