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Empresa gerida por sobrinha bisneta de Tarsila do Amaral defende autenticidade de tela de 1925, que foi questionada por parte dos herdeiros
Disputa sobre a certificação da pintura 'Paisagem, 1925' expõe racha na família: antiga gestora do espólio, Tarsilinha Amaral contesta metodologia utilizada por Paola Montenegro, que comanda a Tarsila S.A. desde o ano passado

Após um grupo de herdeiros de Tarsila do Amaral (1886-1973), liderados por Tarsilinha Amaral, sua sobrinha neta, divulgar uma carta aberta nesta quarta-feira (21) afirmando que não reconhece a autenticidade da tela “Paisagem, 1925”, cuja existência veio a público em abril, na 20ª edição da SP-Arte, a Tarsila S.A., empresa responsável pelo gerenciamento do espólio da pintora, respondeu ao texto nesta quinta-feira (22), com uma nota rebatendo as acusações.
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A disputa interna entre os herdeiros da modernista se agravou com a polêmica sobre a certificação da tela de 1925, que não consta do catálogo raisonné da pintora, é de propriedade de Moisés Mikhael Abou Jnaid, brasileiro-libanês com dupla nacionalidade, e teria sido levada para o Líbano em 1976 e voltado somente em dezembro do ano passado. A cisão familiar se tornou pública no ano passado, quando, em meio a uma disputa judicial, Tarsilinha foi substituída na gestão do espólio por Paola Montenegro, sua sobrinha bisneta.
Rebatendo o texto dos herdeiros (que Paola afirma ser subscrita por um terço dos sucessores, e não metade, como o grupo de Tarsilinha sugeria na nota), a Tarsila S.A. alega que "a certificação de autenticidade da obra 'Paisagem 1925' em nenhum momento comprometeu o legado da artista. Pelo contrário, ampliou e enriqueceu sua coleção com a inclusão de mais um quadro, com reflexos importantes para o patrimônio cultural brasileiro, definidor das características da artista".
A nota ressalta ainda que "a Tarsila S/A tem justo direito de certificar a autenticidade das obras da pintora Tarsila do Amaral; assim como promover uma nova catalogação de suas obras" e diz que a carta que contesta o resultado "apenas expressa o descontentamento com a modernização em curso na empresa e semeia o descrédito sobre esse valioso patrimônio cultural".
Na carta aberta divulgada por Tarsilinha e outros herdeiros, os sucessores manifestaram "seu completo e total repúdio às afirmações lançadas por pessoas que não estão autorizadas pela maioria da família para alterar e certificar a autenticidade de obras da renomada artista plástica". O texto ainda afirma que "os herdeiros mais próximos de Tarsila do Amaral nunca ouviram falar dessa obra, sendo inverossímil que ela tenha permanecido oculta por tanto tempo".
Uma das consequências na troca da gestão do espólio foi a mudança no Comitê de Autenticação, com uma alteração da metodologia para a certificação de obras de Tarsila. Antes, este processo era conduzida por Aracy Amaral, considerada a maior expert na obra da pintora no Brasil e que estava à frente da equipe que conduziu os trabalhos de elaboração do catálogo raisonné, publicado em 2008. Agora, o Comitê é presidido por Douglas Quintale, perito no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e dono da Quintale Art Law, especializada em certificação de obras de arte. Quintale foi o responsável pelo processo de quatro meses de certificação da obra. Sobre a metodologia contestada por parte dos herdeiros, a nova nota destaca que "o processo é técnico-científico e contou com apoio de equipamentos de última geração da Universidade de São Paulo, do Laboratório Móvel de Análise de Obras de Arte do Instituto Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Federal Fluminense".
Não foram apenas os herdeiros fiéis a Tarsilinha que questionaram a certificação da obra. Na terça-feira (20) a Agab (Associação de Galerias de Arte do Brasil) soltou nota afirmando que não reconheceria o laudo de autenticidade elaborado por Quintale "assim como outros eventuais laudos de obras atualmente desconhecidas que venham a surgir no futuro”, caso não contem com a participação de Tarsilinha, Aracy Amaral, Vera d’Horta, Regina Teixeira de Barros, e Maria Izabel Branco Ribeiro, responsáveis pela catalogação das obras da artista em seu raisonné.
Na carta aberta divulgada por Tarsilinha e outros herdeiros, os sucessores "manifestam seu completo e total repúdio às afirmações lançadas por pessoas que não estão autorizadas pela maioria da família para alterar e certificar a autenticidade de obras da renomada artista plástica". O texto ainda afirma que "os herdeiros mais próximos de Tarsila do Amaral nunca ouviram falar dessa obra, sendo inverossímil que ela tenha permanecido oculta por tanto tempo".
A tela “Paisagem, 1925", estava à venda por R$ 16 milhões, mas agora sua avaliação teria saltado para R$ 60 milhões, segundo a OMA Galeria, que negocia a obra. Na nota publicada pela OMA Galeria, Moisés Mikhael Abou Jnaid afirma que a obra foi um presente de seu pai, Mikael Mehlem Abouij Naid, para sua mãe, Beatriz Maluf, pelo seu matrimônio, realizado em novembro de 1960, em Pirajú (SP). A obra teria sido levada para Zahle, no Líbano, após a morte da matriarca, e teria retornado ano passado após a eclosão da guerra entre Israel e Hammas. Segundo o proprietário, " a tela tem um valor simbólico e emocional" e que, até então, a família não tinha "ciência do valor estimado desta obra".
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