Política

Zema e Caiado evitam se associar ao PL, partido de Bolsonaro, nas eleições municipais deste ano

De olho em 2026, os governadores vão enfrentar a sigla neste ano. Ratinho Jr. e Tarcísio optam por aliança mais discreta

Agência O Globo - 16/06/2024
 Zema e Caiado evitam se associar ao PL, partido de Bolsonaro, nas eleições municipais deste ano
Zema - Foto: Arquivo

Governadores que miram o espólio político do ex-presidente Jair Bolsonaro, de olho em se lançar à Presidência em 2026, planejam se esquivar das digitais do PL nas eleições municipais deste ano. O mineiro Romeu Zema (Novo) e o goiano Ronaldo Caiado (União) articulam candidaturas às prefeituras de Belo Horizonte e Goiânia, respectivamente, em confronto direto com o partido de Bolsonaro. Em São Paulo e no Paraná, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Ratinho Jr. (PSD) costuram composições sem o PL à frente.

Por apoio ao PL do Aborto, hackers derrubam site de Eduardo Bolsonaro e colocam tuíte antigo de Lula

Sumiço de bens avaliados em R$ 50 milhões e organização criminosa: veja acusações contra presidente do Solidariedade preso

Embora vistos como potenciais herdeiros do voto bolsonarista, nenhum dos quatro governadores é filiado ao PL. Zema e Tarcísio já foram pressionados pelo presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, a ter uma maior aproximação. Valdemar tem inclusive cobrado Tarcísio a se filiar ao PL, hipótese que já foi ventilada para Zema após sua reeleição em Minas Gerais em 2022. A estratégia do quarteto, por ora, é conciliar acenos ao bolsonarismo com uma imagem mais moderada, evitando uma adesão indiscriminada ao partido de Bolsonaro — que está inelegível até 2030.

Em uma amostra dessa postura, Zema nomeou na semana passada a deputada bolsonarista Alê Portela (PL) para compor seu secretariado, dias depois de exonerar Luísa Barreto (Novo) da Secretaria de Planejamento. Ela deixou o governo no prazo exigido pela Justiça Eleitoral para disputar as eleições deste ano, conforme frisado pelo próprio Zema. Barreto é pré-candidata à prefeitura de BH.

A cúpula nacional do PL ainda tenta convencer Zema a apoiar o pré-candidato lançado por Bolsonaro na capital mineira, o deputado estadual Bruno Engler (PL), mas admitem reservadamente que será difícil demovê-lo. Zema, segundo interlocutores, tem resistências a Engler por conta de votações na Assembleia Legislativa em que o bolsonarista contrariou o governo estadual, especialmente na área de Segurança.

— Interessa ao PL se aproximar do governador Zema para um projeto de país em 2026. Temos esse diálogo com o governador já na eleição municipal, mas também entendemos que não é possível atropelar as pré-candidaturas já colocadas — afirmou o presidente do PL em Minas, Domingos Sávio.

Planos distintos

Em Goiânia, Caiado ignorou o deputado bolsonarista Gustavo Gayer, pré-candidato do PL à prefeitura, e monta uma liança em torno do ex-deputado Sandro Mabel (União Brasil). Interlocutores de Caiado avaliam que Gayer representa a ala mais “radical” do PL, e que o governador busca se posicionar para eleger seu atual vice, Daniel Vilela (MDB), como sucessor no Executivo estadual em 2026.

O PL, que também planeja lançar um nome ao governo daqui a dois anos, aposta na polarização com o PT — que lançará a delegada Adriana Accorsi à prefeitura de Goiânia — para atrair o apoio de Caiado em um eventual segundo turno. Por ora, o apetite bolsonarista é visto com reticências pelo governador.

— O PL terá candidatos a prefeito em quase metade dos municípios de Goiás, e não abre mão de ser cabeça de chapa em Goiânia — afirmou o ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara, Major Vitor Hugo, que concorrerá a vereador na capital.

Em São Paulo e em Curitiba, a estratégia dos respectivos governadores, Tarcísio de Freitas e Ratinho Jr., foi de delegar ao PL o papel de vice nas chapas que apoiam. O governador do Paraná articula a candidatura do correligionário Eduardo Pimentel (PSD), e trabalha para que um aliado de longa data, o ex-deputado Paulo Eduardo Martins (PL), seja o indicado a vice-prefeito. O PL, contudo, não bateu o martelo sobre a aliança.

Tarcísio entrou na articulação para que o coronel da PM Ricardo Mello Araújo (PL) seja o vice do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). O movimento ganhou força após o coach bolsonarista Pablo Marçal, pré-candidato pelo PRTB, se articular pelo apoio de Bolsonaro e atrair apoio da militância bolsonarista.