Internacional
Eleição na Venezuela: Diminuição do comparecimento eleitoral na capital à tarde preocupa oposição
Eleitores de Edmundo González Urrutia pedem 'fim do pesadelo', e chavistas confiam em 'base ainda forte'

Quando milhares de eleitores venezuelanos começaram a chegar a centros de votação de todo o país na noite de sábado, faltando mais de dez horas para o início da votação às 7 horas locais (às 8h de Brasília), instalou-se em setores da oposição a percepção de que a eleição presidencial deste domingo teria uma participação histórica. No entanto, depois de uma avalanche de votos no início da manhã, o número de eleitores em centros de votação da capital diminuiu de forma expressiva desde o meio-dia, causando um clima de preocupação entre esses mesmos opositores.
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Para o candidato mais importante da oposição, o diplomata aposentado Edmundo González Urrutia, uma elevada participação eleitoral é fundamental para ter chances de derrotar o chavismo — e sua máquina — nas urnas. Uma fonte da oposição admitiu ao GLOBO que a participação “não está sendo baixa, mas está abaixo do esperado”.
A partir da hora do almoço, em centros de votação das regiões de Chacao e Baruta, na Grande Caracas, e em bairros como Colinas de Bello Monte e Los Palos Grandes, bastiões da oposição, não havia mais filas na maioria dos centros de votação. Mas quem ainda esperava para votar mantinha as expectativas de uma vitória opositora.
— Hoje tem de acabar o pesadelo, senão teremos mais 50 anos de chavismo — disse o comerciante Oscar Carrillo, dono de um bar numa região onde a oposição sempre ganha.
Segundo ele, que votou na região de Chacao, “desta vez temos esperança, acreditamos que María Corina Machado (líder opositora e grande figura da campanha) vai conseguir vencer junto a Edmundo”.
Em Colinas de Bello Monte, um pouco mais próximo do centro, território chavista por excelência, as filas também se concentraram pela manhã. No meio da tarde, um eleitor demorava menos de cinco minutos em votar. Seguidores do chavismo não conseguiam esconder sua expectativa de que, apesar do descontentamento com o governo de Maduro, a autoproclamada revolução bolivariana conseguiria uma nova vitória nas urnas.
— Vamos ganhar, todas as pesquisas da oposição estavam manipuladas. Temos problemas, mas o país não quer sair do chavismo — afirma Camila Avilés, militante chavista e integrante de movimentos sociais que atuam em bairros pobres de Caracas.
Segundo ela, “estávamos preocupados, porque a situação do país está muito difícil”.
— O chavismo ainda tem uma base forte, agora estamos mais confiantes — assegurou a militante.
Redes sociais
Com María Corina na liderança, como aconteceu em toda a campanha, a oposição passou o dia promovendo a participação nas redes sociais. Até a hora do almoço, a dirigente opositora assegurou que já tinham votado 9 milhões de venezuelanos, o que representa em torno de 42% do total do padrão eleitoral. A redução do número de eleitores na parte da tarde foi uma sinalização interpretada como negativa por fontes opositoras.
Observadores eleitorais locais com Ignácio Ávalos, da ONG Observatório Eleitoral Venezuelano, admitiram que a participação deste domingo poderia “ficar abaixo da que registramos na eleição de 2013, quando Maduro foi eleito pela primeira vez (derrotando Henrique Capriles por menos de dois pontos percentuais)”.
— Temos de aguardar o encerramento da votação. O que podemos dizer é que foi uma eleição sensata, com poucas arbitrariedades e na qual se pode confiar — aponta Ávalos.
De fato, a eleição venezuelana ocorreu sem grandes incidentes. Segundo o observatório, em 75% dos centros de votação, não houve propaganda eleitoral. Nos centros onde foi colocada propaganda, 22% eram a favor do presidente Nicolás Maduro e 9,9% de González Urrutia, apontou um relatório da ONG venezuelana. Já em relação aos chamados “pontos de presença dos partidos”, em geral barracas com militantes políticos instaladas perto dos centros de votação, a ONG detectou 70% de pontos chavistas e 39% opositores. Em 85% dos centros visitados, o observatório não registrou “violência ou elementos de perturbação”. A própria María Corina agradeceu publicamente a atuação das forças policiais e militares durante o processo de votação.
Na avaliação de analistas locais e observadores como Ávalos, as maiores arbitrariedades do governo foram cometidas antes do dia da eleição. Uma delas foi a dificuldade de que eleitores que vivem no exterior — e que votam em massa pela oposição — pudessem se registrar para participar:
— Teríamos de ter 21 milhões de pessoas registradas, mas tivemos apenas 16 milhões. Isso é o que chamamos de uma abstenção estrutural, porque são pessoas que não puderam se registrar para votar porque o governo não facilitou as coisas.
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