Política
O que significa 'selva', saudação militar usada por Bolsonaro em mensagem com Cid sobre venda de joias
PF encontrou no celular do ex-presidente registros de que ele acessou site em que ocorria venda do kit recebido pela Presidência da República.

Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) apontou uma troca de mensagens entre Jair Bolsonaro (PL) e Mauro Cid como uma das evidências de que o ex-presidente sabia do suposto esquema de venda de presentes do acervo presidencial. Na conversa, o ex-ajudante de ordens enviou o link de um leilão online de um kit de joias recebido pela Presidência da República. Em resposta, Bolsonaro escreveu "selva", jargão usado por militares como forma de cumprimento e substitui os termos "ok" e "tudo bem".
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'Selva!': Resposta de Bolsonaro expõe natureza militar da operação para vender joias
Em relatório enviado ao Supremo, a PF afirma que a resposta em jargão militar "evidencia a ciência do ex-presidente sobre este conjunto de joias e sua destinação a leilão em uma loja em território norte-americano".
Segundo o Exército Brasileiro, a saudação foi criada no Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus (AM). A expressão era utilizada quando os militares posicionados no portão das armas perguntavam o destino das viaturas que saiam do quartel.
"Quase sempre, recebia uma resposta apressada e lacônica — Selva! — era seu destino. A resposta curta, tão repetida, fez-se saudação espontânea e vibrante, alastrou-se, expandiu o seu significado, ecoou por toda a Amazônia contagiando a todos com o mesmo ideal", diz a Força.
No celular de Bolsonaro, a PF também encontrou registros de navegação, os chamados "cookies", que mostram que o ex-presidente de fato abriu o link do leilão, 21 minutos depois de ter sido enviado por Cid. Já a mensagem "selva" foi enviada após a abertura do link.
O diálogo ocorreu em 4 de fevereiro de 2023. Quatro dias depois, Cid envia o link de uma transmissão de um leilão no Facebook e escreve: "daqui a pouco é o kit". Entretanto, o item não foi comprado.
Houve uma tentativa de agendar um novo leilão, mas depois Cid afirma que não quer mais vender as peças e pedem para elas serem enviadas para o endereço que Bolsonaro estava morando, na Flórida.
Para a PF, a sequência de fatos confirma a "ciência" de Bolsonaro sobre o leilão. "Esta sequência apresentada: primeiro, o envio de link do leilão por Mauro Cid; segundo, o registro de acesso à página por meio de histórico e cookies por Jair Bolsonaro em seu aparelho telefônico; e terceiro, a utilização da expressão 'Selva' reforçam a utilização deste jargão para confirmar a ciência, do ex-presidente, de que o KIT ouro rosé fora exposto a leilão", diz o relatório.
A investigação foi concluída na semana passada, e a PF indiciou Bolsonaro por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Outras 11 pessoas também foram indiciadas.
A defesa de Bolsonaro não comentou o relatório. Entretanto, ao longo da apuração da PF, os advogados do ex-presidente afirmaram que ele agiu dentro da lei" e "declarou oficialmente os bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens”. Esses itens, na visão dos advogados, deveriam compor seu acervo privado, sendo levados por ele ao fim de seu mandato.
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