Política
Quem foi Chica da Silva, ex-escravizada citada por Carla Zambelli ao se referir à deputada Benedita da Silva
Francisca da Silva se tornou uma das mulheres negras mais importantes da sociedade colonial de Minas Gerais do século 18

Em live realizada nas redes sociais, nesta terça-feira (2), a deputada Carla Zambelli (PL-SP) chamou a também deputada Benedita da Silva de "Chica da Silva". A referência a uma mulher escravizada para se direcionar à petista é citada pelo PT como racismo.
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De acordo com pesquisas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Francisca da Silva, conhecida popularmente por Chica da Silva, foi filha de uma mulher negra escravizada e de um português, nascida entre 1731 e 1735 (data incerta) na região de mineração de diamantes do arraial do Tejuco, hoje a cidade mineira de Diamantina.
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Chica foi comprada e alforriada pelo contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, com quem viveu 16 anos e teve 13 filhos. Devido à sua ascensão social, ela se tornou uma das mulheres negras mais importantes da sociedade colonial de Minas Gerais do século 18.
Ainda segundo as pesquisas, a história de Chica da Silva é envolta em uma série de mitos e preconceitos frutos do racismo da sociedade brasileira, que procurava desqualificar uma mulher negra que ascendeu socialmente e foi uma das mais ricas de sua época.
Representação na arte
A história de Chica ganhou muitas versões e até mereceu versos de Cecília Meireles em seu Romanceiro da Inconfidência: “Contemplai, branquinhas/ na sua varanda,/ a Chica da Silva,/ a Chica-que-manda”.
Em 1976, com roteiro de João Felício dos Santos, o cineasta Cacá Diegues inventou Xica da Silva. “No filme, a redenção é alcançada por meio de Xica : ao colocar a sexualidade a seu favor, ela inverte o mecanismo por meio do qual os homens brancos garantiram a dominação sobre sua raça, ao utilizar as mulheres de cor para satisfazer seu apetite sexual”, afirma a pesquisadora Júnia Furtado, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A personagem foi a primeira protagonista da atriz Taís Araújo, em uma novela veiculada em 1996. A trama foi um remake do filme de 1976, no qual Zezé Motta interpretou a ex-escravizada.
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