Esportes
A base vem forte: Cauan Baptistella e Miguel Antônio, as joias do Cruzeiro que você precisa conhecer
Série mostra promessas do sub-15 e do sub-17 dos clubes da Série A para ficar de olho

Quando um cria da base estoura no profissional, a torcida se enche de orgulho do clube por reconhecer talentos, investir neles e ter paciência para lançá-los. A série A base vem forte — parte do projeto Tem Que Ler, que traz reportagens exclusivas para assinantes do GLOBO — mostra dois deles por semana: um sub-15 e um sub-17, promessas em que o torcedor das principais equipes da Série A já tem que ficar de olho. Conheça Breno Cordeiro e Caio Valle, joias do Botafogo.
CAUAN BAPTISTELLA, Meia, 16 anos, sub-17, Cruzeiro
Nascido Palestra Itália, o Cruzeiro ganhou seu nome atual em 1942, quando uma lei federal proibiu referências tão escancaradas às potências do Eixo na Segunda Guerra Mundial. Mas adotou o azul como homenagem à cor oficial da residência da realeza do país europeu, o que manteve sua natureza ítalo-brasileira. A mesma que se faz presente nos pés de Cauan Baptistella. O meia de 16 anos é uma das principais promessas do atual time sub-17 celeste. E já convive com pedidos da torcida para que seja promovido ao elenco principal.
Baptistella é um meia armador, posição que sofre com escassez de nomes no país e, por isso, tão valorizada pelo torcedor. Seu forte é a capacidade de fazer uma leitura rápida da partida e encaixar o passe. Com boa finalização, também faz seus gols. Este ano, pelo sub-17, já balançou as redes seis vezes e deu seis assistências. Na temporada anterior, marcou 10 e deu 17 passes para os colegas fazerem os seus. Já em seu primeiro ano de clube foram quatro gols e 11 assistências.
- Ele me lembra muito o Ganso na base do Santos. E eu acompanhei muito o Ganso, porque foi atleta do meu pai - comenta Bruno Martins, filho do ex-jogador e ex-técnico da base santista Lino e agente de Baptistella.
A joia cruzeirense nasceu na pequena Benevento, localizada no Sul da Itália, próxima a Nápoles. Mas é filho de brasileiros. A intimidade com a bola, por sinal, vem de sangue. O pai, Cleyton, construiu praticamente toda sua carreira como jogador de futsal no país. Foi campeão da Uefa Champions League da modalidade pelo Montesilvano e participou de uma Copa do Mundo e de uma Euro pela Azzurra das quadras.
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Embora tenha dado seus primeiros chutes do outro lado do Atlântico (chegou a fazer parte de uma escolinha), mudou-se com os pais para o Brasil aos 5. Foi em Barueri, onde a família vive até hoje, que sua caminhada no futebol começou. De lá, pulou para a Portuguesa e, em seguida, para o São Paulo, onde viveu a decepção de ser dispensado na volta das atividades após a parada provocada pela pandemia.
- Isso foi um baque para ele. Estava muito confiante no São Paulo - lembrou seu pai Cleyton.
Com a cultura do futebol já enraizada na família, Baptistella não desistiu. Recomeçou no Ska Brasil, clube-empresa do ex-jogador da seleção Edmilson. Até que, há dois anos, chamou a atenção da captação do Cruzeiro.
Menos de um ano após sua chegada, o menino recebeu o primeiro convite para treinar com o elenco principal. Com apenas 15 anos, pôde ser observado pelo então treinador cruzeirense Paulo Pezzolano e teve uma pequena mostra do futuro. No último mês de dezembro, já com 16, assinou seu primeiro contrato profissional.
A titularidade no sub-17 foi quase que imediata. Ganhou a oportunidade com a lesão de dois meias e não desperdiçou. Hoje, é o camisa 10 e capitão da equipe.
