O repórter do Wall Street Journal, Evan Gershkovich, e o ex-fuzileiro naval dos EUA, Paul Whelan, estão sendo liberados pela Rússia em uma troca de prisioneiros envolvendo vários países, relatou a Bloomberg em nesta quinta-feira, citando fontes não divulgadas. O jornalista foi julgado e condenado por suposta espionagem e estava detido desde março de 2023.

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Até o momento, não houve confirmação oficial sobre o assunto. De acordo com a Bloomberg, os dois homens já estão a caminho de locais fora da Rússia. A notícia surge após rumores sobre uma planejada troca de prisioneiros histórica envolvendo Rússia, EUA, Alemanha e Bielorrússia.

A troca também deve incluir, supostamente, figuras notáveis da oposição russa presas, como Vladimir Kara-Murza, Ilya Yashin ou Oleg Orlov, que recentemente foram transferidos para locais desconhecidos.

Relembre o caso

Gershkovich foi condenado em julho a 16 anos de prisão em uma colônia penal de alta segurança após ser acusado de espionagem. Na época, o tribunal disse em uma declaração que o Gershkovich não admitiu culpa, mas disse que "a totalidade das evidências apresentadas ao tribunal foi suficiente para dar um veredito de culpado". O juiz Andrei N. Mineev, que presidiu o caso, sentenciou então o jornalista a dois anos a menos do que os promotores estavam pedindo.

Em nenhum momento durante o caso, no entanto, os promotores forneceram publicamente qualquer evidência para respaldar a acusação, e o julgamento foi realizado a portas fechadas. O sistema judicial russo por anos serviu como uma ferramenta da repressão doméstica do presidente Vladimir V. Putin, proferindo condenações e longas sentenças em casos com claras motivações políticas.

Os promotores russos disseram em sua acusação que o Sr. Gershkovich usou “métodos conspiratórios meticulosos” para obter “informações secretas” sobre uma grande fábrica de armas russa a cerca de 120 quilômetros ao norte de Yekaterinburg.

Mas o Gershkovich, seu empregador e o governo americano negaram repetidamente as acusações de espionagem contra ele, dizendo que ele estava credenciado para trabalhar como correspondente estrangeiro na Rússia e estava envolvido em jornalismo, não espionagem. Eles chamaram as acusações de politicamente motivadas.

Gershkovich é um dos vários cidadãos americanos que foram detidos na Rússia nos últimos anos, e seu caso levantou temores de que o Kremlin esteja tentando usar cidadãos americanos como moeda de troca para serem trocados por russos presos no Ocidente.

Outros americanos detidos na Rússia incluem Paul Whelan , um veterano da Marinha; Alsu Kurmasheva , editora que trabalha para a Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade; e Marc Fogel , professor da Escola Anglo-Americana em Moscou, que em 2022 foi condenado a 14 anos em uma colônia penal por tráfico de drogas.

Repercussão do julgamento

Na Rússia, uma vez que uma pessoa é acusada de um crime, é virtualmente impossível obter uma absolvição no tribunal. Apenas um em cerca de 385 julgamentos criminais terminou com uma absolvição em 2023, de acordo com estatísticas do tribunal.

A Dow Jones, empresa controladora do The Journal, chamou a condenação de "vergonhosa" e uma "farsa". A empresa acrescentou em uma declaração que "continuaremos a fazer todo o possível para pressionar pela libertação de Evan e apoiar sua família".

Em uma declaração, o presidente Biden disse que o Sr. Gershkovich foi condenado injustamente e não cometeu nenhum crime. “Estamos pressionando muito pela libertação de Evan e continuaremos a fazê-lo”, disse ele.