Internacional
'Espelho da natureza': mudanças climáticas castigam borboletas da Albânia
Risco de extinção atingem 59 das 207 espécies no país segundo pesquisadores
Amarelo brilhante, preto, vermelho e azul, essas são as cores das borboletas-rainha-alexandra que uma vez voaram abundantemente nas encostas floridas do sudoeste da Albânia. Agora, como muitas espécies próximas, os cientistas dizem que o desaparecimento delas está ligado aos impactos humanos, incluindo as mudanças climáticas.
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— É urgente unir nossos esforços para encontrar soluções, repensar nosso uso de recursos naturais e o caminho a seguir para a proteção e restauração do nosso meio ambiente — expressa Sylvain Cuvelier, pesquisador entomológico e coautor do primeiro atlas de borboletas da Albânia.
Cada vez mais ausente da região de Zvernec, no sul do país, a borboleta-rainha-alexandra, cujo nome é uma homenagem a Rainha Alexandra Birdwings, esposa do Rei Eduardo VII do Reino Unido, é uma das 59, de 207 espécies de borboletas da Albânia, que, segundo os pesquisadores, estão em risco.
— Sensíveis às mudanças, eles são um verdadeiro espelho das condições do ecossistema em que vivem — disse Anila Paparisto, entomologista da Universidade de Tirana.
Muitos estudos científicos mediram o impacto das mudanças climáticas nas populações de borboletas, embora os pesquisadores também citam outros fatores ambientais. Eles culpam uma combinação de urbanização rápida, pesticidas e aquecimento das temperaturas pela diminuição.
— A atividade humana e as mudanças climáticas tiveram grandes impactos na natureza — disse a estudante de biologia Fjona Skenderi, que ajuda a conduzir pesquisas em Zvernec.
Em Zvernec, a especialista lidera uma equipe de pesquisadores e estudantes que trabalham para identificar as espécies de borboletas remanescentes do país, juntamente com as que estão extintas agora.
No vizinho Parque Natural de Divjaka, no oeste do país, o engenheiro agrônomo albanês, Altin Hila, aponta o desaparecimento da borboleta traça-do-pavão gigante e a borboleta tigre-da-planície como outro sinal preocupante.
— É um desastre marcado por perturbações climáticas, início da primavera e temperaturas excessivamente altas em janeiro e fevereiro — explicou Hila, que também é um colecionador apaixonado e supervisiona um museu de borboletas em Divjaka. Ele explica que isso encorajou os ovos a eclodirem e as larvas de borboleta crescerem. Mas, em abril, as temperaturas estavam muito baixas para que elas pudessem sobreviver
Efeito borboleta
O declínio das borboletas também afeta outras espécies.
— Isso vai impactar toda a cadeia alimentar e a biodiversidade, que também é essencial para os seres humanos. Quando há menos borboletas, espera-se o efeito borboleta — revela Paparisto.
Como grandes áreas da Albânia, as regiões costeiras perto de Zvernec tornaram-se cada vez mais invadidas por resorts e blocos de apartamentos, construídos com pouca supervisão. Os cientistas dizem que a rápida urbanização na área, juntamente com a pesca excessiva e as mudanças climáticas, também desempenhou um papel na queda dramática nas populações de aves migratórias.
Enquanto algumas populações de borboletas estão em declínio, outras espécies semelhantes estão prosperando - em detrimento do meio ambiente. A chegada de uma mariposa não nativa por meio de importações de plantas ornamentais da China devastou mais de 80% das florestas de buxo, que são arbustos ou pequenas árvores, da Albânia desde 2019, de acordo com especialistas.
— É muito agressivo, pode se reproduzir de três a quatro vezes por ano, e é uma verdadeira desgraça que reduz áreas inteiras a nada — disse o engenheiro florestal Avdulla Diku.
Com seus corpos verdes e pretos neon distintos, as larvas são facilmente identificadas quando agarradas às folhas e caules dos buxos. Na estrada ao longo do Lago Ohrid, que fica no sudoeste da fronteira Albânia-Macedónia do Norte, até o município de Pogradec, no noroeste da Albânia, as fileiras de buxo, que antes eram de um verde vibrante, estão reduzidas a cascas depois de serem devoradas pelas larvas das mariposas.
— É um forte lembrete da fragilidade e do equilíbrio sutil do ambiente em que vivemos — disse Sylvain Cuvelier.
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