Internacional
Governo peruano investigará denúncias de abuso sexual de 500 estudantes indígenas por professores
Abusos e violações datam de 2010, afetando meninas da etnia nativa Awajún que estudam em escolas públicas na província de Condorcanqui, na selva do norte do Peru

O governo peruano anunciou nesta segunda-feira que investigará denúncias de abuso sexual de 500 estudantes indígenas por parte de professores em uma região de selva amazônica, em meio à indignação contra dois ministros que tentaram abafar o escândalo e questionaram sobre "práticas culturais" locais. Os abusos e violações datam de 2010, afetando crianças e adolescentes da etnia nativa Awajún que estudam em escolas públicas na província de Condorcanqui, na selva do norte do Peru, perto do Equador, e de quem as idades são desconhecidas.
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— Os fatos devem ser investigados, estaremos com as vítimas. Rejeitamos todas as formas de abuso sexual — afirmou o presidente do Conselho de Ministros e porta-voz do governo, Alberto Adrianzén, durante um encontro com correspondentes da imprensa estrangeira.
Segundo Adrianzé, as vítimas terão de receber cuidados de saúde integrais a nível psicológico caso tenham sido infectadas pelo vírus HIV.
— O total de casos relatados é de 524. Peço às autoridades que vão ao local, isto é um holocausto — disse a presidente do Conselho de Mulheres de Awajún, Rosemary Pioc, à rádio RPP.
'Práticas culturais'
A dirigente já tinha revelado os casos no dia 30 de maio, quando se reportou às autoridades da Educação. Contudo, as reações de alguns ministros, que atribuíram os abusos a "práticas culturais", despertou indignação na população.
— Se for uma prática cultural [...] exercer uma forma de construção familiar com as jovens, vamos ser muito cautelosos, mas também vamos exigir uma resposta da comunidade — disse no fim de semana o ministro da Educação, Morgan Quero.
A ministra da Mulher, Ángela Hernández, alimentou a polêmica ao declarar que "estas são, de fato, práticas culturais que devemos banir", recomendando também que evitassem as relações sexuais ou as praticassem com proteção.
— Dizer que estas são práticas culturais é endossar estas ações [...]. A violação não é uma prática na nossa comunidade — respondeu nesta segunda-feira a líder nativa.
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Segundo Pioc, "trata-se de atos cometidos nos últimos 14 anos em albergues [residências] estudantis". Devido a estes casos, há 111 professores afastados das salas de aula, 72 absolvidos e quatro suspensos, acrescentou.
"Usar a cultura como desculpa é uma forma de perpetuar a impunidade e invisibilizar a gravidade desses crimes. Exigimos que o ministro da Educação retifique as suas declarações e assuma a sua responsabilidade na proteção dos direitos das nossas meninas e mulheres indígenas!", declarou a a Organização Nacional de Mulheres Indígenas Andinas e Amazônicas do Peru (Onamiap).
Após uma enxurrada de críticas, o ministro da Educação afirmou que as falas foram "distorcidas", segundo o jornal peruano El Comercio. "Rejeito enfaticamente a distorção das declarações que fiz no dia 10 de junho sobre os graves acontecimentos ocorridos desde 2010. A minha posição é clara e categórica: rejeito total e absolutamente qualquer forma de abuso e violência, especialmente contra meninos e meninas", disse.
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