Economia

Barcelona vai proibir aluguel de apartamentos para turistas até 2028, para conter alta dos preços

Moradores viram aluguéis saltarem 68% em 10 anos

Agência O Globo - 22/06/2024
Barcelona vai proibir aluguel de apartamentos para turistas até 2028, para conter alta dos preços
Barcelona vai proibir aluguel de apartamentos para turistas até 2028, para conter alta dos preços - Foto: Reprodução / internet

Barcelona, cidade da Espanha mais buscada por turistas estrangeiros, anunciou nesta sexta-feira que irá proibir o aluguel de apartamentos para turistas — como os oferecidos pela plataforma Airbnb —, em medida que entrará em vigor em 2028, visando a conter alta dos preços. Restrições desse tipo já foram realizadas em outros países da Europa, como Portugal.

De acordo com o prefeito da cidade, Jaume Collboni, que fez o anúncio em evento do governo municipal nesta sexta-feira, serão canceladas as licenças de 10.101 apartamentos que atualmente funcionam como aluguéis de curto prazo e que serão usados ​​pelos moradores da cidade ou estarão disponíveis para aluguel ou venda.

O aumento desse tipo de aluguel levou a uma especulação imobiliária que está prejudicando os próprios moradores da cidade. O preço dos aluguéis aumentou 68% nos últimos 10 anos e o custo de compra de uma casa aumentou 38%, já que os proprietários dão preferência para arrendamentos turísticos por serem mais lucrativos, de acordo com o prefeito.

O tema vem repercutindo na Europa nos últimos anos e medidas similares vem sendo adotadas em outros locais como as Ilhas Canárias, também na Espanha, Lisboa, em Portugal e Berlim, na Alemanha.

No início de 2023, Portugal já havia anunciado medidas para tentar atenuar os efeitos da crise imobiliária. Entre elas, a suspensão do programa Golden Visa, que concede visto a estrangeiros que compram propriedades e investem no país. O governo também informou que deixaria de emitir novas licenças a apartamentos voltados ao turismo — como no caso do Airbnb — e que limitaria os já existentes, cobrando uma taxa sobre eles.

A ministra da Habitação da Espanha, Isabel Rodriguez, publicou em seu perfil no X, antigo Twitter, que apoiava a decisão de Barcelona.

"Trata-se de fazer todos os esforços necessários para garantir o acesso à habitação a preços acessíveis", escreveu ela.

Por outro lado, a associação de apartamentos turísticos de Barcelona, ​​APARTUR, discordou da medida em comunicado, considerando que a proibição provocaria um aumento no número de apartamentos turísticos ilegais.

"Colllboni está cometendo um erro que levará a níveis mais altos de pobreza e desemprego", disse a associação.

O governo de Barcelona disse em comunicado que manterá seu regime de inspeção para detectar potenciais apartamentos turísticos ilegais assim que a proibição entrar em vigor.

Nenhum novo apartamento turístico foi permitido na cidade nos últimos anos. O governo local ordenou o fechamento de 9.700 apartamentos turísticos ilegais desde 2016 e cerca de 3.500 apartamentos foram recuperados para serem usados ​​pelos moradores, informou o comunicado.

Já os hotéis da cidade podem acabar se beneficiando com a mudança, pois Collboni sinalizou que poderia afrouxar medida que proibiu a abertura de novos hotéis nas áreas locais mais populares entre 2015 e 2023.