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Quem é Rachel Reeves, a primeira mulher a comandar a economia britânica?

Recém-nomeada ao comando do Tesouro, ela assume a difícil tarefa de impulsionar o crescimento da economia no Reino Unido e de resolver a crise nos serviços públicos

Agência O Globo - 05/07/2024
Quem é Rachel Reeves, a primeira mulher a comandar a economia britânica?

Rachel Reeves tornou-se a primeira mulher a assumir o comando do Tesouro Britânico nesta sexta-feira após a ampla vitória do Partido Trabalhistas nas eleições. Ela assume um dos quatro cargos de Estado mais importantes do país com a responsabilidade de administrar o orçamento de uma das nações mais ricas do mundo.

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Depois de uma década e meia de estagnação econômica, Reeves, parlamentar trabalhista conhecida como uma administradora firme e eficiente, tem pela frente a difícil tarefa de impulsionar o crescimento da produtividade do Reino Unido e de revitalizar os serviços públicos em crise.

— Conheço a extensão do desafio que provavelmente herdarei. Não há uma quantidade enorme de dinheiro — disse Reeves à BBC nesta sexta, acrescentando que o partido precisará recorrer ao investimento privado.

Espera-se que Reeves encare sua nova função com cautela.

— Os trabalhistas percorreram um longo caminho para reconquistar a confiança das pessoas em seu histórico econômico e ela não quer arriscar isso — disse Carys Roberts, diretora do Institute for Public Policy Research.

Por exemplo, o Partido Trabalhista adotou políticas mais centristas nos últimos anos, seguindo o programa de esquerda do ex-líder Jeremy Corbyn de aumento de gastos e ampla nacionalização de indústrias.

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Reeves, de 45 anos, foi eleita para o Parlamento em 2010 na cidade de Leeds, no norte do país. Em uma tentativa de provar sua credibilidade, ela se refere com frequência ao período em que trabalhou como economista durante seis anos no Banco da Inglaterra após a faculdade.

Reeves enfatizou seu objetivo de trazer estabilidade ao país após um período de choques econômicos internacionais e nacionais, incluindo um aumento nos preços da energia e a avalanche no governo de Liz Truss, ex-premier que durou apenas 49 dias no cargo depois que suas propostas de corte de impostos agitaram os mercados financeiros.

A nova ministra do Tesouro chama sua agenda econômica de "securonomics" (economia da segurança), uma abreviação que reflete sua reputação. Certa vez, ela disse ao The Guardian que, se você quiser "dar cambalhotas" na economia, deveria procurar outra pessoa.

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Segundo ela, a "securonomics" servia como uma garantia da segurança econômica no Reino Unido em um mundo que está se fragmentando, ao mesmo tempo em que mantém a renda dos trabalhadores. O conceito é inspirado nas políticas da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen.

Mas o apelo à estabilidade também é um sinal de que os britânicos não devem esperar mudanças rápidas ou drásticas na condução da economia.

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Em meio a altos níveis de endividamento e impostos relativamente altos, Reeves prometeu não aumentar os impostos corporativos, de renda pessoal ou de bens e serviços, e aderir a regras rígidas de endividamento. Com essas restrições, ela espera que a estabilidade induza o tão necessário crescimento econômico.

Na prática, espera-se que isso signifique dar mais poder às instituições, como o órgão fiscalizador conhecido como Escritório para a Responsabilidade Orçamentária, e trabalhar mais de perto com as empresas para incentivá-las a aumentar o investimento privado.

— Os trabalhistas estão apostando muito na esperança do crescimento econômico, inclusive confiando no crescimento para que possam gastar mais em serviços — disse Roberts.