Política

Membro da 'Abin paralela' lamentou não poder usar FirstMile para monitorar ex-sócio de Jair Renan: 'Agora faz falta'

Militar, que foi preso em operação, afirmou que poderia utilizar sistema para acompanhar empresário 'o dia inteiro'

Agência O Globo - 13/07/2024
Membro da 'Abin paralela' lamentou não poder usar FirstMile para monitorar ex-sócio de Jair Renan: 'Agora faz falta'
Membro da 'Abin paralela' lamentou não poder usar FirstMile para monitorar ex-sócio de Jair Renan: 'Agora faz falta' - Foto: Reprodução / internet

Um militar investigado pela Polícia Federal (PF) pela suspeita de integrar uma estrutura paralela dentro da Agência Brasileira de Inteligência ( Abin) lamentou não poder utilizar mais a ferramenta FirstMile, que era utilizada para monitorar a localização de pessoas. O objetivo era acompanhar os passos de um ex-sócio de Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O FirstMile foi comprado pela Abin no fim do governo de Michel Temer e utilizado durante parte da gestão de Bolsonaro para monitorar a localização de pessoas por meio da conexão de dados do celular, como relevou o GLOBO no ano passado. A utilização da ferramenta está sendo investigada pela PF na chamada Operação Última Milha.

Em representação que motivou a quarta fase da operação, realizada na quarta-feira, a PF destaca um diálogo que mostraria o "pesar pela falta do sistema", que parou de ser utilizado em 2021. A troca de mensagens ocorre entre o militar do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues e o policial federal Marcelo Araújo Bormevet, que trabalharam na Abin durante o governo Bolsonaro. Os dois foram presos na quinta-feira.

Na conversa, Rodrigues e Bormevet levantavam informações sobre o empresário Allan Lucena, que foi sócio de Jair Renan. Bormevet afirma que precisava saber onde Lucena morava. Rodrigues responde que, para confirmar se os endereços que tinham estavam corretos, "só montando uma vigilância". Depois, acrescenta: "Agora faz falta o FirstMile". O policial concorda: "Exatamente".

Em seguida, o militar explica de que forma a ferramenta seria utilizada: "Colocava para monitorar o dia inteiro e preferencialmente a noite, aí saberíamos os passos deles".

"A interlocução do militar Giancarlo com o seu chefe policial federal Bormevet revela o pesar pela falta do sistema First Mile, bem como a forma que o sistema First Mile era utilizado para monitorar alvos da Orcrim. A ação clandestina, neste sentido, (foi) realizada para monitorar o sr, Allan Lucena, ex-sócio do sr. Renan Bolsonaro", diz a representação.

De acordo com a PF, a estrutura da "Abin paralela" foi utilizada para produzir provas a favor de Jair Renan, que em 2021 era alvo de um inquérito pela suspeita de tráfico de influência. Essa investigação foi arquivada um ano depois.