Política
Indiciamento aumenta pressão em Juscelino, mas entorno de Lula não vê clima para demissão no momento
Ministro foi indicado pela bancada do União Brasil na Câmara e conta com apoio do partido, que divulgou nota em sua defesa após o indiciamento pela PF

O indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), por suspeitas de desvios de emendas parlamentares aumentou a pressão de alas do PT pela sua saída do governo. A avaliação no entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, é que sua demissão neste momento é improvável, uma vez que o petista não vive uma boa relação com o Congresso e a exoneração poderia resultar em mais desgaste com a sigla aliada.
Auxiliares do presidente consideram, portanto, que Lula mexeria num vespeiro ainda maior caso decida demitir Juscelino. O ministro foi indicado pela bancada do União Brasil na Câmara e conta com apoio do partido, que divulgou nota em sua defesa após o indiciamento pela Polícia Federal.
Lula tem acumulado derrotas em série entre parlamentares. Além de ter perdido vetos em seção do Congresso, há duas semanas, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) devolveu ontem ao Executivo uma Medida Provisória que limita crédito de PIS/Cofins para empresas após reação negativa entre parlamentares e empresários. Foi a primeira vez no atual mandato do presidente Lula que o Legislativo rejeitou uma medida provisória.
Outra avaliação feita por esses aliados do presidente é que, ao demitir Juscelino Filho motivado pelo indiciamento da PF, Lula poderia abrir um precedente que teria que ser aplicado a qualquer outro ministro que fosse implicado em investigações. O indiciamento pela PF, apontam interlocutores, é apenas uma etapa, e não representa uma declaração de culpa.
Lula cumpre agenda no Rio de Janeiro nesta quarta-feira e à tarde embarca para Suíça e depois irá para Itália. O presidente retorna à Brasília apenas no domingo. Auxiliares avaliam que o petista só deve conversar com o ministro após retornar da viagem.
Já entre integrantes do PT, a situação de Juscelino Filho no governo é vista como fragilizada e delicada após os apontamentos feitos pela Polícia Federal. Uma ala do partido já pressionava pela sua troca sob o argumento que, apesar de possuir três ministérios, entrega menos votos do que deveria aos projetos do governo.
Outra avaliação do grupo é de que o indiciamento de um ministro é algo constrangedor para o governo, mesmo se tratando de fatos que ocorreram antes de Filho assumir o ministério, quando ainda era deputado.
A PF indiciou Juscelino Filho por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva em um inquérito que investiga suspeitas de desvio de emendas parlamentares para pavimentação de ruas de Vitorino Freire, no interior do Maranhão. A cidade é comandada por sua irmã, Luanna Rezende, que chegou a ser afastada do cargo no ano passado, mas retomou o mandato após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). É a primeira vez que um integrante do primeiro escalão do atual mandato de Lula é indiciado.
Juscelino Filho disse nesta quarta-feira que o relatório final do inquérito é uma “ação política e previsível”. “A investigação, que deveria ser um instrumento para descobrir a verdade, parece ter se desviado de seu propósito original. Em vez disso, concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos. O indiciamento é uma ação política e previsível, que parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito”, afirmou, em nota.
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