O União Brasil adiou a escolha sobre quem o partido irá apoiar na eleição municipal de São Paulo para até 6 de agosto, embora a decisão possa ser tomada antes. O caminho mais provável é que o partido integre o projeto de reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas o tema agora foi delegado à executiva municipal da sigla, liderada pelo vereador Milton Leite (União) e composta por 14 pessoas.

Leite afirmou que o apoio ao prefeito depende do compromisso de adotar um “governo de coalizão nos moldes europeus”, em que o União teria maior participação em secretarias e políticas públicas do município. O presidente da Câmara Municipal disse que pediu ao prefeito que ele se comprometesse, em eventual nova gestão, com a criação de uma pasta dedicada à proteção de mananciais, outra de proteção e defesa dos animais, além de uma política voltada a eletrificar cem por cento da frota de ônibus da cidade.

A delegação para a executiva municipal foi aprovada neste sábado (20), conforme havia antecipado O GLOBO, por todos os 33 integrantes do partido que participam da convenção da sigla, entre deputados federais, estaduais e vereadores. Também foi aprovado o lançamento de 56 candidaturas para o Legislativo municipal.

Caso o partido decida não apoiar o emedebista, Leite afirma que a alternativa seria lançar uma candidatura própria — e os nomes possíveis seriam ele mesmo ou o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP). Questionado sobre um eventual apoio a Pablo Marçal (PRTB), Leite disse que não descarta, mas apontou o desempenho do ex-coach nas pesquisas de intenção de voto como um fator importante:

— Não é descartado, mas se for para ficar nessa linha de 10% (das intenções de voto), é melhor uma candidatura própria. Há uma discussão que, se for isso, o União prefere uma candidatura própria neste caso — falou — O que está colocado é a minha pré candidatura e do Kim, e eu não tenho essa gana de ser (candidato). Mas eu espero que consigamos construir uma plataforma pública com pontos de atuação do governo, nas políticas que queremos ter participação efetiva dentro do governo Ricardo Nunes, aos moldes europeus de governo de coalizão. O União Brasil quer respeito e o espaço político, não por cargos ou empreguinhos, é por políticas públicas.

A ideia do partido é esperar o MDB oficializar a candidatura de Nunes na convenção marcada para o dia 3 de agosto e, depois, decidir. O prazo máximo é 6 de agosto, um dia após a data-limite para a realização das convenções partidárias.

Antes da votação, Milton Leite se reuniu com Kataguiri, que tenta convencer o partido de sua candidatura à prefeitura de São Paulo. Após a reunião, ele disse ao GLOBO que Leite “continua contrário” a sua empreitada, e que agora “tentará convencer a executiva”.

O desgaste entre Nunes e Milton Leite, que são aliados desde o início da gestão, veio à tona no começo deste mês, quando o vereador disse à imprensa que estava repensando seu respaldo ao prefeito e se queixou da falta de diálogo com a gestão.

As declaração pegaram o prefeito de surpresa, e nesta sexta (19) os dois enfim se encontraram após integrantes do MDB costurarem uma reunião, e segundo Leite, após a conversa, “a relação melhorou 90%”.

Os dez por cento restantes, segundo ele, seriam sanados caso haja essa promessa de maior participação do partido num novo governo. A escolha de um vice do PL (o ex-coronel da PM Ricardo de Mello Araújo), vetos a medidas aprovadas na Câmara e o papel majoritários de integrantes do PSDB na gestão de Nunes são alguns dos motivos de queixas de Leite ao atual prefeito.