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Ator de 'O dono do mundo' que havia desistido da atuação quer retomar carreira após 15 anos como vendedor: 'Tô focado', diz Jonathan Nogueira

Aos 45, artista conta que está mudando os rumos da vida para voltar a brilhar na TV: 'Sou operário da arte, o que mandar fazer eu faço. Me bota como o terceiro garçom da novela que eu vou'

Agência O Globo - 11/06/2024
Ator de 'O dono do mundo' que havia desistido da atuação quer retomar carreira após 15 anos como vendedor: 'Tô focado', diz Jonathan Nogueira
Ator de 'O dono do mundo' que havia desistido da atuação quer retomar carreira após 15 anos como vendedor: 'Tô focado', diz Jonathan Nogueira - Foto: Reprodução / internet

Todas as vezes que Paulinho entrava em cena em "O dono do mundo", a emoção falava mais alto no folhetim de Gilberto Braga — exibido originalmente em 1991 e recém-inserido no catálogo do Globoplay. Os conflitos do adolescente, que renegava o próprio pai após a morte da mãe, serviram de pano de fundo para a dura trama do personagem interpretado por Jonathan Nogueira. Atualmente com 45 anos, o ator, que na época da novela tinha 11, vem acompanhando seu trabalho com orgulho na plataforma de streaming.

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— Estou revendo tudo. Tem sido muito engraçado. Os cenários, as falas, me remetem a uma época muito gostosa da minha vida. Eu adorava bater texto com o Kadu (Moliterno) e a Gloria (Pires). A vida de artista é muito complicada. Quando estamos em um projeto, ficamos muito amigos daquelas pessoas. Daqui a pouco, a gente se desgarra. Eu não mantive amizade com eles, mas tenho muito carinho. É muito difícil criança manter amizade. Gostaria muito. Tenho um carinho muito grande por todos. Revendo a novela, a gente revive isso. Parece que foi ontem — revela Jonathan, que começou seu trabalho como ator quatro anos antes de "O dono do mundo", na novela "Hipertensão", em 1987.

Quando tinha apenas 5 anos, ele não desgrudava os olhos da TV ao assistir a "A gata comeu" (1985), febre também entre as crianças da época. Foi em uma gravação da trama na Urca, Zona Sul do Rio, que a mãe do então menino, Lúcia Nogueira, percebeu que tinha que investir para que o filho fosse ator.

— A primeira memória que eu tenho é de estar na frente da TV e falava com minha mãe que queria entrar na TV, estar ali dentro. Na época de "A gata comeu", assisti a uma gravação e eu invadi o set. Minha mãe percebeu que tinha uma coisa dentro de mim. Me pergunto até hoje de onde vem essa paixão, deve ser a magia da TV. Minha mãe mandou uma foto para o departamento de elenco da Globo e rolou de me chamarem de fazer um teste — conta Jonathan, que ainda fez "Vida nova" (1988) e "Tieta" (1989), antes do folhetim de Gilberto Braga.

Jonathan Nogueira desistiu da profissão de ator após falta de oportunidades de trabalho

Apesar de sua promissora carreira, Jonathan perdeu espaço e se viu com poucas oportunidades de papéis fixos na TV. Os trabalhos eram resumidos em participações especiais que não davam a segurança que desejava.

— Tive muitas dificuldades. Depois de "Anjo de mim" (1996), vivi um hiato na profissão. Os produtores e diretores falavam: "Nossa, tá bonito, mas o personagem não é muito seu perfil, você não é criança e nem é adulto". Eu era adolescente e não tinha muita coisa para essa faixa etária. Não tinha trabalho. Aí começou a minguar. Cheguei a fazer duas novelas no SBT, mas meu último trabalho fixo foi na Record ("Vidas opostas", em 2006). Aí minha filha (Pietra, hoje com 14 anos) nasceu. Quando você é pai, as coisas mudam de figura. Venho de uma família muito humilde. Nunca tive "cama elástica", como um trapezista que fica na guarda se alguém cai no chão; se eu caísse, eu batia no cimento. Quando você tem filho, isso se eleva à enésima potência — afirma o ator, que também é pai de Valentim, de 10 anos.

Ele completa:

— Não cheguei a ter depressão, nem ansiedade. Seria bem plausível eu chegar ao fundo de poço, mas o meu caminho foi diferente. Eu decidi por outra coisa. Bateu desespero e angústia, mas decidi trabalhar, tinha filha nascendo. Essa minha determinação me salvou. Tive amigos que ficaram em depressão e sofrem por isso.

A saída que Jonathan encontrou para seguir a vida e sustentar sua família foi entrar para o comércio. Desde 2009, ele vem trabalhando em importantes marcas de roupa.

— Eu tive que arregaçar as mangas, viver da arte é muito difícil. Percebi que só tava rolando participação e personagens pequenos, resolvi fazer outra coisa na vida porque batia na porta e ninguém estava me dando trabalho. Entrei para o comércio em 2009. Não sabia vender uma agulha, não sabia nada. Eu entrei numa loja pequena, logo em seguida me descobriram e virei vendedor de uma marca famosa. Trabalhei muito durante 15 anos. Eu sou muito grato ao varejo por tudo que me deu. Conheci pessoas incríveis e coisas bacanas. Eu era tímido, hoje vendo meu peixe — destaca.

As últimas semanas, no entanto, têm sido de transformação para Jonathan. Ele resolveu sair da empresa em que trabalhava para retomar sua carreira de ator. Voltar a se envolver com arte tem sido seu maior incentivo:

— Eu tenho mudado o rumo da vida. Tô muito focado nisso. Estou flutuando, meio perdido ainda. Recentemente, fiz uma participação numa websérie com a Maria Eduarda Carvalho, foi bem legal. Também fiz um comercial do Vasco. Tô procurando pessoas, fazendo material novo. Tô jogando para o universo! Queria muito trabalhar com a Amora Mautner, primeiro porque a acho muito boa diretora, e depois porque ela é pupila do Dennis (Carvalho), que me dirigiu em "O dono do mundo". Quero também estudar coisas que não pude fazer nesse período em que fiquei afastado da TV. Sou operário da arte, o que mandar fazer eu faço. Me bota como o terceiro garçom da novela que eu vou.

Aos 45 anos, além do desejo de voltar a atuar, o carioca vem se programando para se casar em 2025. Ele conheceu a advogada Natália Barzilai em 2016, e há dois anos eles vivem sob o mesmo teto:

— Hoje nos consideramos "namoridos". Eu sou muito feliz ao lado dela. Não sou muito da noitada. Às vezes, gosto de curtir uma farra, mas sou muito caseiro. Gosto de malhar além de pegar onda também.