Internacional
EUA encerram operação de píer de R$ 1,6 bilhão para entrega de ajuda humanitária a Gaza
Missão foi descontinuada após sofrer diversas avarias desde sua inauguração, em maio, e permanecer mais tempo parado do que em funcionamento

Os Estados Unidos puseram fim à problemática missão militar que tinha como objetivo entregar ajuda humanitária emergencial ao território palestino da Faixa de Gaza através de um píer temporário. O projeto de US$ 230 milhões (R$ 1,26 bilhão) foi descontinuado após sofrer diversas avarias desde sua inauguração, em maio, e permanecer mais tempo parado do que em funcionamento.
— A missão marítima de reforço que envolve o cais foi concluída, por isso já não há necessidade de utilizar o cais — disse aos jornalistas o vice-almirante Brad Cooper, chefe adjunto do Centro de Comando para o Oriente Médio do Exército americano, na quarta-feira.
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Segundo o oficial, a estrutura será transferida para um porto em Asdode, a quinta maior cidade de Israel, que "oferece uma passagem mais sustentável".
Na semana passada, o conselheiro de Segurança da Casa Branca, Jake Sullivan, argumentou que o píer não era tão necessário quanto antes porque mais passagens terrestres para enviar ajuda a Gaza foram abertas recentemente sob pressão da Casa Branca.
— A verdadeira questão no momento não é levar ajuda para Gaza — afirmou. — Trata-se de conseguir distribuir ajuda em Gaza de forma eficaz. Mas há muitas coisas que precisamos resolver, inclusive a falta de ordem e as gangues armadas. Em alguns casos, o próprio Hamas está tentando interromper e atrapalhar a entrega da assistência humanitária.
Ainda assim, grupos humanitários reclamaram que o píer falhou amplamente em sua missão. Nos quase dois meses desde que foi fixado pela primeira vez na costa, ele funcionou por apenas cerca de 20 dias, segundo as autoridades militares. No restante do tempo, estava sendo consertado depois que o mar agitado o quebrou, foi retirado para evitar mais danos ou pausado por questões de segurança.
O próprio presidente dos EUA, Joe Biden, chegou a manifestar decepção com o funcionamento do píer, que se desprendeu diversas vezes da costa devido ao mau tempo, limitando consideravelmente a extensão de suas operações.
Biden ordenou a construção do píer em março, em um momento em que estava sendo duramente criticado por não fazer mais para controlar a resposta militar de Israel aos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro. Na ocasião, as autoridades de saúde estavam alertando que Gaza estava à beira da fome.
O cais, que custou pelo menos 230 milhões de dólares (R$ 1,28 bilhão), era então parte dos esforços internacionais para evitar as restrições de acesso por terra à Faixa de Gaza impostas por Israel, um aliado próximo de Washington.
Em maio, porém, a estrutura ficou danificada pelo mau tempo e teve que ser retirada para reparos. Depois, foi montada novamente em 7 de junho, mas foi transferida à cidade israelense de Ashdod em 14 de junho para protegê-la de uma ressaca.
A distribuição da ajuda humanitária depois do desembarque também foi um problema. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU suspendeu as entregas que chegavam através do píer no mês passado para avaliar a situação de segurança, depois que Israel realizou uma polêmica operação militar na área.
Apesar das críticas, o Pentágono considera que a construção do píer forçou o governo israelense a abrir mais rotas de distribuição.
— A instalação desse cais ajudou a garantir o compromisso israelense de abrir passagens adicionais para o norte de Gaza — declarou a jornalistas, na semana passada, a subsecretária de imprensa do Pentágono, Sabrina Singh.
De acordo com o Pentágono, 8.100 toneladas de ajuda foram entregues à costa usando o píer desde o início da operação em 17 de maio.
A intenção nunca foi ser mais do que uma medida paliativa enquanto o governo Biden pressionava Israel a permitir que mais alimentos e outros suprimentos entrassem em Gaza por meio de rotas terrestres, uma maneira muito mais eficiente de fornecer ajuda. Mas até mesmo as metas modestas do píer ficaram aquém do esperado, segundo algumas autoridades militares americanas.
Nas últimas semanas, Israel concedeu às organizações de ajuda humanitária maior acesso a Gaza, mas os grupos dizem que a situação continua terrível em grande parte do enclave. (Com AFP e The New York Times)
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