Internacional
Secretário de Estado dos EUA deixa Oriente Médio sem avanços para trégua em Gaza e em meio a ataque de Israel no Líbano
Negociações serão retomadas nesta semana, e Antony Blinken alerta às partes que esta pode ser 'última chance' para paz

Foi em meio a bombardeios israelenses em Gaza e troca de agressões entre o Exército de Israel e o Hezbollah que o secretário de estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, concluiu na noite de terça-feira sua viagem ao Oriente Médio, a nona desde o início da guerra em Gaza, em outubro. O giro pela região, que tinha como objetivo maior pressionar por um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, terminou sem progressos concretos, e Blinken advertiu as partes que a proposta americana para um cessar-fogo poderia ser “a última chance” para a paz.
— Isso é algo que precisa ser feito, e precisa ser feito nos próximos dias, e faremos tudo o que pudermos para que seja feito — disse o secretário americano a repórteres em Doha, no Catar, antes de partir para Washington.
Blinken desembarcou em Israel no domingo em meio à intensificação da crise humanitária em Gaza, onde mais de 40 mil palestinos morreram desde o início do conflito, e à tensão pela resposta iraniana e de seus aliados. Para além da libertação dos reféns e a atenuação da crise humanitária no enclave palestino, Washington acredita também que um cessar-fogo em Gaza ajudaria a evitar uma conflagração regional, incluindo um possível ataque a Israel pelo Irã e seus aliados, como o Hezbollah, em retaliação ao assassinato do chefe do Hamas em Teerã e o comandante do movimento xiita libanês em Beirute.
Na terça, o secretário passou pelo Catar e Egito, os outros dois mediadores do conflito. As negociações intermediadas pelo trio serão retomadas nesta semana, depois que os EUA apresentaram uma proposta de trégua na sexta-feira durante a primeira rodada de contatos em Doha. O esboço apresentava uma espécie de "ponte" para fechar as lacunas existentes entre as partes e, segundo Blinken, foi aceita pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
O novo impasse ocorre mediante à insistência de Netanyahu para, de acordo com a mídia israelense, manter o controle do Corredor Philadelphi, uma faixa de 14 quilômetros ao longo da fronteira entre Gaza e Egito. O premier afirma que continuará a guerra até que o Hamas, que governa Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos EUA e pela União Europeia, seja destruíd.
Desde o início, foi dito “muito claramente que os EUA não aceitam uma ocupação de longo prazo de Gaza por Israel”, disse Blinken na terça-feira, em Doha, quando perguntado sobre os supostos comentários de Netanyahu.
— Mais especificamente, o acordo é muito claro sobre o cronograma e os locais das retiradas (das Forças Armadas de Israel) de Gaza, e Israel concordou com isso. Então, isso é tudo que eu sei. É sobre isso que tenho muita clareza — afirmou o secretário.
O Hamas, que não participou das últimas negociações, disse que estava “ansioso para chegar a um cessar-fogo”, mas rejeitou as “novas condições” impostas por Israel à proposta dos EUA, argumentando que significariam a continuação da ocupação israelense e, portanto, do conflito. O grupo exige a negociação a partir de um esboço delineado pelo presidente Joe Biden em maio e aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU no mês seguinte, que prevê uma primeira fase de seis semanas de trégua com a retirada do Exército israelense das zonas densamente povoadas de Gaza e uma troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos em Israel. Na segunda fase, o acordo inclui a retirada total das tropas israelenses do enclave.
O Egito também se opõe à manutenção das tropas israelense em Gaza, e, segundo a Reuters, fontes de segurança do Cairo disseram que os EUA propuseram uma presença internacional no corredor. A sugestão, segundo as fontes à agência de notícias britânica, seria aceitável para o governo egípcio, mas sob um prazo máximo de seis meses.
Nenhuma das autoridades do Hamas e dos países envolvidos nas negociações informaram o que está na proposta e como ela difere das anteriores.
Mortos em Gaza e no Líbano
Durante a viagem de Blinken, os combates em Gaza continuaram em toda a extensão de Gaza. Ao menos três pessoas foram mortas em bombardeios durante a noite de terça-feira, de acordo com a Defesa Civil do território palestino. Testemunhas relataram bombardeios em Khan Younis, no sul, bem como em Jabaliya, no norte, e criançe em Deir al-Balah, no centro do enclave. Em Jabaliya, uma criança foi morta e sete pessoas foram feridas por projéteis israelenses disparados contra o campo de refugiados, disseram os socorristas.
O Exército israelense disse nesta quarta-feira que havia atingido “cerca de 30 alvos terroristas na Faixa de Gaza”. Em um comunicado, as forças escreveram: “Os soldados eliminaram dezenas de terroristas armados e desmantelaram uma grande parte da infraestrutura terrorista em Rafah”.
Os combates também continuam na fronteira entre o Líbano e Israel, onde militares israelenses e combatentes do Hezbollah trocam ataques diários desde outubro. Um chefe do partido Fatah, entidade também considerada terrorista por Israel, e uma fonte de segurança libanesa relataram a morte de um funcionário do Fatah em um ataque israelense em Sidon, no sul do Líbano, nesta quarta-feira. O Exército israelense confirmou que tinha como alvo o comandante Jalil al-Maqdah, chefe do braço armado do Fatah no Líbano, a quem acusa de trabalhar para o Irã.
Esse “assassinato” é “mais uma prova de que Israel quer desencadear uma guerra em grande escala na região”, disse à AFP Tufiq Tirawy, membro do comitê central do Fatah em Ramallah, sede da Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada.
Mais cedo nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde libanês anunciou que os ataques israelenses deixaram pelo menos um morto e 19 feridos no leste do país, horas depois que quatro pessoas foram mortas em outros ataques no sul. O Hezbollah reivindicou a responsabilidade pelo disparo de foguetes Katiusha contra várias posições militares no norte de Israel.
Reféns libertados
A guerra em Gaza estourou em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas lançaram um ataque terrorista no sul isralense que matou 1.199 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma avaliação da AFP baseada em números oficiais. Eles também fizeram 251 reféns, dos quais 105 permanecem em Gaza, incluindo 34 que foram declarados mortos pelo exército.
A resposta israelense ao ataque já deixou pelo menos 40.223 mortos, de acordo com o Ministério da Saúde do enclave palestino, que não detalha quantos são civis ou combatentes. A ONU disse que a maioria dos mortos são mulheres e crianças.
Na terça-feira, o Exército israelense anunciou a recuperação dos corpos de seis reféns — todos homens — em uma operação em um túnel em Khan Younis. As Forças israelenses estão investigando a causa das mortes, incluindo a possibilidade de que alguns ou todos os seis reféns tenham sido mortos por fogo israelense durante operações militares na região.
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