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A diretoria mostra interesse no atleta. Pelo seu talento e por um item que o valoriza no mercado: a cidadania italiana. Mas sabe que seu processo de formação ainda tem etapas a serem cumpridas. Uma das características de Baptistella com maior margem para evolução é a proatividade. Pela função exercida e por sua visão de jogo, a precisa buscar mais para si o protagonismo em campo. Quando o faz, naturalmente atrai os holofotes para si.
Tanto que já chamou a atenção dos observadores das seleções de base da Itália. Se jogar na Europa virou um objetivo de todo garoto que encara o futebol como carreira, Baptistella também vislumbra a possibilidade de defender a Azzurra. E, assim, repetir o movimento feito pelo pai nas quadras.
- Eu já decidi pela Itália uma vez também, né? Joguei 8 anos pela seleção italiana de futsal. Então seria um sonho realizado se ele conseguisse defender a Itália. Mas se estiver num nível bom e a seleção brasileira convocá-lo para mim também será um sonho - contou Cleyton.
MIGUEL ANTÔNIO, Centroavante, 15 anos, sub-15 do Cruzeiro
Se há uma posição em que o Cruzeiro tem tradição, é o ataque. Não faltam nomes consagrados que vestiram a camisa celeste, como Ronaldo Fenômeno, Tostão, Palhinha, Aristizábal e Fred. Mais recentemente, o clube revelou Vitor Roque, que caminha para seguir a mesma trajetória deles. É por isso que, quando um jogador da posição começa a despontar na base, a expectativa é grande. Atualmente, essa esperança está depositada no jovem Miguel Antônio, do sub-15.
Miguel é nove na camisa e na função. Mas, como tem velocidade, não é daqueles que atuam mais fixos à espera da bola.
— O Miguel se destaca por ser um 9 de muita mobilidade — avalia Eduardo Cabral, responsável pelo perfil Crias da Toca, especializado na base cruzeirense. — Ele costuma fazer gol com a perna direita e também é bom no cabeceio. A maioria dos gols marcados por ele são de finalização de dentro da área, mas seu chute de fora é bem poderoso.
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A facilidade para fazer gols, de fato, é a principal qualidade do garoto de 15 anos. Em 2022, foram 24. Na temporada seguinte, foram impressionantes 37.
O ano de 2023 foi especial em sua curta carreira até aqui. Destaque no sub-14, ganhou uma oportunidade como titular na primeira partida da final do Mineiro sub-15, vencida pelo rival Atlético-MG. Já no Estadual de sua categoria, ergueu a taça e foi o artilheiro da competição, com nove gols.
Foi em 2023 também que ele entrou para o time de patrocinados da Nike e assinou seu primeiro contrato com o Cruzeiro. Com outros clubes interessados no atacante, a diretoria precisou oferecer alguns benefícios. Concedeu uma bolsa um pouco maior que a média e já deixou acordado um percentual para o atleta dos seus direitos econômicos.
O futebol é levado muito a sério na família de Miguel. Os pais se mudaram de Ribeirão das Neves (MG) para que o filho morasse mais perto da Toca da Raposa, em Belo Horizonte. Também procuraram um empresário assim que identificaram o potencial do garoto. Hoje, ele é representado pela Zini, o mesmo escritório que trabalha com Roberto Firmino, do Al-Ahli, e com a joia do Vasco, Rayan. E seu irmão mais novo, Leonardo, de 8 anos, já dá os primeiros passos no Cruzeiro.
A temporada de 2024 começou do mesmo jeito que as anteriores, com Miguel balançando as redes. Mas uma lesão ainda em fevereiro o tirou de campo. O atacante teve detectada uma fissura na coluna que o obrigou a pôr colete e se preservar de choques.
Recentemente, ele tirou a proteção e recebeu alta médica. Agora, se prepara para retornar à rotina de muita movimentação na área rival, boas finalizações e gols. E de muita dor de cabeça para os zagueiros.
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