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Letícia Colin e Sergio Guizé entram para 'Os outros 2': 'Personagem mais difícil que já fiz', diz atriz
Atores fazem um Rachel e Paulo, casal religioso que mora em condomínio de luxo ao lado do miliciano Sérgio (Eduardo Sterblicht); autor Lucas Paraizo diz que segunda temporada 'tem outro ritmo' em relação à primeira

Os atores Letícia Colin e Sergio Guizé entraram para o elenco da segunda temporada de “Os outros”, série do Globoplay que estreia na próxima quinta-feira, com a sensação de que o sarrafo está “altíssimo”. E não é para menos. A primeira parte foi a produção original mais vista da história da plataforma até 2023 e venceu o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Artes) do ano passado como melhor série de ficção, com Milhem Cortaz, o Wando, reconhecido como o melhor ator. Com ele, contracenaram Adriana Esteves (Cibele), Eduardo Sterblitch (Sérgio), Maeve Jinkings (Mila) e Thomas Aquino (Amâncio). Eles interpretaram moradores de um condomínio de prédios da Barra da Tijuca que viveram as consequências de uma escalada de absurda violência a partir de uma briga entre adolescentes no prédio.
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— Era fã de “Os outros”, esperava saírem os episódios para ficar comentando (com amigos) no “Zap”, (então) foi como ter sido chamada para fazer “Game of thrones”— brinca Letícia, em conversa com o GLOBO por chamada de vídeo, ao lado de Guizé. —É muito bom fazer parte de uma coisa que a gente viu, mas também muito difícil. Os atores performaram muito bem na primeira temporada. O público já aprendeu a gostar deles, daquela lógica e daquele condomínio.
Mas o condomínio agora é outro — ainda que o bairro continue o mesmo. Saem os apartamentos do Barra Diamond e entram as casas de luxo do Barra Star Dream, para onde se mudou Sérgio, o miliciano da primeira temporada, responsável pelo desaparecimento de Marcinho (filho de Cibele, interpretado por Antonio Haddad, que volta com Adriana Esteves para os novos episódios). O bandido agora é vereador e sua propriedade fica ao lado da do casal Raquel e Paulo, interpretado por Letícia e Guizé. Ambos cristãos, ela é corretora de imóveis e líder de uma célula religiosa e ele, dono de academia. No mesmo Star Dream, moram Maria (Mariana Nunes) e Seu Durval (Luis Lobianco).
—Parece que todos vão aos mesmos lugares, têm a mesma crença, fazem o mesmo esporte — diz Guizé. —Mas não. Cada personagem tem potencialmente muitos segredos.
Não é segredo, porém, que a intolerância da primeira temporada continua. Abordar esse tema é desejo confesso de Lucas Paraizo, o criador e roteirista da série — a direção artística é de Luisa Lima. Tanto que, na terceira temporada (sim, ela já está em construção), “Os outros” sai da cidade e vai para o campo, tratar do assunto com uma classe social mais humilde, conta Paraizo. Mas, de volta a “Os outros 2”:
— É a mesma série, com o mesmo DNA, mas tem outro ritmo. A relação entre os personagens é muito menos violenta quando se trata de agressividade verbal e física. É uma agressividade mais ligada ao cinismo, à hipocrisia — diz o roteirista.
Maternidades
Letícia e sua Raquel têm uma grande importância em imprimir o tal cinismo, o que faz dela uma protagonista diametralmente oposta a Cibele de Adriana Esteves. O encontro das duas promete.
—A Cibele é intempestiva, a Raquel é premeditada. E essa diferença vai uni-las — diz Paraizo.
Outro ponto de contato — e tema vital nos 12 episódios — é a maternidade. Cibele reaparece obcecada em reencontrar o filho Marcinho. Já Raquel tem ideia fixa de engravidar.
—Em suas múltiplas instâncias, a maternidade é um assunto que nos interessa muito — diz o autor.
Letícia celebra o fato de Paraizo colocar na TV uma discussão que ela, mãe de Uri, de 4 anos, vê bastante em seu círculo social.
— O que faz um casal que quer ficar junto, quando um quer ter filho e o outro não? Ou quando um deles não pode ter? Acho um acerto trazer essa discussão, porque conheço muitos amigos nessa situação. O que fazer com o outro que pensa diferente, mas você ama muito?
Religião também está no script de “Os outros 2”. As reuniões de condomínio do Barra Diamond, antes comandadas pela síndica dona Lúcia (Drica Moraes), agora viraram os encontros da célula cristã do Barra Star Dream. Raquel (Letícia Colin) é quem costuma ter a palavra principal.
— A religião faz parte da vida do brasileiro, seja católica, judaica, evangélica — diz Lucas. — Acho que sempre tratamos personagens religiosos de uma maneira muito distante. Às vezes, um pouco estereotipada. O que queríamos é abrir um canal de comunicação. Quando damos a chance para que uma personagem tão rica como a Raquel possa mostrar a complexidade da fé, acho isso extraordinário.
Mais do que religião, para Lucas, o assunto abordado é fé:
— E a fé do brasileiro é inabalável. A da Raquel também. Vocês vão ver no final.
Match de casal
Nascidos em Santo André, na Grande São Paulo — ela em 1989, ele em 1980 —, Letícia Colin e Sérgio Guizé conviveram pela primeira vez para valer no set de “Os outros”. Conheciam, claro, o trabalho um do outro, mas nunca tiveram a oportunidade de trabalhar juntos. Luisa Lima, como diretora artística, conduziu esse encontro. Ela já havia estado com Letícia em produções anteriores (“quero trabalhar com ela pelo resto da vida”, diz), mas o nome de Guizé veio como sugestão da produtora de elenco, Leticia Naveira.
—Para fazer “Os outros”, o bicho tem que pegar — diz Luisa. — O ator tem que ter disponibilidade emocional, mas também muito recurso. E o Guizé é extraordinário. O encontro foi perfeito.
Mais conhecido do público por papéis em novelas das 18h (“Êta mundo bom”, de 2016, e “Mar do sertão”, de 2022, são exemplos), o ator já colocou esta série num lugar especial da memória pelos momentos vividos dentro e fora do set. Na mesma época das gravações, o pai dele adoeceu, foi internado e morreu. Tudo isso foi vivido em meio do turbilhão que era o trabalho no Barra Star Dream.
— Sinto que aprendi muito com Paulo, esse homem intenso, de muitas camadas e possibilidades, que vive um drama pessoal na trama — diz o ator. — (Porque) ao mesmo tempo, eu estava vivendo também um período terrível, o mais difícil da minha vida. Pude colocar a memória emotiva do que estava passando. Foi muito bom estar trabalhando e ser amparado por toda a estrutura da série, dos amigos, dos companheiros que estavam ali.
Letícia, indicada ao Emmy internacional por viver uma médica viciada em crack em “Onde está meu coração” (de 2022, com direção artística de Luisa Lima), elege este trabalho como um desafio sem comparação.
—Sem sombra de dúvida, é o personagem mais difícil que já fiz — diz a atriz, que teve a oportunidade de contracenar com o compadre Eduardo Sterblitch. — Sou madrinha do filho dele, ele é padrinho do meu. Louise, que é atriz e esposa do Edu, é minha melhor amiga da vida. Temos uma vida muito íntima no círculo de amizade e, ao mesmo tempo, estive em cena fazendo um personagem que é muito diferente dele. E personagem que é terrível mas, ao mesmo tempo, adorável.
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