Logo após a ex-primeira-dama da Argentina Fabiola Yañez denunciar o ex-presidente Alberto Fernández à Justiça por violência de gênero, foram reveladas na noite de quinta-feira duas fotos que fazem parte das provas da acusação contra o ex-presidente. Nas imagens, que se encontravam no telefone da ex-secretária de Fernández María Cantero, Yañez aparece com um olho roxo e um hematoma na parte interna do braço direito, próximo à axila.

As imagens foram publicadas pelo site de notícias Infobae, que também teve acesso a uma conversa de WhatsApp entre os dois que faz alusão a uma situação de violência. Yañez enviou as fotos ao ex-presidente e pedia a ele que parasse de atacá-la: "Não funciona assim, você me bate o tempo todo. É incomum. Não posso deixar você fazer isso comigo quando eu não fiz nada com você. E tudo que tento fazer com a mente focada é defender você e você me bate fisicamente. Não há explicação."

Nas capturas de tela da conversa, aparece também a resposta do ex-presidente argentino: “Então, pare de discutir. No final, acabamos brigando por causa de todo o resto. Por favor. Vem aqui."

A denúncia da ex-primeira-dama contra Fernández foi apresentada na terça-feira ao juiz federal Julián Ercolini por supostos atos de violência física e psicológica que continuam até hoje. Após essa primeira apresentação, o magistrado ordenou imediatamente medidas restritivas contra o ex-presidente que incluíram, entre outras, a proibição de sair do país e o reforço da proteção da denunciante. Fernández também foi impedido de se aproximar a menos de 500 metros da casa da ex-companheira.

Por sua vez, o ex-presidente negou as acusações contra ele. Em resposta ao La Nación, disse que "é tudo mentira" e que irá provar isso "ao tribunal". Através de um comunicado divulgado nas suas redes sociais, manifestou-se na mesma linha e reforçou que apresentará à Justiça "as provas e os depoimentos que revelarão o que realmente aconteceu”. Após a denúncia, Fernández tornou-se o primeiro presidente argentino acusado de violência de gênero.

Entenda o caso

Na terça-feira, ocorreu a segunda audiência de Yañez com o juiz, que a contatou em junho passado, após encontrar nas conversas da ex-secretária particular de Fernández mensagens que aludiam a atos de violência física que ela atribuía ao ex-presidente, no âmbito do a investigação do caso Nación Seguros. Como apurou o La Nación, o relato apresentado à Cantero incluía fotos, entre as quais estão as que vazaram nesta quinta-feira. Ao descobrir essas mensagens, o juiz contatou a ex-primeira-dama por meio do advogado Juan Pablo Fioribello — que a havia representado em outros casos — e disse que queria falar com ela, segundo relatou.

Com o passar dos dias, Fioribello foi denunciado por violação do sigilo profissional e incompatibilidade de conselhos. Na quinta-feira foi anunciado que a sua substituta será a advogada Mariana Gallego, que assuminrá o processo judicial contra Fernández. Ainda assim, fontes próximas a advogada disseram ao La Nación que não farão declarações sobre o caso até que Gallego tenha conversado em detalhes com Yañez.

Por sua vez, o procurador-geral Carlos Rívolo, a quem está delegada a investigação, contatou a ex-primeira-dama para "informá-la do processo, dos direitos que lhe são conferidos por lei e dos detalhes que lhe serão solicitados no futuro".

Yañez, que também é jornalista, está em Madrid, na Espanha, com o filho, Francisco, após a separação de Fernández. O ex-presidente voltou a se hospedar no bairro de Puerto Madero, na cidade de Buenos Aires, em um apartamento emprestado por seu amigo "Pepe" Albistur.

Após a divulgação das fotos, políticos do partido no poder e da oposição repudiaram os atos de violência física. Do Governo, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, escreveu na rede social X: "Senhores: nunca mais. Fim."