Internacional
Cidade de Gaza tem fortes combates, meses após Israel declarar que Hamas tinha sido retirado da área
Meses de negociações para um cessar-fogo fizeram pouco progresso até o momento, com o Hamas dizendo no sábado que não havia "nada de novo" no último plano apresentado por mediadores
Neste domingo, fortes bombardeios atingiram o bairro de Shujaiya, na Cidade de Gaza, pelo quarto dia consecutivo, meses após Israel declarar que a estrutura de comando do Hamas havia sido desmantelada nessa área. Dezenas de milhares de palestinos fugiram do bairro devastado, onde o exército disse ter enfrentado militantes palestinos tanto "acima quanto abaixo do solo", em túneis.
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Meses de negociações intermitentes para um cessar-fogo em Gaza e um acordo de libertação de reféns fizeram pouco progresso até o momento, com o Hamas dizendo no sábado que não havia "nada de novo" no plano revisado apresentado por mediadores dos Estados Unidos.
O Exército israelense disse que forças terrestres e aéreas realizaram ataques em complexos usados por militantes e "eliminaram vários terroristas" nas últimas 24 horas. Os militares também relataram confrontos na região central de Gaza e na área sul de Rafah, uma semana após o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarar que a "fase intensa" da guerra estava chegando ao fim.
O Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) da ONU estimou que entre 60 mil e 80 mil pessoas foram deslocadas de Shujaiya desde que novos combates começaram na última quinta-feira e o Exército emitiu ordens de evacuação.
Para aqueles que permanecem, "as vidas se tornaram um inferno", disse Siham al-Shawa, de 50 anos, residente de Shujaiya. Ela disse à AFP que os moradores estavam presos, pois os ataques poderiam acontecer "em qualquer lugar" e "é difícil sair do bairro sob fogo".
— Não sabemos para onde ir para nos proteger — ele relatou.
Netanyahu disse que as "forças israelenses estão operando em Rafah, Shujaiya, em toda a Faixa de Gaza". De acordo com um comunicado do gabinete do primeiro-ministro de Israel, ele disse ao seu gabinete que "dezenas de terroristas estão sendo eliminados todos os dias."
'Tudo em escombros'
A guerra em Gaza começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro ao sul de Israel, que resultou na morte de 1.195 pessoas, principalmente civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números israelenses. Os militantes também sequestraram 251 reféns, dos quais 116 permanecem em Gaza, incluindo 42 que o exército diz estarem mortos.
A ofensiva retaliatória de Israel matou pelo menos 37.877 pessoas, também principalmente civis, de acordo com dados divulgados neste domingo pelo Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
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Seis pessoas foram mortas em um ataque aéreo ao amanhecer que atingiu uma casa em Rafah, disseram médicos do Hospital Nasser, onde os corpos foram levados. Bombardeios de artilharia também sacudiram partes da cidade, disseram testemunhas.
O exército israelense lançou uma operação terrestre em Rafah no início de maio, levando ao fechamento de uma importante passagem de ajuda.
A ONU e outras agências de ajuda humanitária expressaram preocupação sobre a grave crise humanitária e a ameaça de fome que a guerra e o cerco israelense trouxeram para os 2,4 milhões de habitantes de Gaza.
— Está tudo em escombros — disse Louise Wateridge, da UNRWA, a agência da ONU que apoia os refugiados palestinos, na última sexta-feira. — Não há água lá, não há saneamento, não há comida. E agora, as pessoas estão vivendo de volta nesses edifícios que são como conchas vazias.
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Em Israel, milhares de manifestantes voltaram às ruas de Tel Aviv neste sábado, exigindo maiores esforços para devolver os reféns restantes e pedindo eleições antecipadas.
— Não podemos esquecer dos reféns que ainda estão em cativeiro do Hamas, e devemos fazer tudo o possível para trazê-los de volta para casa — disse a ex-refém Noa Argamani, de 26 anos, que foi resgatada em uma operação em 8 de junho.
'Guerra de extermínio'
Cerca de um mês após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, delinear um plano de trégua, Washington apresentou na semana passada uma "nova linguagem" para partes do acordo proposto, segundo o site de notícias americano Axios.
Um membro do Hamas no Líbano, Osama Hamdan, confirmou que o movimento islâmico havia recebido a última proposta, mas disse que ela não apresentou "nenhum progresso real nas negociações". Ele rotulou as propostas como "uma perda de tempo" que visava dar a Israel "tempo adicional para praticar genocídio".
O Hamas pediu um cessar-fogo permanente e a retirada total das tropas israelenses de Gaza, demandas repetidamente rejeitadas por Israel.
Netanyahu disse neste domingo que "o Hamas é o único obstáculo para a libertação de nossos reféns":
— Com "pressão militar e diplomática... vamos trazer todos (os reféns) de volta — ele afirmou.
O conflito em Gaza também levou a tensões crescentes na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde o exército tem trocado tiros transfronteiriços com o movimento Hezbollah, um aliado do Hamas apoiado pelo Irã.
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As ameaças de uma guerra total aumentaram neste mês. A missão do Irã na ONU disse nas redes sociais neste sábado que considera como "guerra psicológica" a "propaganda" israelense sobre a intenção de atacar o Líbano.
Também alertou seu arqui-inimigo que, "se iniciar uma agressão militar em grande escala, uma guerra de extermínio ocorrerá", o que poderia atrair mais grupos armados alinhados com Teerã na região.
O Hezbollah neste domingo reivindicou vários ataques a posições militares israelenses, e a mídia oficial libanesa relatou ataques israelenses na área da fronteira. O movimento muçulmano xiita anunciou três mortes entre suas fileiras.
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