Internacional
Eleição presidencial na Venezuela 'não pode ser considerada democrática', diz Centro Carter
Organização afirmou que processo eleitoral 'não se adequou a parâmetros e padrões internacionais de integridade'
A eleição presidencial na Venezuela não atendeu aos padrões de imparcialidade democrática, afirmou na noite de terça-feira o Centro Carter, após a autoridade eleitoral declarar o presidente Nicolás Maduro como vencedor em um processo considerado como "fraude" pela oposição.
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"A eleição presidencial da Venezuela de 2024 não se adequou a parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não pode ser considerada democrática", indicou o Centro Carter em um comunicado, cujos enviados supervisionaram os comícios.
Pelo segundo dia consecutivo, milhares de pessoas protestaram em várias cidades da Venezuela contra a anunciada reeleição do presidente. Em menos de 24 horas, foram registradas quase 750 detenções nas manifestações, com informações da prisão, separadamente, de dois líderes da oposição. Segundo quatro organizações dos direitos humanos, ao menos 11 manifestantes morreram nos atos, além de um oficial das forças de segurança, e há dezenas de denúncias de desaparecimentos.
Nesta segunda-feira, o Peru se tornou o primeiro país a reconhecer o diplomata Edmundo González Urrutia, candidato da oposição venezuelana, como presidente eleito do país. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo chanceler peruano, Javier González-Olaechea, que no início do dia já havia informado que seu país iria reforçar os controles migratórios para evitar um novo êxodo de venezuelanos.
— Com toda a clareza, Edmundo González é o presidente eleito da Venezuela. Esta posição é partilhada por numerosos países, governos e organizações internacionais — disse o ministro.
Em resposta, a Venezuela rompeu relações diplomáticas com o país.
"O Governo da República Bolivariana da Venezuela decidiu romper relações diplomáticas com a República do Peru (...) Somos obrigados a tomar esta decisão após as temerárias declarações do chanceler peruano que desconsideram a vontade do povo venezuelano e a nossa Constituição", declarou o chanceler venezuelano, Yván Gil, em uma mensagem no X (anteriormente conhecido como Twitter).
Em uma declaração televisionada durante uma reunião conjunta do Conselho de Estado e do Conselho de Defesa da Nação, Maduro sinalizou que não amenizará sua posição ao alegar que o país é alvo de uma "investida internacional, mundial, do imperialismo americano, de Elon Musk, da direita internacional extremista". Também acusou a Colômbia, afirmando que o país seria o centro da conspiração ao supostamente fornecer armas para os manifestantes e financiar, por meio do narcotráfico, o diplomata aposentado Edmundo González Urrutia, que concorreu como principal candidato opositor após a inabilitação da líder antichavista María Corina Machado.
Resultado contestado
Com 80% das urnas apuradas, o CNE anunciou na madrugada de segunda-feira a reeleição do chavista para um terceiro mandato de seis anos com mais de 5,1 milhões de votos (cerca de 51,2%) contra 4,4 milhões (44,2%) obtidos por González. Segundo a oposição, no entanto, González teria recebido 6 milhões contra apenas 2,7 milhões de votos de Maduro, menos de 30%.
Diversas organizações internacionais e representações diplomáticas cobraram uma auditoria do resultado e a divulgação dos dados totais das urnas. O secretário-geral da ONU, António Guterres, instou o governo de Maduro a contar os votos “com total transparência” e a liderança política a agir “com moderação”.
O Brasil solicitou, por meio de seu Ministério das Relações Exteriores, a publicação das apurações das atas para dar “transparência e legitimidade” à contagem dos votos. Em Caracas, o assessor especial para assuntos internacionais do Planalto, Celso Amorim, encontrou-se com Maduro e com González na segunda-feira para discutir a votação. Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, os encontros tiveram um "clima cordial" e o chavista prometeu ao ex-chanceler brasileiro que seu governo apresentaria as atas eleitorais "nos próximos dias".
O Centro Carter, que atuou como um dos poucos observadores internacionais no país, pediu ao CNE na segunda-feira que publicasse “imediatamente” os registros eleitorais. Nesta terça, em meio ao aumento dos protestos, anunciou que vai retirar seus funcionários do país e suspendeu a divulgação de um informe preliminar sobre a votação.
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