Internacional
Principal líder da oposição, María Corina vota na eleição venezuelana
Concorrem no pleito o opositor Edmundo González Urrutia, e o presidente Nicolás Maduro, que tenta a segunda reeleição

A principal líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, que foi impedida de concorrer nas eleições presidenciais por causa de uma inabilitação política, votou em uma seção eleitoral de Caracas deste domingo, quando cocorrem o principal candidato opositor, Edmundo González Urrutia, e o presidente Nicolás Maduro, que tenta a segunda reeleição.
Mais cedo, ao depositar seu voto, Maduro alertou que os resultados devem ser "respeitados", enquanto seu principal adversário, González Urrutia, afirmou que defenderá "até o último voto".
Esta eleição decide entre a continuidade do chavismo, no poder há 25 anos, ou a mudança prometida por uma oposição unida depois de ter sido marginalizada em outras eleições, incluindo a última presidencial em 2018. Os locais de votação registravam longas filas, segundo os correspondentes da AFP.
Maduro, de 61 anos e na presidência desde 2013, declarou ao votar que "o que afirmar o árbitro eleitoral será reconhecido, e não apenas reconhecido, mas defendido", em referência ao Conselho Nacional Eleitoral, com tendência governista.
"Reconheço e reconhecerei o árbitro eleitoral, os boletins oficiais e farei com que sejam respeitados", disse Maduro após votar em Caracas, 20 minutos após a abertura dos locais de votação às 6h (7h de Brasília).
Maduro aspira um terceiro mandato de seis anos no momento em que o país tenta sair de uma profunda crise econômica e humanitária que contraiu o Produto Interno Bruto (PIB) em 80% no período de 10 anos e empurrou mais de sete milhões de pessoas para o êxodo.
Quase 21 milhões de pessoas estão registradas para votar em uma população de 30 milhões, mas os analistas calculam que devem comparecer às urnas apenas 17 milhões que estão na Venezuela e não migraram. O voto não é obrigatório.
"Espero que os resultados e a vontade do povo sejam respeitados", disse Erys Berríos, de 41 anos, em uma longa fila no bairro de Petare.
O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, encarregado do processo eleitoral, declarou que "o povo venezuelano pode sair para votar com segurança porque as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas a garantem".
Os locais de votação permanecerão abertos até as 18h (19h de Brasília), mas o período pode ser prolongado em caso de necessidade.
"Paz ou guerra"
"Paz ou guerra", declarou Maduro há alguns dias, ao definir o que, na opinião dele, está em disputa nesta eleição. Antes, o chavista alertou que uma vitória da oposição pode provocar um "banho de sangue", o que rendeu críticas dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Chile, Gabriel Boric, entre outros.
Uma pequena delegação do Centro Carter está presente no país e indicou que não tem capacidade de fazer uma "avaliação integral do processo de votação, contagem e tabulação", como pretendia fazer a União Europeia, excluída como observadora no final de maio. Também foi impedida a entrada no país de parlamentares europeus e ex-presidentes latino-americanos convidados pela oposição.
O processo eleitoral é automatizado, com resultados centralizados pelo Conselho Nacional Eleitoral, cuja diretoria tem cinco integrantes, três ligados ao chavismo e dois à oposição.
Seu presidente, Elvis Amoroso, acusou a oposição de "conspirar" contra as eleições e de tentar adiantar os resultados antes do primeiro boletim, o que é ilegal.
"Vamos esperar pelos resultados que chegam do CNE", respondeu González. "No entanto, também temos os nossos próprios métodos e mecanismos para conhecer o andamento do processo eleitoral de hoje. Vamos esperar que o divulguem e caso contrário teremos a oportunidade de fazê-lo", acrescentou.
Advertência dos EUA
A organização das eleições é resultado de um acordo entre governo e oposição promovido pelos Estados Unidos.
Para estimular as eleições, Washington flexibilizou as sanções que impôs ao país em 2019, depois que não reconheceu a reeleição de Maduro um ano antes por suspeitas de fraude.
O governo Maduro atribui às sanções o colapso da economia do país, grande produtor de petróleo, que possui as maiores reservas do mundo e no auge chegou a produzir 3,5 milhões de barris por dia, contra menos de um milhão atualmente.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, fez um apelo em Tóquio para que o "processo democrático" seja respeitado. "O povo venezuelano merece uma eleição que reflita realmente sua vontade", afirmou.
A maioria das pesquisas aponta a vantagem da oposição, mas alguns analistas alertam que a diferença entre Maduro e González Urrutia pode ser pequena.
As pesquisas indicam que um índice de participação elevado aumenta as probabilidades de triunfo da oposição.
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