Em alguns períodos do ano, a atividade no Porto de Imbituba, em Santa Catarina, não fica restrita à movimentação de navios. A região é ponto de passagem de animais como a baleia-franca-austral (Eubalaena australis), que busca um local para reprodução e alimentação.

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A espécie está entre as ameaçadas de extinção. Na costa catarinense, a administração portuária de Imbituba faz o monitoramento da presença das baleias na área do terminal. A iniciativa foi adotada no processo de licenciamento ambiental de obras de ampliação do porto, em 2009. O terminal está em local adjacente à Área de Preservação Ambiental (APA) da Baleia Franca, criada em 2000.

Embora seu canal de acesso e áreas de manobra estejam excluídos do perímetro da APA, é preciso monitorar os animais. A colisão com embarcações é um risco para a vida das baleias.

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Os especialistas acompanham as baleias por terra — por meio de uma empresa contratada — e em sobrevoos. A oceanógrafa Camila Amorim, do Porto de Imbituba, diz que os animais vão para Santa Catarina porque encontram águas mais tranquilas e enseadas protegidas, ambiente propício para reprodução e primeiros cuidados aos filhotes.

— As baleias estão ocupando a mesma região em maior quantidade. Os animais são catalogados pelo monitoramento aéreo. Por isso, os sobrevoos são importantes para os pesquisadores — afirma.

Se baleias adentram a área de atracação dos navios, o pessoal do operacional do porto recebe um aviso para as manobras serem feitas apenas depois de constatado que não há riscos. Os responsáveis pelo programa afirmam que não houve registros de acidentes com o animal em decorrência da atividade portuária.

A baleia-franca chega a pesar 60 toneladas e ter 18 metros de comprimento. As fêmeas têm um filhote a cada três anos. Os “bebês” nascem com quase cinco metros. Entre as principais características da espécie, estão calosidades na cabeça, que servem como “impressões digitais” para identificação.

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No litoral catarinense, o monitoramento da baleia-franca vem da década de 1980, quando o animal voltou a aparecer depois de ser quase extinto por causa da caça, segundo a diretora de pesquisa do Instituto Australis, Karina Groch. Desde 1987, mais de 1,1 mil foram catalogadas.

A ONG é parceira do Porto de Imbituba nos sobrevoos para a observar as baleias. O trabalho é parte do projeto Franca Austral, que tem apoio da Petrobras, com o objetivo de gerar conhecimento científico e conscientizar sobre a preservação da espécie.

O ciclo da baleia-franca no litoral catarinense vai de julho a novembro, com pico em setembro. Os especialistas afirmam que a população na região está aumentando e o animal está chegando mais cedo do que em anos anteriores. Em 2024, as equipes avistaram baleias em maio.

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— A principal hipótese é o El Niño, que interfere na disponibilidade de alimento. É uma relação complexa, que ainda temos que avaliar. Mas temos dados que mostram a correlação entre a quantidade de filhotes que nascem aqui e as oscilações de temperatura do mar — afirma a pesquisadora.

Outra hipótese está ligada ao crescimento populacional dos animais, que tem sido de 4,9% ao ano.

— A população se distribui por uma área mais ampla o período de ocorrência pode aumentar — explica Karina Groch, que pesquisa baleias há 28 anos.