Internacional
Investidora russa e suposta namorada de Pavel Durov o teria acompanhado em viagem à França, diz jornal; saiba quem é
CEO de 39 anos tinha mandado de busca em aberto no território francês

O fundador e CEO do aplicativo de mensagens criptografadas Telegram, Pavel Durov, foi preso no aeroporto de Le Bourget, França no último sábado, informou o canal francês TF1. Nos dias que antecederam a prisão, uma investidora russa, que atua no ramo das criptomoedas, foi vista viajando com Durov, e não foi mais vista desde a chegada dos dois em Paris.
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Conhecida como Yulia — ou Yuli — Vavilova, de 24 anos, a streamer não usa seu verdadeiro sobrenome publicamente. Ela teria chegado à capital francesa com Durov, mas não foi mais vista desde que ele foi preso nos degraus de seu jato particular Embraer Legacy 600, ainda na pista do aeroporto.
Ao longo dos últimos dias, uma mulher loira, que parece ser Vavilova, foi registrada em fotos em diversos países, ao lado Durov e seus colegas. Uma das imagens, registradas em Baku, capital do Azerbaijão, mostra a mulher tomando café da manhã com o grupo, antes de embarcarem para Paris. Ela foi vista sentada ao lado de Durov no restaurante Shore House Baku, ao lado do Mar Cáspio, em vídeo revelado pelo meio de comunicação russo SHOT.
Segundo a imprensa russa, por meio de publicações de ambos nas redes sociais, foram notadas localizações em comum ao longo da viagem, como um campo de tiro no Azerbaijão, onde teriam ido juntos. Apesar de não ter mencionado Durov publicamente, ela o teria acompanhado na viagem pela Ásia Central, e, ainda de acordo com a imprensa russa, o relacionamento deles já é conhecido em certos círculos em Dubai, onde ambos vivem.
A família de Vavilova, na Rússia, afirmou que não tem conseguido entrar em contato com ela desde sábado. O bilionário de 39 anos tinha acabado de desembarcar do Azerbaijão quando foi detido. Segundo a imprensa, Durov era alvo de um mandado de busca, emitido após uma "investigação preliminar".
Quem é Yulia Vavilova?
Vavilova se autodenomina uma gamer, streamer e investidora em criptomoedas, além de administrar um canal sobre criptomoedas em árabe, idioma que ela fala fluentemente. Além de russo, ela também é fluente em inglês e espanhol, e ministra cursos pagos sobre investimentos nas línguas que fala.
A criadora de conteúdo cancelou todas as transmissões do Twitch desta semana, listando seu status como “de férias”. Sua última postagem no Telegram apresenta um vídeo na estrada, onde um carro antigo da era soviética apresenta uma placa azeri, provavelmente em Baku.
A "coach de criptomoedas" é de Moscou, mas mora em Dubai há cerca de dois anos. Cidade que tem sido a base da vida itinerante de Durov desde 2014, quando deixou sua terra natal devido à pressão do regime de Putin para permitir que seus serviços de segurança tivessem acesso ao Telegram.
'Liberdade de expressão absoluta'
Durov é investigado pela Justiça francesa, que acusa o Telegram de ser cúmplice de "tráfico de drogas, crimes contra crianças e fraudes", pela ausência de moderação e ferramentas oferecidas.
O canal afirma que Durov pode enfrentar acusações neste domingo por diversos crimes, incluindo terrorismo, fraude, lavagem de dinheiro, receptação, conteúdos criminoso infantil, entre outros. Ele deve ficar sob prisão preventiva.
Professor de Estudos de Mídia da Universidade da Virgínia, nos EUA, David Nemer, explica que o Telegram se diferencia de outras big techs em operação no país por se vender como uma plataforma de liberdade de expressão absoluta.
— Pavel Durov, fundador do Telegram, traz para a plataforma a ideia de liberdade de expressão absoluta, em que qualquer interferência é vista como censura. Ao atrair uma audiência que quer promover discursos que são criminalizados, Telegram vira o mais próximo de uma plataforma da dark web que a gente tem na internet aberta. Ele traz conteúdos que sempre existiram na periferia da internet para o centro do debate, através de seus espaços facilmente acessíveis — aponta Nemer.
Algumas das características que o tornam tão propício aos crimes são a autodestruição de mensagens, muito usada em chats para venda de drogas ou pedofilia, o anonimato, a ferramenta de busca interna, que funciona como um "Google" com alcance a todo o conteúdo aberto existente na plataforma, publicado por qualquer usuário.
Diferentemente do WhatsApp, em que as contas são associadas a números de telefone públicos — qualquer usuário dentro de um grupo pode visualizar o número telefônico dos demais —, no Telegram os usuários podem frequentar chats sem mostrar foto, número, nome ou qualquer informação que os denuncie.
O Telegram tem um longo histórico de atritos com autoridades. Antes das eleições presidenciais do ano passado, em março de 2022, o aplicativo de mensagens chegou a ser alvo de uma decisão de bloqueio determinada por Moraes sob a justificativa de que descumpria decisões judiciais e desrespeitava a legislação brasileira. Na época, entre as determinações judiciais descumpridas, estava a de bloquear contas ligadas ao youtuber bolsonarista Allan dos Santos, em meio a esforços do STF contra ataques às instituições e ao processo eleitoral.
A empresa, porém, evitou um bloqueio após apresentar medidas para atender às determinações de Moraes. Além de remover as publicações e bloquear canais e perfis indicados pelo STF, o aplicativo indicou um representante legal no país e anunciou medidas para combater desinformação, como o monitoramento dos 100 canais mais populares do Telegram no Brasil, o que levou o ministro da Corte a revogar sua decisão.
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