Internacional
Estrela na convenção democrata, Obama busca reviver coalizão que o elegeu
Pessoas próximas ao ex-presidente dos EUA, que no evento de 2016 teve missão de passar bastão para Hillary Clinton, dizem que ele terá tarefa semalhante na noite desta terça (20)

“É justo dizer que esta não é uma eleição típica”, disse Barack Obama em uma convenção política lotada, prestes a fazer história ao nomear uma mulher para presidente. Isso foi em julho de 2016, quando Obama estava deixando a presidência, exaltando os talentos de Hillary Clinton e alertando sobre os perigos de Donald Trump, que era amplamente considerado pelos democratas na sala como alguém a ser facilmente derrotado.
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Qualquer pessoa que leia esse discurso hoje perceberá imediatamente que o Obama poderia fazer grande parte dele, palavra por palavra, nesta noite de terça-feira (20) em Chicago. As frases serão diferentes — um reflexo de a história de vida da vice-presidente Kamala Harris e sua experiência no governo são muito diferentes das de Clinton. Mas sua mensagem central sobre a tenacidade de Kamala pode muito bem ser extraída do que ele disse sobre Hillary.
Sem dúvida, haverá ecos de oito anos atrás, quando Obama descreveu os perigos representados por Trump, a quem chamou de vendedor ambulante de “uma visão profundamente pessimista de um país, em que nos voltamos uns contra os outros e nos afastamos do resto do mundo”. Mas a missão de Obama na noite desta terça-feira será muito maior do que a que ele buscou realizar em 2016. Naquela ocasião, ele estava entregando um bastão, com a força da presidência por trás dele. Desta vez, sua tarefa será ressuscitar o movimento que o levou à Casa Branca.
'É um cenário muito diferente'
Após o discurso de despedida do presidente Biden para o partido na segunda-feira (19), é tarefa de Obama separar Kamala Harris dos anos Biden — ao mesmo tempo em que argumenta que ela foi central no governo atual. É, essencialmente, o argumento que ele apresentou sobre o papel de Hillary Clinton em seu próprio governo. Obama deve ainda tentar transferir para Kamala a sensação de horizontes infinitos que cercou sua própria primeira candidatura à presidência, em 2008.
Será uma combinação complicada, disseram pessoas próximas a Obama, um momento de transição que os planejadores da convenção deliberadamente colocaram nas mãos do maior orador vivo do partido.
— O presidente Obama discursou como titular da presidência em 2016, em favor de uma das marcas mais conhecidas da política americana — disse David Axelrod, estrategista-chefe de Obama para suas campanhas políticas e conselheiro sênior que ficava no final do corredor do Salão Oval, onde Obama às vezes entrava, de meias, para refletir sobre os dilemas políticos do momento. — Ele falará na terça-feira como alguém que também já foi "o candidato da mudança", no momento em que o partido está mostrando sinais de energia renovada por trás de Kamala Harris. É um cenário muito diferente.
Visão de unidade nacional
Os democratas estão apostando que, se alguém conseguir fazer isso, será o homem que ficou conhecido de muitos americanos na convenção democrata de 2004, em Boston. Naquela ocasião, como senador do estado de Illinois que estava concorrendo ao Senado dos EUA, ele foi escolhido para ser um dos oradores principais. Sua fala deixou uma impressão maior do que o próprio discurso de aceitação da nomeação do candidato do partido, o senador John Kerry — que, assim como Hillary Clinton, mais tarde foi secretário de Estado de Obama.
A frase dita por Obama naquela noite, de que “não há uma América liberal e uma América conservadora — há os Estados Unidos da América”, prometia uma visão de unidade nacional em um momento de esgarçamento do tecido social. “Não existe uma América negra e uma América branca, uma América latina e uma América asiática”, acrescentou. “Há os Estados Unidos da América.”
Ex-assessores de Obama dizem que ele deve voltar a esse tema na noite de terça-feira, ao defender que não se deve alimentar as divisões sociais das quais Trump tem se beneficiado. E seus ex-assessores esperam que ele se baseie fortemente em sua antiga crítica a Trump — “alguém realmente acredita que um cara que passou seus 70 anos nesta Terra não demonstrando nenhuma consideração pelos trabalhadores vai de repente ser seu campeão?”— atualizada com algumas acusações e uma condenação.
Especulações viraram História
“Donald Trump chama nossas forças armadas de desastre”, disse Obama em 2016, insistindo em seu argumento. “Aparentemente, ele não conhece os homens e mulheres que compõem a força de combate mais forte que o mundo já conheceu. Ele sugere que os Estados Unidos são fracos. Ele não deve ouvir os bilhões de homens, mulheres e crianças, do Báltico à Birmânia, que ainda esperam que os Estados Unidos sejam o farol da liberdade, da dignidade e dos direitos humanos.”
Na ocasião, Obama também acusou Trump de “se aconchegar” com o presidente russo Vladimir Putin e dizer "aos nossos aliados da OTAN, que ficaram ao nosso lado após o 11 de Setembro, que eles precisam pagar se quiserem nossa proteção”.
Mas, como Axelrod observa, “muita coisa aconteceu desde 2016":
— O que na época era apenas especulação sobre o potencial de Trump para excessos e transgressões agora faz parte de sua História como presidente.
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