Política

Equipe de Haddad vê memes com 'bom humor' e rebate críticas sobre impostos

De 'Taxad' a Times Square: ministro é alvo de memes nas redes sociais

Agência O Globo - 17/07/2024
Equipe de Haddad vê memes com 'bom humor' e rebate críticas sobre impostos
Equipe de Haddad vê memes com 'bom humor' e rebate críticas sobre impostos - Foto: Reprodução/internet

A onda de memes que buscam associar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao aumento de impostos é encarada com bom-humor pela equipe do petista e minimizada pela cúpula do PT, que rebatem as críticas. Com uma difícil missão para fechar o Orçamento deste ano e do ano que vem, o próprio ministro tem dado pouca atenção às figurinhas que se proliferaram na última semana.

Desde a aprovação do primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária na Câmara, cresceu o número de publicações com a imagem do ministro e alguma mensagem relativa à taxação, como “Zé do Taxão” e “Taxad”. Nesta terça-feira, uma das imagens chegou a ser veiculada em um telão da Times Square, em Nova York.

A Câmara incluiu as carnes dentro da cesta básica nacional, que terá os impostos zerados, mas houve uma discussão sobre a “paternidade” da medida. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu publicamente a isenção das carnes. Mas o projeto original do governo previa apenas a redução da alíquota em 60%, além de cashback para as classes mais baixas, o que de acordo com o Ministério da Fazenda já reduz a carga tributária atual.

No plenário da Câmara, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, propôs emenda para incluir as proteínas na cesta básica e o relator da proposta, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), acabou incorporando a mudança em seu parecer.

Mas, além da questão da reforma, as críticas sobre uma suposta “sanha arrecadatória” da Fazenda vinham crescendo nos últimos meses. Uma das medidas mais recentes foi a “taxação das blusinhas”, que foi incluída pelo Congresso em um projeto do governo sobre o programa Mover. O projeto acabou com a tarifa zero para bens adquiridos em plataformas online estrangeiras por meio de impulso do Congresso.

Haddad defende reduzir o volume de benefícios fiscais no país, que alcançou R$ 519 bilhões no ano passado, montante que foi bastante criticado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Além disso, o ministro tem uma pauta de justiça tributária, observada em medidas como a tributação de offshores e fundos exclusivos, porque considera que as pessoas mais pobres são proporcionalmente mais taxadas no país do que os mais ricos.

Auxiliares de Haddad defendem que a agenda conduzida pelo chefe da Fazenda responde sozinha pelas críticas. Além da tributação de offshores e fundos exclusivos, sua equipe cita o cashback para os mais pobres na reforma tributária, a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos e a política de valorização do piso nacional como exemplos que vão na direção contrária da imagem de “taxador”.

Membros da equipe econômica ainda destacam que o TCU atestou que não houve a criação de novos impostos federais em 2023 na análise das contas do presidente.

O secretário de comunicação do PT, deputado Jilmar Tatto (PT-SP), reforça que essa onda de memes não é uma pauta verdadeira. O deputado cita a aprovação da reforma tributária, com desoneração da carne, energia, água, assim como a redução prevista da alíquota de impostos sobre o consumo de 34% para 26,5%. Ele menciona ainda a cobrança de impostos de “super-ricos” e a distribuição de renda para os mais pobres.

— Essa é uma fake news que estão criando que não tem alcance. Estamos dando pouca importância para isso. O país está crescendo, controlando a inflação, aumentando salário mínimo e desonerando Imposto de Renda. E se tem uma coisa que é a marca do governo Lula é o povo voltar a comer picanha.

No X, o advogado-geral da União, Jorge Messias, questionou se são os mais humildes que financiam a indústria de memes ou os mais ricos, que estão sendo alcançados pela tributação depois de um longo período de benefícios.

“Quem financia a indústria de memes? Seriam os mais humildes, contemplados na reforma tributária? Ou seriam os mais ricos, alcançados pela tributação depois de muitos anos de benefícios? Vale a reflexão. Acho que os mais pobres não gastariam seus recursos atacando quem os defende. Vamos aprofundar a justiça fiscal com firmeza e correção”.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), afirmou, também no X, que há “ataques mentirosos da rede bolsonarista” contra o ministro. “Como lembrou o vice Geraldo Alckmin, a carga tributária está é caindo. E a arrecadação cresce por dois motivos: o aquecimento constante da atividade econômica e a ação firme da Fazenda contra distorções no cálculo de impostos”, disse ela.