Internacional
Líder da oposição venezuelana, María Corina denuncia 'campanha de terror' no país com prisões em massa
Segundo organizações de direitos humanos, mais de duas mil pessoas já foram detidas em meio a protestos contra a reeleição de Maduro

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, denunciou, nesta terça-feira, uma "campanha de terror" no país com prisões em massa durante protestos contra a reeleição contestada do presidente Nicolás Maduro e com a cruzada do mandatário contra as redes sociais e plataformas de mensagens.
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— Eles querem nos intimidar para que não nos comuniquemos, porque se estivéssemos isolados seríamos muito mais fracos e isso não vai acontecer. Sempre encontraremos maneiras de nos manter comunicados, organizados e ativos (...), o medo não nos paralisará e não sairemos das ruas — diz em um áudio divulgado nas redes sociais.
Pelo menos 11 civis foram mortos em manifestações contra a condução do governante chavista a um terceiro mandato, de acordo com organizações de direitos humanos, e mais de duas mil pessoas foram presas.
— Não se deixem intimidar, muito menos deprimir, amedrontar ou desmoralizar por forças obscuras que querem nos isolar e semear o medo e o barulho entre nós, não permitam isso: vamos ajudar nossas famílias e vizinhos a não serem vítimas dessa campanha de terror — continua María Corina.
'Fiquem ao lado do povo': Oposição venezuelana pede que militares e policiais parem de reprimir protestos
Nesta segunda-feira, Maduro pediu um boicote ao popular aplicativo de mensagens WhatsApp, alegando que militares, policiais e líderes comunitários que defendem sua reeleição receberam "ameaças" por meio do serviço.
Na última sexta-feira, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) ratificou a vitória de Maduro no dia 28 de julho com 52% dos votos, à frente dos 43% de González Urrutia, que representa María Corina.
O Conselho, porém, não publicou resultados detalhados, e a oposição denuncia fraude e alega ter cópia de mais de 80% dos boletins de urna. Segundo os documentos, que foram publicados na internet de forma independente, González Urrutia teria obtido 67% dos votos e vencido o pleito.
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Outras análises independentes corroboram que González recebeu mais votos do que o atual presidente. Os Estados Unidos disseram ter "provas contundentes" de uma vitória do candidato da oposição, e vários governos latino-americanos, como o do Brasil, e europeus pediram a divulgação transparente dos resultados.
— Ninguém disse que isso seria fácil, mas que fique claro: não há como voltar atrás. Isso é irreversível — acrescenta María Corina no áudio.
Ontem, a líder da oposição e seu candidato nas eleições divulgaram uma carta em que ambos pedem a policiais e militares do país que interrompam a repressão contra a população venezuelana, especialmente entre aqueles que contestam os resultados das eleições.
"Fazemos um apelo à consciência dos militares e policiais para que fiquem ao lado do povo e de suas próprias famílias. Com essa massiva violação de direitos humanos, a alta cúpula está se alinhando com Maduro e seus interesses vis", diz a carta.
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O documento levou o Ministério Público a abrir uma investigação penal contra María Corina e González, acusando-os de usurpação de funções e divulgação de informações falsas. Segundo o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, o MP considera que ambos cometeram os crimes ao anunciar falsamente um vencedor das eleições presidenciais diferente do divulgado pelo CNE.
Após a decisão do MP, a União Europeia (UE) pediu ao governo da Venezuela que pare com a “campanha de intimidação judicial” contra os opositores no país: — Pedimos às autoridades que acabem com esta campanha de intimidação — declarou Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, insistindo que o bloco está “muito preocupado” com a evolução da situação na Venezuela.
Nesta quarta-feira, militares venezuelanos responderam à carta de María Corina e González e disseram rejeitar “veementemente” os apelos dos opositores de Maduro, os quais foram classificados como “desesperados e sediciosos”.
Em nota lida pelo ministro da Defesa, General Vladimir Padrino, afirmam ainda que a oposição procura “quebrar a nossa unidade e as nossas instituições, mas nunca o conseguirão” e que ratificam a “absoluta lealdade ao cidadão Nicolás Maduro Moros, que foi legitimamente reeleito pelo poder popular para o próximo mandato”.
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